
O salário mínimo, o ônibus urbano e o IPTU são os itens que mais pesam na inflação da capital em janeiro, revela Wanderley Ramalho, coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead/UFMG. Só esses três itens, diz, devem impactar em mais de 1% a inflação deste mês, índice superior à alta de custo de todo o mês de dezembro de 2011, que foi de 0,59% na capital. “Mas vale lembrar que isso não significa nenhum descontrole inflacionário. No ano passado, a inflação de janeiro foi de 2,7%”, observa o estatístico.
IPC-S As primeiras medições do aumento do custo de vida em janeiro mostram pressão forte sobre os preços. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu 0,93% na primeira quadrissemana deste mês, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), depois de ter tido alta de 0,79% na última quadrissemana do mês passado. Foi o maior avanço desde a terceira quadrissemana de maio de 2011, quando o índice subiu 0,96%. A alta de preços foi alavancada principalmente por quatro setores: na educação, leitura e recreação a alta saiu de 0,42% para 1,38% e os custos de alimentação subiram 1,92%, ante 1,65% na quadrissemana anterior, com hortaliças e legumes mais caros. O ônibus urbano levou o custo do grupo de transportes a aumentar de 0,59% para 0,61%. Nas despesas diversas, a inflação foi de 0,14%, contra 0,11% na última leitura de dezembro.
O levantamento da FGV mostra, no entanto, que nem todas as classes de despesas mostraram aceleração de preços. As taxas de inflação foram mais fracas sobre o vestuário (de 1,03% para 0,55%), saúde e cuidados pessoais (de 0,68% para 0,65%) e habitação (de 0,27% para 0,25%).
Serviços domésticos
Nas contas da classe média de janeiro, o impacto da alta do salário mínimo deve acontecer principalmente sobre os trabalhadores que prestam serviço doméstico, avalia Valdir Quadros, professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É o caso das babás, arrumadeiras, caseiros, cuidadores de idosos, enfermeiros e motoristas. E alguns desses profissionais, como as babás, além de estarem raros no mercado, chegam a ter rendimentos comparados aos trabalhadores de nível superior, o que inflaciona ainda mais os custos deste mês.
A agência Pré-Seleção trabalha com serviços domésticos em Belo Horizonte e consegue atender atualmente apenas um terço da demanda dos clientes. Motivo: escassez de mão de obra qualificada. Os rendimentos das babás são atrativos e chegam a somar quatro salários mínimos (R$ 2,48 mil), contando ainda com plano de saúde. “Quem está fazendo as exigências na hora da contratação, hoje, são os empregados”, diz Nice Ribeiro, dona da Pré-Seleção. Nessa escolha, segundo Nice, os profissionais costumam levar em conta, principalmente, a idade – e quantidade – das crianças da casa, horário de trabalho e temperamento do patrão.
Despesas na garagem
A inflação do carro, medida pela agência Autoinforme, fechou o ano de 2011 com um avanço de 7,86%, acima da inflação oficial, de 6,5%. Os motoristas brasileiros gastaram em média, no ano passado, R$ 991,61 por mês com seus veículos. A alta de preços foi puxada principalmente pelo álcool e pelo estacionamento. O combustível ficou 15,4% mais caro e estacionar o carro custou 14,5% a mais no ano passado. O estacionamento foi o item que mais teve alta de preço nos últimos cinco anos: 116% de 2006 a 2011 (até novembro). O combustível é o produto que mais pesa para o consumidor em suas despesas com o carro. Por isso, a alta de mais de mais de 10% do álcool teve forte influência para deixar a inflação do carro acima do IPCA em 2011.