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Estado de Minas PEDRO LOBATO

Inflação cai, PIB cresce: dados nos autorizam a esperar boas surpresas

A desaceleração das economias desenvolvidas leva economistas a prever dificuldades para o Brasil em 2023, mas com impacto menor que o esperado


30/08/2022 04:00 - atualizado 08/09/2022 09:44

Jerome Powell, chefe do Federal Reserve(Fed)
Jerome Powell, chefe do Fed, deixou claro que os juros vão continuar subindo nos EUA até que a inflação volte ao teto de 2% ao ano (foto: Mandel Ngan/AFP)

 Durou pouco a euforia que há duas semanas havia tomado conta do maior mercado financeiro do mundo, em Nova York. O motor do breve entusiasmo daqueles dias foi a divulgação oficial de que a economia americana entrara em recessão técnica, ao recuar pelo segundo trimestre consecutivo. Essa má notícia foi interpretada como um sinal de que o Fed (o banco central dos americanos) não teria mais razão para aumentar os juros no combate à inflação.

Ledo engano. Na sexta-feira, Jerome Powell, chefe da autoridade monetária dos Estados Unidos, deixou claro que os juros vão continuar subindo até que a inflação volte ao teto de 2% ao ano. Como a inflação anual americana escapou para mais de 8% – a mais alta em 40 anos –, o ciclo de política monetária apertada não tem prazo para acabar.

Isso significa uma mudança de foco: o Fed demonstra estar convencido de que, hoje, a inflação americana deixou de ser provocada pela falta de suprimentos à indústria, causada pela pandemia, passando essa responsabilidade para a intensa recriação de empregos.

Em economês, em vez de um choque de oferta, a economia local estaria sofrendo um choque de demanda. Daí a necessidade de inibir a pressão de compras, encarecendo o crédito. Assim, ao contrário do que esperava o mercado, a próxima reunião do Fed, em setembro, deve voltar a aumentar os juros em 0,5 ou 0,75 ponto percentual.

O temor – justificado – nos Estados Unidos é quanto à profundidade e à duração da recessão econômica que o aumento do custo do dinheiro (alta dos juros) vai provocar. O próprio Powell não dourou a pílula e admitiu que a tarefa de reduzir a inflação trará “custos infelizes”, com o abrandamento do mercado de trabalho e dor às famílias e empresas americanas.

Ele não disse, mas esse é o preço que a sociedade vai pagar pela demora do próprio Powell e do Fed em reconhecer que o atual processo inflacionário surgiu no rastro das paralisações da economia no combate à pandemia. E, principalmente, que não se tratava de fenômeno passageiro.

Por igual motivo, está ameaçada toda a área do euro, a moeda única da União Europeia. O Banco Central Europeu (BCE) foi dos últimos a se convencer da realidade inflacionária que vem corroendo o valor das moedas em todo o mundo.

FATOR UCRÂNIA
Depois de meses de postergação, somente na semana passada Christine Lagarde, a presidente da autoridade monetária do bloco, anunciou a primeira elevação real das taxas de juros dos últimos oitos anos. Até então, as taxas eram negativas, com elevações pequenas o bastante para manter os juros básicos abaixo de zero. Agora, passaram de -0,50% para zero, com viés de alta.

Afetada pelos reflexos da guerra na Ucrânia, que elevou o preço dos alimentos e, principalmente, o dos combustíveis, boa parte dos países europeus terá perdas de safras em razão da longa estiagem deste verão. Além disso, a crise energética tem provocado queda na produção industrial em países como a Alemanha, maior economia do continente.

As autoridades da União Europeia não preveem recessão econômica para o bloco, mas, desde março (segundo mês da guerra), vêm revendo suas projeções de crescimento econômico. Em janeiro, com o fim da pandemia, reviram a previsão de expansão de 4,2% e, no momento, não esperam mais do que 2,6%. Essa taxa pode ser ainda mais baixa se a guerra se agravar e o próximo inverno for muito rigoroso.

Não é o que ocorre no Brasil, onde o Banco Central agiu a tempo e contou com apoio político para endurecer sua política de combate à inflação, mesmo em ano eleitoral. A população já sabe, a esta altura, que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor  Amplo (IPCA) vem caindo desde março, quando registrou alta de 1,62% e era voz corrente que a taxa anual poderia chegar a 12%. Depois da deflação em julho e em agosto, a média das taxas projetadas para o fim do ano está abaixo dos 7%.

PIB ACIMA DE 2%
Ontem, o Boletim Focus do Banco Central, que resume as projeções de 100 agentes do setor privado, fez mais uma revisão da taxa de crescimento do PIB esperada para 2022. Desta vez, a elevação foi para 2,10%. Em janeiro, essa previsão era de apenas 0,3%, ou seja, sete vezes menor. O mesmo boletim havia previsto, em junho, que a inflação fecharia 2022 em pelo menos 9% e, ontem, rebaixou de novo essa expectativa, agora para 6,7%.

Depois de amanhã, quinta-feira, será a vez da divulgação oficial do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. É praticamente certa a confirmação de que a economia brasileira continua crescendo e criando empregos formais e informais.

A inversão dessas duas curvas – a da inflação para baixo e a do PIB para cima – chega a ser intrigante, não apenas por derrubar todas as previsões negativas feitas no início do ano por economistas e agentes do mercado, como também por aumentar, mês a mês, a diferença entre o que ocorre aqui e nos países de maior renda.

A desaceleração das economias desenvolvidas leva economistas a preverem dificuldades para o Brasil em 2023, mas os dados de 2022 nos autorizam a esperar boas surpresas.

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