Empreendo no Brasil há mais de 20 anos, durante todos esse tempo, tive altos e baixos, desisti, persisti, desfiz sociedades que perderam o sentido, criei outros negócios sozinha ou com novos sócios, ajudei pessoas, empreguei algumas, contratei profissionais, demiti, e sigo vivendo o exercício de empreender criando empresas para prosperar. Meu pró-labore nunca foi muito importante, mas as empresas que fundei são importantes.
Empresas empregam gente, giram a economia, geram oportunidades e pagam impostos. Empresas se solidificam, perduram. Tenho empresas que seguem fragilizadas na pandemia, apesar do propósito que carregam, tenho empresa que persiste porque são necessárias e o timing ainda não chegou, tenho empresa startup e empresas que lucram.
Escrever o parágrafo acima me fez relembrar de muitos momentos da jornada. Lembranças boas e ruins, momentos difíceis, momentos de dúvida, frustração e de raiva também. Fico pensando no que me motiva a continuar. Certamente não é meu pró-labore, não é a distribuição da lucro, não é pagar os impostos (que faço questão de pagar integralmente porque tenho ética e acredito que é possível empreender no Brasil mesmo com nossa carga tributária da qual muitos empresários reclamam). Fico pensando nos que reclamam mas não abandonam seus vôos de primeira classe ou seu hotel de luxo… ter empresa rica não é ostentar.
O que me faz continuar é a coragem ou minha consciência do quanto o empreendedorismo salva vidas? O que me faz persistir é o futuro das próximas gerações, futuro dos meus filhos, a possibilidade de construir um país melhor…
Qual seu propósito?
Vivi na França e na Inglaterra durante alguns anos, conheço uma vida de luxo que pouquíssimos de nós tiveram o prazer de experimentar, achei vazio ser rica. Daí voltei para continuar empreendendo no Brasil. Há dez anos tiro apenas duas semanas de férias por ano, férias sem desligar o telefone, férias sem filhos. E pronto. Amo trabalhar.
Me perguntam se quero deixar nosso país, tentam me convencer a não ficar, tenho filhos anglo brasileiros e poderia viver na Europa, posso trabalhar de qualquer lugar porque meus negócios são digitais e blablabla… e eu simplesmente permaneço.
Não vou fugir. Apesar do preço da gasolina, da alta na inflação, da política e miséria interna, eu acredito no meu trabalho e quero ver minhas empresas ricas, prosperando, gerando renda para famílias inteiras e criando oportunidades de negócio para toda uma cadeia de outras pequenas e médias empresas que são minhas parceiras.
O que me faz permanecer são as pessoas. Acredito no poder da inovação, na criatividade do empreendedor brasileiro e no valor que cada ação verdadeira que uma empresa brasileira promove e que faz diferença na vida de alguém, no meio ambiente, no ecossistema. Eu amo o meu país e por isso permaneço, empreendo aqui, pago meus impostos e quero continuar ajudando a construir um futuro mais sustentável, mais consciente e mais igualitário. E você, porque você faz o que faz diariamente?