A bola da vez é o termo empatia. Do grego empátheia, ele diz respeito à habilidade de se colocar no lugar do outro. Ter empatia, obviamente, é uma obrigação moral, ética. Ninguém deveria ser parabenizado por isso. Mas, convenhamos, já deu, né? Qualquer ser humano dotado de mínimo poder crítico já se enfarou da tal da empatia.Qualquer ser humano dotado de mínimo poder crítico já se enfarou da tal da empatia
Se afirmo que discordo da nudez e da vulgaridade de alguns militantes de causas LGBTs (devo ter esquecido alguma letra nessa sigla, aposto), sou acusada de não ter empatia. Ora, logo eu, que sou rodeada por gays. Os meus três melhores amigos são homens, veados (eles mesmos se chamam assim, que fique claro) e afeminadíssimos. E ai de quem os ofender na minha frente. Compro a briga deles na hora. Quer empatia maior?
Ah! Quando digo que determinadas roupas não caem bem para mulheres gordas, sou também acusada de não ter empatia. Aliás, sou taxada de “gordofóbica”. Quanta hipocrisia... Assim como algumas roupas não favorecem mulheres gordas, outras vestimentas não beneficiam mulheres magras. Simples assim. E essa história de que basta a pessoa se sentir bem com o que veste é pura balela. Na vida real, todos somos avaliados pelo modo como nos apresentamos à sociedade. Aliás, pior ainda é o acusador, que utiliza o vocábulo empatia como escudo e espada, diuturnamente. Cadê a empatia pela opinião, pela vivência alheia, gente?
O mais paradoxal nisso tudo: a “liga dos empáticos” é justamente a primeira a difamar, a atormentar e a “cancelar” as pessoas na internet. Com o poder que conferiram a si mesmos, os unidos integrantes desse grupo são capazes de destruir a reputação e a vida de quem não concorda com eles. Da noite para o dia, uma simples opinião, sem nenhum objetivo ofensivo, torna-se o estopim para uma guerra cibernética que pode ser fatal. Na realidade, estamos chegando a um outro nível de cancelamento: o da liberdade de expressão. Quanta empatia!