Diante do mercado promissor do consumo de bebidas prontas no Brasil, produtores rurais mineiros estão diversificando as atividades e investindo no plantio de frutas para fornecer a matéria-prima diretamente aos fabricantes de sucos. Ao contrário de outros setores que foram afetados pela crise econômica, eles dizem não ter do que se queixar. Além da fruticultura voltada para o consumo in natura e de outras atividades, como o plantio de café e a venda de leite, a aposta na produção que atende a demanda dos fabricantes de sucos tem movimentado a economia de municípios do Sul de Minas e da Zona da Mata.
Em Tocantins, na Zona da Mata, a principal fruta vendida para as indústrias de suco é a manga ubá. Segundo o extensionista agropecuário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), José Domingos Telles, somente na cidade são 60 hectares plantados que geraram 960 toneladas de fruta na safra de dezembro de 2015 a fevereiro deste ano. Os produtores vendem para marcas como Tial, Bela Ischia e Mais/Del Vale. “Essa manga ubá tem como característica o açúcar, então o foco é a indústria, porque ela faz a composição, junto com outras mangas, para a produção do suco. Os produtores da região são os maiores”, afirmou. Estão no time dos fornecedores, os municípios de Ubá, Visconde do Rio Branco, Tocantins, Guidoval, Astolfo Dutra e Rodeiro.
Dono de cerca de 50 hectares no município de Tocantins, o produtor rural Clévio de Oliveira Apolinário, da Fazenda Vista Alegre, tem pomares com mangas, bananas e mexericas. Enquanto as bananas e mexericas são vendidas in natura, a manga ubá, colhida em 13 mil pés, vai para o suco. “No ano passado, vendi a R$ 0,60 o quilo, mais barato que um picolé. As indústrias combinam e pagam barato”, reclama o produtor. Em 2015, a produção foi reduzida por falta de chuva, mas este ano a safra promete mais um pouco na avaliação de Apolinário.
Segundo o produtor, que diz ter a maior plantação de manga da região, a crise não afetou o mercado, até porque a produção já tinha sido pequena. O investimento é constante. Para produzir há gastos com adubo, pulverização, contratação de parceiros e até o frete para entrega nas fábricas. A fruta é colhida verde e há o trabalho de colocar para madurar. “Mas para a gente, que vive com pouco, sempre sobra”, disse, sem revelar a lucratividade do negócio.
Outro dos maiores produtores da manga ubá de Tocantins, Adilson Marciano Lopes, da Sabiá Agronegócios, está no negócio há 10 anos. Ele diz produzir 500 toneladas da fruta por ano e vender manga a R$ 0,60 o quilo para os fabricantes de sucos. O volume já foi maior: ele chegou a oferecer 800 toneladas, mas o clima não foi favorável no ano passado e a colheita foi reduzida. O produtor também vende cerca de 800 toneladas de maracujá, a R$ 2,20 o quilo, e mamão, para produção de polpa.
Com a redução na produção de manga, o produtor Adilson aposta na ampliação do maracujá, que tem maior saída e é produzido em nove meses do ano. Ele está fechando uma parceria com a Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos (Ebba), fabricante do suco Maguary, e pretende fornecer 1.500 toneladas de maracujá com venda garantida, na safra que tem início em setembro. “A perspectiva é boa. Está faltando maracujá no mercado porque a exportação de suco é muito grande. É muito consumido internacionalmente. Na alta do dólar, o Brasil vendeu o estoque todo e as indústrias ficaram secas”, explica. A Sabiá Agronegócios emprega 50 funcionários, número que dobra na época da colheita.
GARANTIA Quem também está apostando na produção de maracujá e na parceria com a Ebba é Francisco Gonçalves de Paula, do município de Alpinópolis, no Sul de Minas. Ele é um dos cerca de 50 produtores da região que aderiram à parceria que oferece venda garantida das frutas a um preço mínimo de R$ 1,30, por quilo. Só nessa área, o retorno econômico deve ser em torno de R$ 1,3 milhão. A movimentação deste montante deve ser concentrada nos municípios de Cássia, Fortaleza de Minas, Alpinópolis, Ilicínea e Guapé, que aderiram ao projeto mediado pela Emater-MG.
De olho no mercado que se abriu, o produtor Francisco Gonçalves de Paula começou o plantio de maracujá em Alpinópolis com cinco hectares. Ele já trabalhava com mandioca, café e feijão, de onde tira atualmente o seu sustento. Este ano, porém, o clima prejudicou a produção de feijão e de café. “Já são três anos consecutivos de seca e prejuízo. Então, fui buscar mais uma alternativa, que é o maracujá. O potencial é grande e, tendo essa garantia de preço, a rentabilidade pode ser maior do que das outras culturas”, espera Francisco. A previsão dele é colher 30 toneladas por hectare, o que ao preço mínimo oferecido, pode lhe garantir uma renda bruta de R$ 39 mil.
O investimento inicial, para quem não tem nada plantado, é de R$ 12 mil a R$ 15 mil por hectare, mas o retorno é certo. Para o pequeno produtor, que é tesoureiro do sindicato dos produtores rurais da cidade, a parceria da venda garantida é ainda melhor, pois fica mais fácil entrar no mercado. Além de Francisco, outros 12 pequenos produtores de Alpinópolis estão apostando na venda de maracujá. “Temos mais interessados para o próximo plantio. “No total, teremos em torno de 10 hectares e uma produção de 150 toneladas, tudo vendido”, afirma.
O gerente da unidade regional da Emater-MG, Frederico Ozanam de Souza, afirma que o projeto visa potencializar a fruticultura no Sul. “A região é muito forte em café e leite e estamos trazendo para cá essa diversificação. As propriedades não vão deixar de trabalhar com esses produtos, mas sim agregar uma alternativa de renda e emprego de forma sustentável”, afirma. De acordo com ele, nessas cidades já há cerca de 40 hectares plantados e a parceria resolve o ponto mais importante na cadeia de produção, que é o escoamento do produto.
Ele afirma que o café sustenta a economia da região, mas tem anos que a remuneração da atividade não é das melhores. Nessa hora, é importante ter uma alternativa. “A região é rica em água e tem condições climáticas favoráveis não só ao maracujá mas a qualquer fruta. Já estamos pensando em ampliar a produção para goiaba e manga, mas é um projeto posterior”, conta.
Em Tocantins, na Zona da Mata, a principal fruta vendida para as indústrias de suco é a manga ubá. Segundo o extensionista agropecuário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), José Domingos Telles, somente na cidade são 60 hectares plantados que geraram 960 toneladas de fruta na safra de dezembro de 2015 a fevereiro deste ano. Os produtores vendem para marcas como Tial, Bela Ischia e Mais/Del Vale. “Essa manga ubá tem como característica o açúcar, então o foco é a indústria, porque ela faz a composição, junto com outras mangas, para a produção do suco. Os produtores da região são os maiores”, afirmou. Estão no time dos fornecedores, os municípios de Ubá, Visconde do Rio Branco, Tocantins, Guidoval, Astolfo Dutra e Rodeiro.
Dono de cerca de 50 hectares no município de Tocantins, o produtor rural Clévio de Oliveira Apolinário, da Fazenda Vista Alegre, tem pomares com mangas, bananas e mexericas. Enquanto as bananas e mexericas são vendidas in natura, a manga ubá, colhida em 13 mil pés, vai para o suco. “No ano passado, vendi a R$ 0,60 o quilo, mais barato que um picolé. As indústrias combinam e pagam barato”, reclama o produtor. Em 2015, a produção foi reduzida por falta de chuva, mas este ano a safra promete mais um pouco na avaliação de Apolinário.
Segundo o produtor, que diz ter a maior plantação de manga da região, a crise não afetou o mercado, até porque a produção já tinha sido pequena. O investimento é constante. Para produzir há gastos com adubo, pulverização, contratação de parceiros e até o frete para entrega nas fábricas. A fruta é colhida verde e há o trabalho de colocar para madurar. “Mas para a gente, que vive com pouco, sempre sobra”, disse, sem revelar a lucratividade do negócio.
Outro dos maiores produtores da manga ubá de Tocantins, Adilson Marciano Lopes, da Sabiá Agronegócios, está no negócio há 10 anos. Ele diz produzir 500 toneladas da fruta por ano e vender manga a R$ 0,60 o quilo para os fabricantes de sucos. O volume já foi maior: ele chegou a oferecer 800 toneladas, mas o clima não foi favorável no ano passado e a colheita foi reduzida. O produtor também vende cerca de 800 toneladas de maracujá, a R$ 2,20 o quilo, e mamão, para produção de polpa.
Com a redução na produção de manga, o produtor Adilson aposta na ampliação do maracujá, que tem maior saída e é produzido em nove meses do ano. Ele está fechando uma parceria com a Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos (Ebba), fabricante do suco Maguary, e pretende fornecer 1.500 toneladas de maracujá com venda garantida, na safra que tem início em setembro. “A perspectiva é boa. Está faltando maracujá no mercado porque a exportação de suco é muito grande. É muito consumido internacionalmente. Na alta do dólar, o Brasil vendeu o estoque todo e as indústrias ficaram secas”, explica. A Sabiá Agronegócios emprega 50 funcionários, número que dobra na época da colheita.
GARANTIA Quem também está apostando na produção de maracujá e na parceria com a Ebba é Francisco Gonçalves de Paula, do município de Alpinópolis, no Sul de Minas. Ele é um dos cerca de 50 produtores da região que aderiram à parceria que oferece venda garantida das frutas a um preço mínimo de R$ 1,30, por quilo. Só nessa área, o retorno econômico deve ser em torno de R$ 1,3 milhão. A movimentação deste montante deve ser concentrada nos municípios de Cássia, Fortaleza de Minas, Alpinópolis, Ilicínea e Guapé, que aderiram ao projeto mediado pela Emater-MG.
De olho no mercado que se abriu, o produtor Francisco Gonçalves de Paula começou o plantio de maracujá em Alpinópolis com cinco hectares. Ele já trabalhava com mandioca, café e feijão, de onde tira atualmente o seu sustento. Este ano, porém, o clima prejudicou a produção de feijão e de café. “Já são três anos consecutivos de seca e prejuízo. Então, fui buscar mais uma alternativa, que é o maracujá. O potencial é grande e, tendo essa garantia de preço, a rentabilidade pode ser maior do que das outras culturas”, espera Francisco. A previsão dele é colher 30 toneladas por hectare, o que ao preço mínimo oferecido, pode lhe garantir uma renda bruta de R$ 39 mil.
O investimento inicial, para quem não tem nada plantado, é de R$ 12 mil a R$ 15 mil por hectare, mas o retorno é certo. Para o pequeno produtor, que é tesoureiro do sindicato dos produtores rurais da cidade, a parceria da venda garantida é ainda melhor, pois fica mais fácil entrar no mercado. Além de Francisco, outros 12 pequenos produtores de Alpinópolis estão apostando na venda de maracujá. “Temos mais interessados para o próximo plantio. “No total, teremos em torno de 10 hectares e uma produção de 150 toneladas, tudo vendido”, afirma.
O gerente da unidade regional da Emater-MG, Frederico Ozanam de Souza, afirma que o projeto visa potencializar a fruticultura no Sul. “A região é muito forte em café e leite e estamos trazendo para cá essa diversificação. As propriedades não vão deixar de trabalhar com esses produtos, mas sim agregar uma alternativa de renda e emprego de forma sustentável”, afirma. De acordo com ele, nessas cidades já há cerca de 40 hectares plantados e a parceria resolve o ponto mais importante na cadeia de produção, que é o escoamento do produto.
Ele afirma que o café sustenta a economia da região, mas tem anos que a remuneração da atividade não é das melhores. Nessa hora, é importante ter uma alternativa. “A região é rica em água e tem condições climáticas favoráveis não só ao maracujá mas a qualquer fruta. Já estamos pensando em ampliar a produção para goiaba e manga, mas é um projeto posterior”, conta.