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Estado de Minas

Reajustes de janeiro dão fôlego à inflação em BH

Mensalidade e material escolar, transporte, salário de empregados domésticos e impostos com aumento apimentam os primeiros indicadores do ano e pesam no orçamento das famílias


postado em 10/01/2012 06:00 / atualizado em 10/01/2012 06:38

Flávia Assumpção e o marido, Leonardo Almeida, com a filha Maria Clara: família enfrenta três mensalidades escolares reajustadas este mês (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Flávia Assumpção e o marido, Leonardo Almeida, com a filha Maria Clara: família enfrenta três mensalidades escolares reajustadas este mês (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
As contas da família do médico Leonardo Lamarca Almeida e da fisioterapeuta Flávia Corrêa Assumpção vão dar força ao dragão da inflação em janeiro. O casal paga escola particular para três filhos, empregada doméstica (com transporte nos fins de semana) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Todas as contas tiveram reajuste em janeiro e têm grande peso na inflação do início do ano. Só de escola, o casal desembolsa mais de R$ 2 mil mensalmente para os filhos de 14, 11 e 6 anos. A empregada, que ganhava R$ 1.090 até dezembro, passa a receber R$ 1.280 este mês. Há ainda os gastos com material escolar e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Como se não bastasse, a família ainda precisa de quantia extra para as férias, já que vai passar uma semana em Araxá. “Usamos parte do 13º salário para pagar as despesas de início de ano”, conta Flávia.

O salário mínimo, o ônibus urbano e o IPTU são os itens que mais pesam na inflação da capital em janeiro, revela Wanderley Ramalho, coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead/UFMG. Só esses três itens, diz, devem impactar em mais de 1% a inflação deste mês, índice superior à alta de custo de todo o mês de dezembro de 2011, que foi de 0,59% na capital. “Mas vale lembrar que isso não significa nenhum descontrole inflacionário. No ano passado, a inflação de janeiro foi de 2,7%”, observa o estatístico.

IPC-S As primeiras medições do aumento do custo de vida em janeiro mostram pressão forte sobre os preços. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu 0,93% na primeira quadrissemana deste mês, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), depois de ter tido alta de 0,79% na última quadrissemana do mês passado. Foi o maior avanço desde a terceira quadrissemana de maio de 2011, quando o índice subiu 0,96%. A alta de preços foi alavancada principalmente por quatro setores: na educação, leitura e recreação a alta saiu de 0,42% para 1,38% e os custos de alimentação subiram 1,92%, ante 1,65% na quadrissemana anterior, com hortaliças e legumes mais caros. O ônibus urbano levou o custo do grupo de transportes a aumentar de 0,59% para 0,61%. Nas despesas diversas, a inflação foi de 0,14%, contra 0,11% na última leitura de dezembro.

O levantamento da FGV mostra, no entanto, que nem todas as classes de despesas mostraram aceleração de preços. As taxas de inflação foram mais fracas sobre o vestuário (de 1,03% para 0,55%), saúde e cuidados pessoais (de 0,68% para 0,65%) e habitação (de 0,27% para 0,25%).

Serviços domésticos

Nas contas da classe média de janeiro, o impacto da alta do salário mínimo deve acontecer principalmente sobre os trabalhadores que prestam serviço doméstico, avalia Valdir Quadros, professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É o caso das babás, arrumadeiras, caseiros, cuidadores de idosos, enfermeiros e motoristas. E alguns desses profissionais, como as babás, além de estarem raros no mercado, chegam a ter rendimentos comparados aos trabalhadores de nível superior, o que inflaciona ainda mais os custos deste mês.

A agência Pré-Seleção trabalha com serviços domésticos em Belo Horizonte e consegue atender atualmente apenas um terço da demanda dos clientes. Motivo: escassez de mão de obra qualificada. Os rendimentos das babás são atrativos e chegam a somar quatro salários mínimos (R$ 2,48 mil), contando ainda com plano de saúde. “Quem está fazendo as exigências na hora da contratação, hoje, são os empregados”, diz Nice Ribeiro, dona da Pré-Seleção. Nessa escolha, segundo Nice, os profissionais costumam levar em conta, principalmente, a idade – e quantidade – das crianças da casa, horário de trabalho e temperamento do patrão.

Despesas na garagem

A inflação do carro, medida pela agência Autoinforme, fechou o ano de 2011 com um avanço de 7,86%, acima da inflação oficial, de 6,5%. Os motoristas brasileiros gastaram em média, no ano passado, R$ 991,61 por mês com seus veículos. A alta de preços foi puxada principalmente pelo álcool e pelo estacionamento. O combustível ficou 15,4% mais caro e estacionar o carro custou 14,5% a mais no ano passado. O estacionamento foi o item que mais teve alta de preço nos últimos cinco anos: 116% de 2006 a 2011 (até novembro). O combustível é o produto que mais pesa para o consumidor em suas despesas com o carro. Por isso, a alta de mais de mais de 10% do álcool teve forte influência para deixar a inflação do carro acima do IPCA em 2011.


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