Você já ouviu falar de "expectativa de vida saudável"? Esse é um conceito novo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) introduziu para estimar a longevidade saudável, ou seja, o número de anos que uma pessoa poderia viver em plena saúde. A meta é viver mais e melhor.
O avanço da medicina e o aumento do acesso à informação são, sem dúvidas, pontos importantes para o aumento da expectativa de vida. Mas será que só isso é suficiente para envelhecer de forma saudável? A resposta é não!
Pode parecer "conversa de médico", mas a verdade é que está cada vez mais evidente o quanto o estilo de vida que adotamos é determinante para a forma como envelhecemos. Vários estudos demonstram que a influência da tão falada genética é muito menor do que os hábitos de vida, inclusive em doenças tão temidas, como as demências, especialmente Alzheimer.
Você pensa em como será o seu envelhecimento e a respeito da sua participação no envelhecimento dos seus familiares queridos? Uma pessoa ativa, independente, capaz de caminhar, pagar contas, brincar com os netos ou necessitando de dispositivos de ajuda como cadeira de rodas, andador, oxigênio, com dificuldades para fazer atividades diárias sozinha como, por exemplo, tomar banho, comer ou se vestir?
O meu trabalho é fazer com que cada paciente chegue à "melhor idade" com integridade e que seja capaz de desfrutar dessa fase da vida com qualidade. Alguns colegas defendem a atuação médica como "especialista em longevidade e vida saudável", mas não é essa a função do médico? Esse desafio não depende apenas da equipe de saúde ou dos medicamentos disponíveis - a expectativa de vida saudável é o reflexo das suas escolhas e dos seus hábitos, é a sua parte do combinado de saúde.
A deterioração fisiológica faz parte do envelhecimento, porém quem tem reservas para perder sofre menos. Podemos falar de uma espécie de poupança de saúde que aumenta a cada alimentação saudável, a cada noite bem dormida, a cada treino ou esporte praticado. Não venha com aquela história que "isso é da idade" ou "coisas do envelhecimento". Essa não pode ser a desculpa para você não mudar o estilo de vida - isso sim é o que causa maior impacto na qualidade de vida.
É muito importante avaliar a sua alimentação, realizar atividade física apropriada, reduzir o consumo de álcool e parar de fumar (ou nem começar). De acordo com a OMS, as pessoas desta faixa etária devem fazer pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica de intensidade moderada ou 75 minutos de atividades de alta intensidade, também sendo possível combinar os dois tipos de exercícios para chegar a uma média mínima dentro desses parâmetros.
Existem diversas maneiras para acumular o total de 150 minutos de atividade física durante a semana. Contudo, para ter o efeito desejado na manutenção da saúde, a atividade aeróbica não deve ser dividida em períodos de menos de 10 minutos de duração. Uma opção bastante eficaz é praticar 30 minutos de atividade física distribuídos por cinco dias da semana, por exemplo.
Para os que alcançam uma idade avançada, a função cardiovascular reduzida, a redução da força muscular e flexibilidade, bem como noites de sono ruins estão relacionadas diretamente às dificuldades futuras, especialmente no que diz respeito à autonomia, independência e liberdade.
O bom funcionamento do corpo e da mente permite a relação social, as novas experiências, as atividades simples, como se alimentar, mas também de descobrir esse mundão de oportunidades de ser feliz. Envelhecer é conquistar cada dia mais sabedoria, é avançar no entendimento próprio e multiplicar isso para o mundo. Felicidade e conhecimento são coisas que, ao se dividir, o resultado é multiplicado.