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Estado de Minas DOENÇAS DE PELE

A importância da valorização da autoimagem para sua saúde

As doenças de pele podem alterar aspectos como a sexualidade, o desempenho de tarefas ou podem até mesmo levar à incapacidade para o trabalho ou escola


09/03/2023 06:00 - atualizado 06/03/2023 10:47
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Um gato de frente para um leão
(foto: Gerd Altmann/Pixabay)

A baixa mortalidade e característica crônica das doenças de pele ajudam a subestimar a relevância desses acometimentos na saúde pública. Porém, sua frequência é tão alta que foi determinado que entre 21% e 87% da população pode sofrer de algum tipo de doença de pele. Elas constituem um quarto das consultas na atenção primária à saúde devido ao seu significativo comprometimento físico e psicológico. No âmbito psicológico, a autoimagem é um elemento essencial na estrutura da personalidade e afeta não apenas a saúde mental, mas também nossas atitudes ao nos relacionarmos com a sociedade. Por essa razão, a autoimagem é preditiva de satisfação geral e, portanto, tem um efeito importante na qualidade de vida do ser humano.

Cientistas que se dedicam ao estudo da importância da aparência para nossa saúde relatam que uma autoimagem favorável leva a emoções positivas, enquanto uma autoimagem desfavorável leva à ansiedade, medo, raiva, depressão e desajuste social. Além disso, já foi comprovada a importância da aparência da pele para o ser humano de forma quantitativa. Trabalhos mostraram que até 50% dos pacientes com eczema ou 49% dos pacientes com psoríase estariam dispostos a empregar duas ou mais horas por dia em seu tratamento se isso lhes permitisse ter uma pele normal durante o resto do dia.
 

No campo da dermatologia, a busca por uma melhor qualidade de vida, expressa em termos de uma melhor percepção da pele ou na melhoria da imagem que projetamos para os outros, tornou-se mais evidente nos últimos anos, tanto em mulheres quanto em homens. As doenças de pele também podem alterar aspectos muito relevantes como a sexualidade, o desempenho de determinadas tarefas ou podem até mesmo levar à incapacidade para o trabalho ou escola. Entre as doenças de pele que mais afetam a autoimagem e a qualidade de vida (incluindo aquelas relacionadas às áreas visíveis da pele), estão acne vulgar, vitiligo, queda de cabelo, e também aquelas que podem afetar todo o corpo e são acompanhadas de sintomas de coceira ou queimação, como psoríase ou dermatite atópica.
 

Um estudo transversal e não intervencionista foi realizado em 7 cidades principais e 34 cidades menores na Colômbia com 1896 participantes. Os participantes responderam um questionário do tipo Skindex-29 sobre qualidade de vida. Os participantes incluíam pessoas com mais de 18 anos, ambos os sexos e portadores de diferentes doenças de pele. A versão colombiana do questionário Skindex-29 contém 29 itens consecutivos e, como instrumento original, abrange 3 domínios: sintomas, emoções e funcionalidade. Cada item é avaliado em uma escala de 5 pontos (nunca, raramente, às vezes, frequentemente, sempre), e pontuações mais altas refletem maior comprometimento da qualidade de vida. O instrumento foi monitorado em cada instituição de saúde, clínica ou consultório por um dermatologista certificado, responsável pela verificação da completitude dos dados.

Como resultado, psoríase, dermatite de contato, dermatite atópica, urticária , distúrbios capilares, hanseníase, cicatrizes, hiperidrose e papilomavírus humano genital estão entre as doenças de pele que têm maior impacto na qualidade de vida. Além disso, mesmo a lesão cutânea mais localizada ou assintomática pode levar a uma interrupção em algum nível de bem-estar do paciente. Tais achados estão de acordo com estudos anteriores e com outros em que alguns desses distúrbios cutâneos (nomeadamente psoríase, dermatite atópica) são percebidos pelos pacientes como igualmente preocupantes como portadores de hipertensão, diabetes, asma, fibrose cística ou depressão.

A duração da doença de pele na maioria dos participantes foi superior a 1 ano, fato que poderia explicar os maiores escores de Skindex-29, principalmente em pacientes com doenças cutâneas crônicas. Esse resultado é consistente com relatos anteriores que demonstraram que a qualidade de vida é mais prejudicada na doença de longa duração.

É importante ressaltar também que além da duração da doença de pele, sua natureza inflamatória e sua localização (por exemplo, áreas expostas) impactaram os escores de qualidade de vida dos participantes, um achado relatado em outros países e que também está de acordo com a prática clínica. Da mesma forma, ter ou não tratamento leva a diferenças significativas nos escores do Skindex-29, resultado que também concorda com a prática dermatológica.

Em conclusão, estudos como este reforçam pesquisas anteriores sobre a carga de doenças de pele na qualidade de vida e adicionam dados científicos bem fundamentados às autoridades de saúde. Tal contribuição ganha importância em países onde o sistema de saúde têm interpretado erroneamente os distúrbios cutâneos (infelizmente com poucas exceções) como de origem ''cosmética'' ao invés de serem um distúrbio orgânico que poderia afetar a socialização do indivíduo, sua saúde física e mental, seu bem-estar e sua satisfação.

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