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Muito se fala numa polarização das sociedades mundiais entre a esquerda e a direita. É um erro analítico. Categorias que já não carregam sentido continuam sendo usadas, assim como conceitos que, como “fantasmas”, atravessam o imaginário popular, cismam em permanecer, quando já deveriam ter sido abandonados.

 

A polarização que acontece no mundo e no Brasil agora se dá entre a extrema direita ou neofascismos, como preferem alguns, e democratas. A deterioração da ordem econômica com o advento do tecnofeudalimo, a precarização extrema das condições de trabalho, o derretimento do poder de compra dos salários, a monetarização das relações sociais e a marginalização de imensas parcelas da população criaram um caminho sem volta para grandes segmentos populacionais.

 

 

 

Em contraposição, no outro extremo da pirâmide social está uma concentração cada vez maior de poder político e financeiro, sob a tutela de pouquíssimas empresas. Empresas, aliás, que têm mais poder econômico e político do que diversos Estados nacionais.

 

No mercado de capitais americano as sete maiores empresas de tecnologia receberam a alcunha de as “sete magnificas” ou 7 MAG. São elas: Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla. Nesse admirável mundo novo, tais empresas e seus fundos de investimentos associados aceleram a dependência dos demais setores tradicionais da economia pela crescente necessidade e entrelaçamento com o mundo virtual.

 

Tais empresas só encontram rivais em alguns Estados nacionais que resistiram à desestruturação que se seguiu a partir dos anos 80 e que foram capazes de criar as suas próprias bigtechs. Poucos países se destacam nesse plano: a China, a Índia e o Japão e, mais recentemente, a Rússia, a partir do boicote da guerra da Ucrânia.

 

 

A falsa polarização entre esquerda e direita continua na cabeça de políticos, que a verbalizam às vezes por desconhecimento, ou quem sabe, para mascarar o seu engajamento no processo de aniquilação do Estado de direito, ou o que restou dele. No Brasil, o governo Lula dá mostra de ainda não ter entendido essa realidade. Continua apostando na fórmula crescimento econômico, mais farelos de distribuição de renda, para vencer a ofensiva antibolsonarista e agora da ultradireita.

 

Acena com negociações para o centro no Congresso, enquanto espera por uma arrancada mais forte na economia. Ainda que esta tenha andado bem em 2023, a tranquilidade social está distante. Quanto mais Lula cede, mais se vê cercado. Quanto mais afagos faz ao Congresso, mais perde capacidade de atender aos mais necessitados.

 

Nos Estados Unidos, Joe Biden sofre situação semelhante, ainda que lá, a economia impulsionada por duas guerras concomitantes e impulsos da inteligência artificial, empurre a Bolsa americana para recordes sucessivos.

 

Setores mais lúcidos da política norte-americana e brasileira agora se movimentam para unir esforços contra o inimigo comum. Deputados e senadores que integraram a CPMI do 8 de Janeiro foram convidados pelo Congresso dos Estados Unidos para participar, em 2 de maio, de evento voltado ao fortalecimento da democracia nos dois países.

 

A iniciativa partiu do deputado democrata Jamie Raskin, presidente do colegiado que apura o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio. Trata-se de criar um espaço de diálogo entre as autoridades responsáveis por investigar os dois episódios de ataque à ordem democrática. Além disso, pretendem ir além. Planejam também contatar a resistência democrática no Parlamento europeu, para unificar as lutas contra o neofascismo mundial. Será a vez de uma nova Internacional?



Comitiva brasileira

Depois da visita de parlamentares brasileiros à ultradireita norte-americana, é a vez dos parlamentares democratas que integram a CPMI de 8 de Janeiro se unirem aos deputados que também apuraram o assalto ao Capitólio. Do Brasil seguem, em 28 de abril, os deputados federais Rogério Correia (PT-MG), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Pastor Henrique (Psol-RJ) e Rafael Brito (MDB-AL), e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).


Segurança pública


Pré-candidatos às prefeituras de Belo Horizonte e de Maceió, Rogério Correia e Rafael Brito aproveitam a passagem por Washington, para visitar o sistema de segurança pública. Em 1º de maio, os parlamentares têm programado encontro com as centrais sindicais norte-americanas, antes da reunião, em 2 de maio, no Congresso dos Estados Unidos. “Vamos debater a tentativa de golpe e o momento seguinte, que é a tentativa de obstruir a Justiça para não ser punido, esse movimento com Elon Musk”, diz Rogério Correia. “É a continuidade do processo golpista”, acrescenta.

 

 

Ecocídio

“A derrota trazida pelo marco temporal não é derrota somente para nós, indígenas. É para o Estado brasileiro", criticou a deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) nesta terça-feira, em sessão solene na Câmara dos Deputados que, por iniciativa da parlamentar, homenageou a 20ª edição do Acampamento Terra Livre. Organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a mobilização teve o lema “Nosso marco é ancestral, sempre estivemos aqui”. Célia Xacriabá assinalou: “Se fosse tipificado crime de ecocídio, a aprovação do marco temporal seria considerada crime climático. A não demarcação dos territórios indígenas coloca em risco a vida de cada um de nós”.


Mulheres indígenas

Além da derrubada do marco temporal, Célia Xakriabá reivindica urgência para a aprovação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PL 4347/21). O projeto de lei de combate à violência contra as mulheres indígenas (PL 2975/23), que está em discussão no Senado, e a regulação da categoria de agentes indígenas de saúde e de saneamento básico (PL 3514/19). “Não queremos mais leis que matem nossos indígenas. Queremos leis que protejam nossos direitos”, afirma a deputada indígena.


Entre poderes


Antônio Fabrício de Matos Gonçalves, ex-presidente da seccional de Minas Gerais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), integra a lista tríplice de advogados, encaminhada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) ao presidente Lula, para o preenchimento da vaga aberta pela aposentadoria do ministro Emmanoel Pereira. Tem o apoio de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso Nacional. Concorre com ele o advogado Adriano Costa Avelino, ligado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Entre o mar e o rochedo, está a advogada sergipana Roseline Rabelo de Jesus Morais, que também integra a lista.


Transplantados

 

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais debate nesta quarta-feira a falta de medicamentos para pacientes transplantados – os imunossupressores – e a demora para análise dos processos de demanda por esses remédios. A reunião foi solicitada pelo deputado Arlen Santiago (Avante). Em Minas Gerais, os pacientes recebiam as primeiras caixas desses remédios, que evitam a rejeitam dos órgãos transplantados, antes de deixar o hospital. Mas desde maio de 2023, as regras foram alteradas pela Secretaria de Estado de Saúde. Agora, é necessário agendar um horário para a entrega de documentos, que precisam ser analisados e, se aprovados, é necessário ainda marcar a sua retirada em postos do Farmácia de Minas.