De um lado, um país abundante em recursos hídricos e, ao mesmo tempo, pouco preocupado em manuseá-los com eficiência. Do outro, um país que convive com a escassez de um produto essencial para o desenvolvimento econômico e social, mas que, diante das incertezas e ‘pedras no caminho’, aprendeu a valorizar a água. Enquanto o Brasil é citado como o principal reservatório de água do mundo – com mais da metade da água doce da América do Sul –, mas desperdiça o recurso, Israel, que enfrenta graves problemas em relação à localização de seu principal manancial – palestinos reivindicam acesso ao Vale do Rio Jordão –, se viu obrigado a desenvolver mecanismos de otimização.
Visando apresentar equipamentos para companhias de mineração de Minas, uma comitiva formada por empresários, representantes do governo de Israel e do Instituto Israelense de Exportação e Cooperação de Internacional desembarca em Belo Horizonte na próxima semana, trazendo na bagagem uma série de produtos de alta tecnologia voltados para a gestão da água. O principal foco da missão é apresentar os equipamentos ao setor de mineração, mas também estarão presentes à rodada de negócios representantes do segmento de irrigação e gotejamento da agricultura.
Na segunda-feira, no Hotel Mercure Lourdes, acontece o Fórum Internacional de Inovação e Rodada de Negócios e Tecnologias: Soluções Israelenses em Água para Mineração, Agricultura e Indústria. No dia seguinte, o grupo deve visitar unidades da CSN e da Samarco no estado. Ao todo, sete empresas israelenses especializadas em produtos voltados para a gestão da água (P2W, Amiad, Greenkote, A.R.I Flow Control Acessories, Plasson, Metzerplass e John Deere Water) participarão do encontro com o empresariado mineiro.
Na lista de produtos a serem apresentados, a tecnologia avançada permite que se faça filtragem de minerais com altíssimo desempenho. O equipamento aumenta a velocidade de drenagem de uma polpa, garantindo um sólido residual com baixo volume de água.
A trade officer da missão econômica no Brasil e do Consulado Geral de Israel em São Paulo, Ana Cláudia Barchi Felisardo, traça paralelo entre o modelo agrícola de Israel e a possibilidade de repeti-lo por aqui. Lá, segundo ela, 70% do território é formado por regiões áridas e desérticas, mas tais fatores não impedem que a região seja cultivada. O mesmo cenário é encontrado no Nordeste do Brasil e poderia ser repetido na Região Norte de Minas. “Água tem, mas falta tecnologia para irrigar. É preciso abastecer essas regiões”, afirma Ana Cláudia.
Escassez
O Oriente Médio é a região com menor disponibilidade de água por habitante. Enquanto 5% da população mundial vive na área, ela dispõe de apenas 1% da água doce do planeta e, segundo estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050 esse volume deve cair pela metade.
O gerente-executivo do Polo de Excelência Mineral e Metalúrgico, Renato Cimineli, avalia que o fórum é não apenas uma oportunidade para fechar importantes negócios, mas também uma chance para aprender um modelo de inovação tecnológica num setor estratégico. “A água vai ser um fator de competitividade num futuro próximo”, afirma.