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Estado de Minas

Disputa entre companhias derruba preço de passagens aéreas no interior de Minas


postado em 16/06/2011 06:00 / atualizado em 16/06/2011 06:15

Concorrência acirrada: no Aeroporto da Pampulha, em BH, há passagens a partir de R$ 59,90(foto: beto magalhães/EM/D.A Press 10/2/11)
Concorrência acirrada: no Aeroporto da Pampulha, em BH, há passagens a partir de R$ 59,90 (foto: beto magalhães/EM/D.A Press 10/2/11)

 

As viagens com voos regionais para o interior do estado começam a ter preços próximos aos do transporte rodoviário. A guerra de tarifas e as pechinchas nos bilhetes aéreos deixaram de ser realidade só das linhas operadas por grandes aeronaves. A concorrência mais forte, a ampliação da malha aérea regional e o aumento do número de passageiros que voa pelo interior do estado levam as companhias aéreas a lançar promoções de passagens com preços menores ou próximos dos praticados pelas empresas de ônibus. Até pouco tempo, esses bilhetes custavam quatro ou até cinco vezes mais caro do que os comprados nas rodoviárias. Segundo especialistas, a tendência é que os preços de bilhetes da aviação regional caiam nos próximos anos, assim como ocorreu em outros países, como nos Estados Unidos e na Europa.

Quem for voar de Belo Horizonte para Montes Claros, por exemplo, paga hoje preços a partir de R$ 79,90 na Trip Linhas Aéreas e R$ 95,90 na Gol. Já de ônibus, o valor é bem próximo, de R$ 94. A Trip também lançou no fim de semana uma promoção com preço bem competitivo de Belo Horizonte para Varginha: R$ 59,90. O valor é bem abaixo do cobrado pela passagem de ônibus que faz a mesma rota, de R$ 69,28. Além de reduzir os preços, as companhias aéreas ampliam a frequência dos voos nos aeroportos.

“As empresas aéreas já estão trazendo para o segmento o conceito do low cost (preços baixos)”, observa o superintendente do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, Silvério Gonçalves. A expectativa é de que a concorrência na aviação regional seja acirrada este ano, com a definição de capacidade do terminal de BH. A publicação do documento, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), vai apontar quais os aviões podem operar no aeroporto, abrindo espaço para a concorrência. Hoje, como as regras não são totalmente claras, a capacidade do espaço está restrita, o que limita a competição e a escolha do consumidor. Com a publicação do documento da Anac, voos de companhias como TAM e Gol poderão ser atraídos para a Pampulha, esquentando a disputa pelos passageiros, chave para a queda de preços.

Entre 2008 e 2010 o embarque de passageiros em vôos comerciais, decolando do Aeroporto da Pampulha cresceu 42%. O avanço é um termômetro do potencial de alta da aviação regional, que esbarra na infraestrutura limitada. Enquanto o movimento de passageiros aumentou, no mesmo período os pousos e decolagens cresceram apenas 5% no aeroporto, um reflexo do número ainda pequeno de empresas habilitadas a operar no local. “A aviação no Brasil cresceu como nunca porque surgiram empresas ofertando passagens a um preço vantajoso, uma expressão da concorrência” diz o superintendente, apostando em um crescimento da disputa na aviação regional.

Atualmente, os voos na Pampulha são feitos basicamente pela Trip Linhas Aéreas e Passaredo. O diretor de Marketing e Vendas da Trip, Evaristo Mascarenhas, reforça que a empresa já voa para 85 cidades brasileiras, além do Distrito Federal. Segundo ele, o plano para as rotas regionais é agressivo e à medida em que aeroportos vão sendo liberados, novas rotas são criadas. Ele considera que uma das razões de não haver número maior de aeroportos aptos a operar no estado é que a responsabilidade pela infraestrutura é dos municípios. Sem parceiros, as prefeituras nem sempre conseguem disponibilizar recursos, o que segura o avanço da aviação. “Não sei se essa é a forma mais justa de se fazer (a liberação dos aeroportos)”, comenta.

 

Potencial para crescimento

 

Em Minas Gerais 13 aeroportos operam hoje com voos regulares e 11 aguardam ajustes para a liberação de voos. O coordenador do curso de ciências aeronáuticas da Fumec, Eduardo Mesquita, considera que a aviação regional tem potencial para crescer. “Minas Gerais tem o tamanho da França, onde o transporte aéreo funciona em todo país”, compara. O especialista concorda que no estado o crescimento da escala vai ocorrer com o avanço da concorrência, que tem reflexos diretos no preço.

A Trip conta hoje com 46 destinos e 28 voos diários no Aeroporto da Pampulha e 47 destinos com 14 voos diários em Confins. “Planejamos agora fazer uma reestruturação na malha aérea da Pampulha para facilitar as conexões de Minas com São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas. Essa mudança vai possibilitar usar melhor alguns horários e conseguir tarifas promocionais, principalmente no meio do dia”, ressalta Evaristo  Mascarenhas.

A Gol iniciou as operações para Montes Claros no fim de 2010 e conta hoje com 10 voos por semana para a cidade, com partidas de Confins e São Paulo. A empresa acaba de entrar com pedido na Anac para iniciar quatro novas frequências na cidade do Norte do estado, com previsão para o início em agosto. Para comemorar o aniversário da cidade, em 3 de julho, a companhia aérea lançou uma promoção, a “Você faz a festa”. Clientes com destino à cidade entre os dias 7 e 8 de julho, partindo de Belo Horizonte/Confins, pagarão apenas a passagem de volta.

“O segmento que mais cresce no mundo na área da aviação é o regional. A ideia do governo é incentivar essa área como alavanca do setor”, afirma Hugo Ferreira Braga Tadeu, professor-associado da Fundação Dom Cabral na área de logística e membro do Air Transport Research Society, associação que pesquisa a infraestrutura, economia e gestão do setor aeroportuário. O aumento da malha aérea e a maior competitividade do setor, diz, deve gerar redução de preço das tarifas nos próximos anos. “Mas esse crescimento pode ter um limite em função da estrutura dos aeroportos. Por isso, seria importante desde já pensar em um planejamento de expansão dos aeroportos regionais e conexão com os de maior porte. Esse trabalho precisa ser feito de forma integrada”, avalia Tadeu.

As promoções das companhias aéreas, o aumento de rotas dentro de Minas e a renda maior da população levaram 1,15 milhão de passageiros a circular nos 10 aeroportos do interior do estado em 2010, aumento de 32,3% em relação a 2009, segundo dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), prefeituras e empresas aéreas. A meta do Programa Aeroportuário de Minas Gerais (ProAero), da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), é de que todas as cidades do estado não fiquem a mais de 100 quilômetros de um aeroporto.


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