(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Inflação estoura meta em BH e fecha 2011 com alta de 7,22%

Com aumento de 15,83% na alimentação fora de casa, índice supera o teto de 6,5% fixado pelo governo para o país. Aumentos no início do ano vão manter indicador pressionado


postado em 04/01/2012 07:03 / atualizado em 04/01/2012 07:24

Jane Lourenço (E) reclama que além do reajuste de preços produtos estão com qualidade inferior(foto: Túlio Santos/EM/D.A/Press)
Jane Lourenço (E) reclama que além do reajuste de preços produtos estão com qualidade inferior (foto: Túlio Santos/EM/D.A/Press)
Com a maior inflação dos últimos sete anos, Belo Horizonte não ficou, nem de longe, dentro da meta de 6,5% estipulada pelo governo federal para o índice de preços no país. Com variação de 7,22% em 2011, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pela Fundação Ipead/UFMG ficou 11% acima da banda superior da meta e tem tudo para superar a média nacional, que será conhecida sexta-feira. Até novembro, o IPCA oficial, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumulava alta de 5,97% no ano, com estimativa de fechar em 6,55%, segundo análise do mercado. A inflação de 2011 em BH é a maior desde 2004, quando o índice fechou em 8,74%.

O resultado surpreendeu o coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead/UFMG, Wanderley Ramalho. “Eu não acreditava que, no ano, a inflação passaria tanto do teto da meta de 6,5%”, confessa. O sinal amarelo porém já estava aceso em abril, quando o acumulado nos quatro primeiros meses do ano já somava 4,48%, o equivalente ao centro da meta. O especialista também não previa uma escalada de preços tão elevada no último mês do ano. “Em dezembro, o IPCA foi de 0,59% contra 0,33% no mesmo período de 2010”, afirma. O resultado foi o maior para o mês desde 2007, quando também fechou em 0,59%.

O grande vilão para o bolso dos consumidores foi a alimentação fora de casa. O item apresentou variação de 1,61% entre novembro e dezembro e de 15,83% em 2011 contra 2010. Do resultado de 7,22% em 2011, a refeição fora de casa respondeu por 0,55 ponto percentual, considerado elevado diante dos mais de 300 produtos que compõem a inflação.

O professor Joelson Figueiredo Fernandes sabe bem o que a alta de preços representa para o orçamento doméstico. “Almoço todo dia fora de casa e, se antes pagava uma média de R$ 15, agora pago para R$ 20”, calcula. Para driblar a elevação dos custos, o jeito foi se submeter a um regime forçado. “Meu prato pesava entre 500 e 600 gramas e hoje caiu para 400”, explica. Na família de Jane Lourenço, todos confirmam a alta dos preços. “A pizza aumentou muito. Sem contar que fica mais caro, mas a qualidade tem sido menor e o tamanho também”, reclama.

Companheira indispensável das refeições para muitos belo-horizontinos, a cerveja em bares e restaurantes também não deu trégua em 2011. Em um ano, subiu quase 20% na capital. “Antes o chope saía por R$ 2,90. Agora estamos pagando R$ 3,50”, calcula a economista Sandra Huber.

O professor Joelson Figueiredo Fernandes ampliou seus gastos mensais com refeição mais cara na rua(foto: Túlio Santos/EM/D.A/Press)
O professor Joelson Figueiredo Fernandes ampliou seus gastos mensais com refeição mais cara na rua (foto: Túlio Santos/EM/D.A/Press)
Janeiro promete
E as expectativas não são animadoras. Em dezembro, os alimentos in natura já começaram a mostrar as garras, com elevação de 3,82%. Mas é no primeiro trimestre, período em que se concentram as chuvas, que os impactos devem ser maiores. Entre janeiro e março do ano passado, itens como hortifrúti chegaram a subir mais de 30%. O alívio só veio no segundo trimestre, quando a queda nos preços foi de 17,35%.

O cenário se repetiu em 2009 e não deve ser muito diferente este ano. Para Wanderley Ramalho, apesar das fortes pressões previstas, a inflação deve arrefecer em 2012. “Vamos ter um IPCA menor e um crescimento maior, o inverso do que aconteceu em 2011”, prevê.

Além de frutas, verduras e hortaliças, reajustes de preços das passagens de ônibus em Belo Horizonte, somados à mensalidade escolar e de faculdades, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e salário mínimo, devem contribuir para a forte alta de inflação esperada para este mês. “Em Belo Horizonte sempre há maior pressão em janeiro e esse ano não vai ser diferente. Uma coisa é certa, será maior do que a de dezembro. Vai ser pesado, podemos esperar”, antecipa Wanderley Ramalho.

Cesta básica
A cesta básica em Belo Horizonte subiu 3,52% em dezembro frente a novembro, sendo cotada a R$ 266,73, valor que equivale a 48,9% do salário mínimo. O produto que mais contribui para a alta foi o feijão carioquinha, com variação de 10,84% no mês. Na contramão, a queda de 2,39% do leite pasteurizado ajudou a segurar os preços. No ano, a cesta básica subiu 43% acima da inflação ao registrar alta de 10,34% em relação a 2010.

Capital é a campeã dos preços altos

A escalada da inflação é generalizada e também foi sentida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na última semana de dezembro, a variação foi de 0,79% contra 0,78% da semana imediatamente anterior. Das sete capitais pesquisadas, quatro registraram aceleração do índice.

O destaque, mais uma vez, ficou por conta de Belo Horizonte, cujo índice passou de 0,70% na pesquisa de 22 de dezembro para 0,79% no levantamento realizado até o dia 31 do mesmo mês. O resultado representa alta de 12,8%, o maior avanço entre as cidades que compõem o levantamento. O acumulado do ano na capital mineira fechou em 6,78%, uma alta de 32% em relação ao resultado de 2010, quando o índice foi de 5,10%. Mais uma vez, Belo Horizonte ficou acima do teto da meta da inflação para o ano e registrou a maior inflação entre as sete capitais pesquisadas. Recife, que passou de 0,74% para 0,82%, Rio de Janeiro (de 1,06% para 1,16%) e São Paulo (0,65% para 0,68%) estão entre os municípios em que a inflação não deu trégua.

Produtos Das sete classes de despesa medidas pelo IPC-S na capital mineira, quatro registraram aceleração de preços. O destaque fica por conta de transportes, cuja taxa pulou de 0,54% para 0,97%, e alimentação que saiu de 1,45% para 1,69%. O resultado para transportes pode ser explicado pela alta de 8,16% no preço das passagens de ônibus municipais que começou a valer na sexta-feira.

As novas tarifas de táxi também foram captadas pela pesquisa com variação passando de 3,74% para 6,13%. Tarifa de passagem aérea com alta de 8,31% na última semana da dezembro contribuiu para pressionar o item de transportes. Entre os alimentos, o mamão papaya – com elevação de 31,97% até 22 de dezembro e de 21,43% na última pesquisa – e o filé-mignon, que variou de 10,79% para 9,55% entre a terceira e quarta semana de dezembro foram os principais vilões. Em sentido contrário, saúde e cuidados pessoais que passou de 0,91% para 0,73%; habitação (de 0,29% para 0,23%) e despesas diversas (de 0,50% para 0,46%), impediram elevações ainda maiores. (PT)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)