Mais tarde, os judeus começaram a festejar a Páscoa. Lembravam, com sacrifícios, a saída do povo de Israel do Egito. Era a passagem da escravidão para a liberdade. Em 325, os cristãos instituíram a Páscoa. Com ela, exaltam a ressurreição de Cristo – a passagem da morte para a vida.
A Páscoa tem símbolos. Um deles: o círio pascal. Trata-se de uma vela onde estão inscritas a primeira e a última letra do alfabeto grego – alfa e ômega. A mensagem: Cristo é o princípio e o fim. Ao mesmo tempo, luz.
O outro é o coelho com o ovo. “Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim – um ovo, dois ovos, três ovos, assim”, canta a meninada lambuzada de chocolate. Cá entre nós: o que o ovo tem a ver com a Páscoa, e a Páscoa com o coelho? No duro, no duro, nada. A relação é simbólica. O ovo representa o nascimento e a ressurreição. O coelho, a fertilidade. Gera coelhinhos pra dar, vender e emprestar.
Dizem que Simão, que ajudou Jesus a carregar a cruz até o Calvário, era vendedor de ovos. Depois da crucificação, ops! Milagre! Os ovos se cobriram de cores. São os mesmos que as crianças buscam nos mais diferentes esconderijos.
Páscoa sem ovo? Nem pensar. Todos os anos o coelhinho deixa um no ninho da gente. Às vezes, ele perde o endereço de uma ou outra pessoa. Fica triiiiiiiiiiiiiiste. Pra se alegrar, come um chocolatinho. Ele nem sabe que a palavra chocolate veio do México. Os astecas deram esse nome à bebida feita de cacau.
A religião fala em morte vicária. A língua, em termo vicário. Ambos têm um ponto comum – a substituição. A morte de Cristo evitou a dos homens. O termo vicário toma o lugar de outro já citado. Viva! Evita repetições.
Escrever a mesma palavra, pertinho uma da outra? Nãooooooo! A frase fica monótona. O vicarinho quebra o galho. É o caso do pronome pessoal de terceira pessoa. Ele e ela fazem as vezes de um nome referido. Veja: Muitas pessoas têm triplo expediente. É o caso de Maria. Ela trabalha das 8h às 18h. Depois, estuda.
Há gente sem caráter. E verbos também. O campeão da turma é fazer. Num piscar de olhos, lá está ele em lugar de outro: Planejei entregar o trabalho antes do feriadão. Depois de muito esforço, consegui fazê-lo (consegui entregar).
A frase jocosa atribuída a Jânio Quadros entrou no folclore político. Lembra-se? Nela, o bigodudo da vassourinha recorreu ao vicário:
Manobra feliz fez que todos lhe apoiassem a proposta. Manobra feliz fez com que todos lhe apoiassem a proposta. Fez que ou fez com que é a minha dúvida.