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Estado de Minas DIVERSIFICA

Diversidade, inclusão e zumbis: 'The Last of Us' lacra e lucra

Série bate recordes de audiência com elenco diverso; dois episódios são focados em relações LGBTQIAP+ e um episódio destaca uma criança negra e surda


21/03/2023 10:00 - atualizado 21/03/2023 08:11
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Foto de divulgação de The Last of Us. Os personagens Joel e Ellie estão andando em direção a uma cidade abandonada e olham para trás
Joel e Ellie (foto: HBO/Divulgação)

Pessoas LGBTQIAP+, negras, latinas e com deficiência são maioria entre os personagens de The Last of Us, série da HBO Max que foi o grande destaque da temporada de lançamentos do primeiro trimestre deste ano. A aposta em diversidade no elenco e inclusão na abordagem deu certo: a série se tornou um fenômeno em todo o mundo e deu à HBO as maiores audiências de sua história na Europa e América Latina.

The Last of Us é uma série lançada no streaming e TV, baseada em uma franquia de videogames. Os protagonistas são a adolescente lésbica Ellie (Bella Ramsey) e um homem latino de 56 anos chamado Joel (Pedro Pascal). Juntos, precisam lutar por sobrevivência, pois quase todos os habitantes da Terra foram infectados pelo fungo Cordyceps, que os transforma em um tipo de zumbi extremamente sanguinário. Há outros sobreviventes, inclusive uma espécie de milícia chamada Vaga-Lumes, que também representa risco para a vida dos protagonistas.

São nove episódios na primeira temporada, que teve o último exibido em 12 de março. Alguns episódios, entretanto, focam em outros personagens. O episódio 3, intitulado "Por Muito, Muito Tempo", foi aclamado pela crítica, trouxe grande repercussão com a audiência e atraiu haters ao focar na história do casal gay Bill (Nick Offerman) e Frank, interpretado por Murray Bartlett, que é um homem gay, assim como o personagem. O episódio traz discussões importantes e duras, com muita poesia e emoção. Não vou dar spoiler, mas adianto que vale muito a pena assistir.

Os personagens Bill e Frank dão as mãos em um jantar à luz de velas
Bill e Frank têm história forte no episódio 3 (foto: HBO/Reprodução)

A preocupação em ter representatividade genuína também levou à feliz escalação do jovem ator negro e surdo Keivonn Woodard para interpretar Sam, que protagoniza o episódio 5, "Resistir e Sobreviver”, ao lado de seu irmão Henry (Lamar Johnson). Os dois usam a ASL, língua de sinais americana, em longos diálogos. É muito sensível a maneira como uma família atípica, formada apenas pelos irmãos, é retratada no episódio. É também um ótimo exemplo sobre como pessoas surdas podem protagonizar narrativas audiovisuais. Não me recordo de ver uma pessoa surda se comunicando em LIBRAS em longos diálogos em uma obra brasileira direcionada a grandes audiências.

Os personagens Sam e Henry estão no escuro olhando um para o outro e conversam em língua de sinais
Sam e Henry conversam em língua de sinais (foto: HBO/Reprodução)

O episódio 7, "O Que Deixamos Para Trás", foca no romance da protagonista Ellie com a jovem Riley (Storm Reid) e há um bonito beijo entre as duas, mostrando a inocência da descoberta do amor na adolescência. A história do amor lésbico é outra narrativa muito sensível e bonita em meio ao caos da série, dando ainda mais consistência ao posicionamento direcionado à representatividade.
 
Ellie e Riley estão olhando uma para a outra em um carrossel
O amor adolescente de Ellie e Riley também faz parte da história (foto: HBO/Reprodução)
 

A intencionalidade em fazer uma série diversa e inclusiva foi muito bem combinada com a ação, drama e sustos que uma série apocalíptica deve trazer. Os haters ainda reclamam e equivocadamente bradam que “quem lacra não lucra”, mas essa série, com seus recordes de audiência, é apenas mais um dos inúmeros exemplos de que quem foca em diversidade e inclusão está lacrando, lucrando e educando muito bem. 

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Quer conversar mais sobre o tema? Eu sou o Léo Drummond, diretor da Diversifica, e falo sobre diversidade, inclusão e pessoas LGBTQIAP na sociedade e no mercado de trabalho.

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