Daqui a três dias, será ano novo. Ou será ano-novo? Vixe... E existe diferença? Existe sim, incauto leitor. Ano novo diz respeito ao ano vindouro, ao ano que começará, ao passo que ano-novo faz referência apenas à meia-noite, à comemoração. Ou seja: se desejo a alguém um 2021 feliz, preciso me abster do hífen (Feliz ano novo!); todavia, se tenciono que essa pessoa tenha uma virada de ano feliz, emprego o hífen (Feliz ano-novo!).
E por que isso ocorre? Em ano novo, temos o substantivo ano e o adjetivo novo, simples assim. Seria o oposto de ano velho. Em ano-novo, contudo, temos a formação de um novo significado oriundo da união das palavras ano e novo. Daí a necessidade do hífen para “marcar” essa mudança. Mas essa regra não vale para todas as palavras, leitor. Nos compostos em que ocorre a presença de conectivos, o que acabei de dizer cai por terra. Pé de moleque, por exemplo, perdeu o hífen após a reforma ortográfica. Fazer o quê? Talvez seja melhor decorar a escrita das palavras do que entender as regras.
Falemos agora do vocábulo réveillon. Do francês réveiller, significa despertar, acordar. Essa palavra surgiu, no século 17, para designar eventos realizados pelos nobres da França. Mas, para ser réveillon, havia regras: além de chique, a festança deveria passar da meia-noite e anteceder alguma data importante. Todavia, com o decorrer dos anos, a quantidade de réveillons foi se tornando tão escassa que passou a ser realizada apenas no ano-novo mesmo. E cá estamos.
No fim das contas, leitor, a verdade é que desejamos, aos que amamos, excelentes ano-novo e ano novo. O sentimento sempre foi esse... Talvez você só não soubesse a diferença linguística. Quanto a mim, agradeço pela companhia, pelo carinho e pela confiança nas minhas palavras. Que tenhamos um feliz ano-novo! E que 2021 seja, de fato, um ano novo.
Muito obrigada!
Cíntia Chagas,
Beijos!