A Anvisa aprovou, em junho passado, uma nova droga injetável, o inclisiran,do laboratório Novartis, no tratamento do colesterol ruim, prometendo ser a grande revolução contra as doenças cardiovasculares, associado ou não às estatinas ou a ezetimiba, já nossos conhecidos.
A grande novidade é que a administração é por injeção subcutânea, utilizada apenas duas vezes por ano (isso mesmo), tendo como seu objetivo maior a redução do LDL colesterol, o chamado colesterol ruim, que causa derrame (AVC isquêmico) e infarto.
É do nosso conhecimento que a principal causa de morte no mundo e no Brasil são as doenças cardiovasculares representadas pelo colesterol elevado e a hipertensão arterial, seus principais causadores.
A indicação principal é para os chamados pacientes em prevenção secundária (pacientes que já tiveram eventos como infarto ou derrame) e os de muito alto risco cardiovascular, já que esses pacientes estão em maior risco de novos eventos e precisam ter um LDL, o colesterol ruim, mais baixo, pelas diretrizes mundiais. Nesses pacientes, a meta é manter o LDL abaixo de 50mg/dl. O inclisiran deverá ser comercializado no Brasil provavelmente a partir de dezembro deste ano.
O mecanismo de ação do inclisiran funciona a partir do bloqueio de uma proteína chamada PCSK9, que é responsável por degradar os receptores que captam o LDL (colesterol ruim) do sangue e os leva para dentro do fígado para ser eliminado. Sendo assim, ao bloquear essa enzima, o paciente tem mais condições de se livrar do colesterol ruim, evitando que ele se acumule nas artérias, causando os eventos cardiovasculares.
O medicamento é indicado tanto para pacientes em prevenção secundária, quanto para os adultos portadores de hipercolesterolemia primária (base genética) e dislipidemia mista (colesterol e triglicérides elevados).
O que chama a atenção para nós, médicos, é que com duas aplicações anuais, é possível reduzir, em média, 52% dos níveis de colesterol ruim (LDL). Esses achados foram evidenciados na série de estudos ORION, que demonstraram não só a eficiência, como também a segurança dessa medicação.
Essa droga se mostrou muito mais eficaz que as estatinas em baixar o colesterol. Outro grande benefício é que sendo injetável duas vezes ao ano, isso reduz a possibilidade de o paciente abandonar o tratamento, além de não existir a necessidade da passagem pelo estômago, reduzindo, assim, a possibilidade de efeitos indesejáveis, já que o efeito ocorre diretamente no fígado.
Por último, já temos o nome da droga, que se chamará Sybrava. n