“Passei no vestibular, mas a faculdade é particular: livros tão caros, tanta taxa pra pagar. Meu dinheiro muito raro, alguém teve que emprestar”, diz o trecho do samba de Martinho da Vila, O pequeno burguês. O refrão da música foi cantado ontem por universitários da PUC Minas, no câmpus São Gabriel, num protesto carnavalesco contra o reajuste das mensalidades da instituição. Munidos de serpentina e confete, dezenas de estudantes sambaram ontem para cobrar da reitoria que revogue o aumento de 9,8% aplicado este ano. Eles questionamo fato de a correção ter superado em 50,76% a inflação oficial no período.
A PUC Minas informou ao Estado de Minas, por meio de sua assessoria de imprensa, que o reajuste considera a variação de preços da planilha de custos da instituição. Estava agendada para ontem uma audiência pública sobre o assunto, mas a reitoria antecipou aos organizadores do protesto que não compareceria. Por isso, um documento deve ser entregue aos representantes da instituição nos próximos dias.
O protesto dos estudantes teve início na semana seguinte ao anúncio oficial do aumento, quando os alunos ainda estavam de férias. Os organizadores do movimento criaram uma petição online para pedir esclarecimento sobre os novos valores da hora-aula, que teve 1,7 mil assinaturas (vale ressaltar que inclusive pessoas que não são matriculadas podem assinar). “Consideramos que essa taxa encontra-se completamente fora da realidade dos estudantes desta instituição, haja vista que o aumento salarial médio dos trabalhadores no ano de 2011 foi de 5,9%. Solicitamos que o reajuste das mensalidades seja revogado, e que se estabeleça, a priori, um diálogo com as instâncias do movimento estudantil acerca de tal medida”, diz o texto.
A estudante do 9º período de psicologia Laila Resende, de 27 anos, era uma das manifestantes. Vendendo roupas, é ela quem paga a mensalidade, mas diz que tem tido dificuldade em manter o compromisso. Por isso, para o período em curso, teve que abrir mão de três disciplinas. “Todo semestre a gente vive na corda bamba. A universidade encara a educação como um negócio”, afirma.
Outra crítica dos universitários é que as bolsas de monitoria, extensão e pesquisa não tiveram reajuste nos últimos seis anos. O valor nesse período permanece paralisado em R$ 300, o que, segundo os alunos, é insuficiente para arcar com as despesas de transporte e alimentação.
Enquanto isso, índices maiores
Se universitário da PUC Minas reclamam do aumento de 9,8%, outros estudantes teriam muito mais para chiar. Pesquisa do site Mercado Mineiro mostra que as instituições de ensino superior de Minas reajustaram os preços das mensalidades em até 32,64%, enquanto a inflação oficial fechou 2011 em 6,5%. Ao todo, foram pesquisados 69 cursos de 21 instituições de ensino superior, sendo que 43 deles apresentaram índices acima da inflação.