Há mais de um ano, eu venho aqui semanalmente falar sobre a importância da educação financeira. E hoje, na semana em que a gente celebrou mais um Dia Internacional da Mulher, eu quero falar sobre isso sob uma perspectiva muito importante e pouco debatida: para as mulheres, o tema finanças é ainda mais determinante!
Não é segredo pra ninguém que falar sobre dinheiro é um grande tabu. E quando a gente olha para o comportamento do público feminino, isso se torna ainda mais agravante. Dados estatísticos comprovam o quanto as finanças têm impactos significativos na vida delas e por que dinheiro precisa ser, sempre e cada vez mais, coisa de mulher!
Você sabia, por exemplo, que mulheres tiveram direito de ter sua própria conta bancária somente na década de 60 e que, até essa época, mulheres casadas precisavam da autorização do marido para trabalhar fora? É alarmante e se engana quem pensa que isso é coisa do passado — você vai ver ao longo do conteúdo de hoje.
Eu te garanto: você vai ficar muito impactado com o que eu vou mostrar.
A relação entre mulheres e finanças em dados
De acordo com um estudo do Banco de Investimentos Merrill Lynch, 61% das mulheres preferem falar sobre a própria morte do que sobre dinheiro. O dado é alarmante e mostra que finanças, para o público feminino, é um tabu ainda maior do que um dos maiores tabus da sociedade.
Eu não preciso ir muito longe para ter certeza de que esse dado é real. Na verdade, eu não preciso ir a lugar algum! Eu sou uma dessas mulheres que têm dificuldades de falar sobre finanças. Mas, essa situação tem melhorado e os meus conhecimentos em educação financeira, que eu compartilho com você semanalmente por aqui, tem me ajudado a quebrar esse ciclo.
No meu círculo de amigas isso é nítido, e tenho certeza que no seu também. A gente fala de trabalho, de relações amorosas, de família e até de sexo. Mas, quando o assunto chega no tema dinheiro, rapidinho dá-se um jeito de mudar o tópico da conversa.
E sabe qual é o maior problema disso? Para as mulheres, as finanças vão muito além de dinheiro. O equilíbrio na vida financeira para elas é sinônimo de empoderamento, autonomia, liberdade, independência, qualidade de vida e segurança. E deixar de falar sobre isso é perder a oportunidade de criar um ambiente seguro para desenvolver todas essas coisas.
Mais uma vez, vou recorrer às estatísticas para deixar claro o que estou querendo dizer. Um estudo realizado pelo Datafolha, a pedido do C6 Bank, mostrou que 24% das mulheres já foram agredidas verbalmente ou humilhadas em temas ligados às finanças. Eu tenho certeza que você conhece alguém que faz parte dessa estatística — caso você mesma não seja essa pessoa.
E esse tipo de violência, assim como as demais sofridas pelas mulheres, foi agravado pela pandemia e pelo isolamento social imposto por ela. Segundo o mesmo estudo mencionado acima, o número de casos de violência patrimonial no Brasil aumentou em 47% desde o início da pandemia. Esse número se torna ainda mais preocupante se pensarmos que os casos desse tipo de violência são subnotificados, porque a maioria das vítimas não denunciam os agressores.
Consegue perceber a gravidade de nós, mulheres, não falarmos sobre dinheiro e a importância da educação financeira para a nossa vida?
A desigualdade de gênero como agravante
Vamos acrescentar a esse bolo de problemas e dados estatísticos impactantes um ingrediente muito relevante: a desigualdade de gênero. Você sabia, por exemplo, que mais da metade das mulheres brasileiras estão fora do mercado de trabalho? Sim, claro, as altíssimas taxas de desemprego estão diretamente relacionadas a esse número. Mas o quanto isso tem a ver com o simples fato de elas serem mulheres, uma vez que o número de homens no mercado de trabalho é 26,5% maior?
Afinal, mulheres deixam seus empregos para cuidar dos filhos. Mulheres são rejeitadas ou discriminadas pelo mundo corporativo. Mulheres são demitidas assim que retornam da licença maternidade. Mulheres abrem mão de sua renda, porque a renda do companheiro é maior e as despesas assumidas pelo fato de ela trabalhar fora não compensam a receita alcançada.
Quer dados para comprovar? De acordo com o IBGE, mulheres ganham 20,5% a menos do que os homens que exercem a mesma função. E mais: um estudo realizado pelo LinkedIn em 2019 mostrou que só 3% dos cargos de liderança nas empresas brasileiras são ocupados por mulheres. E um levantamento realizado pela Catho evidenciou que mulheres em posição de liderança ganham, em média, 23% a menos do que homens no mesmo cargo.
E a situação fica ainda mais agravante se adicionarmos outras variáveis nessa equação, como as questões relacionadas à raça ou orientação sexual. Segundo o Instituto Insper, um homem branco chega a receber 159% a mais que uma mulher negra com a mesma formação.
O que você sente ao ter acesso a esses dados? Eu experiencio um misto de sensações — que passam por repulsa, náusea e revolta —, mas a que grita mais alto dentro de mim é a vontade de contribuir para reverter esse cenário. E é exatamente isso que eu procuro fazer por meio deste canal.
A educação financeira como aliada das mulheres
Pode ser que eu seja repetitiva ao bater na tecla de que educação financeira é o caminho. Mas, essa é uma verdade que eu pretendo repetir quantas vezes forem necessárias. Buscar alternativas para lidar melhor com as finanças é uma medida urgente e essencial para as mulheres, que vêem no equilíbrio financeiro uma oportunidade para garantir mais autonomia, liberdade e segurança.
E uma máxima que vale para várias áreas da vida também é muito útil aqui: evite comparações. Cada um tem sua realidade, suas dificuldades e seus jeitos de lidar com as coisas. O importante é achar um caminho que faça sentido para você e que seja uma libertação na sua vida, e não mais uma coisa pela qual você vai se cobrar e se sentir presa.
Diferentemente do que dizem por aí, dinheiro não só é como precisa ser, sempre e cada vez mais, coisa de mulher!