O governo do estado pediu à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que prorrogue o prazo para que os aeroportos de Patos de Minas (Alto Paranaíba), de São João del-Rei (Campo das Vertentes) e Diamantina (Vale do Jequitinhonha) tenham suas operações afetadas por ainda não se adequarem a uma série de normas de segurança, como a ausência de uma brigada de incêndios e de veículos adaptados para situações de emergência. A intenção do governo é que em 60 dias sejam firmados termos de ajustamento de conduta (TAC) para bombeiros militares possam atuar nos aeroportos até que sejam formados os bombeiros brigadistas e adquiridos os equipamentos necessários.
O problema nesses aeroportos seria a falta de mão de obra qualificada, o que dificulta a formação de profissionais para as brigadas de incêndio. Além disso, a demora na aquisição dos veículos adaptados é outro fator que pode reduzir as operações nos três aeroportos a partir de quinta-feira, um dia depois da reunião do conselho da Anac que analisará a reivindicação do governo mineiro. Caso o pedido de prorrogação do prazo não seja aceito, o número de pousos e decolagens deve ser reduzido nos terminas que hoje operam voos regulares. A restrição pode inviabilizar os aeroportos e levar ao fechamento dos mesmos. A exigência de implantação, operação e manutenção de serviço de prevenção, salvamento e combate a incêndios nos aeroportos e o prazo foram determinados pela Resolução 115 da Anac, de outubro de 2009.
Os municípios estão otimistas em relação à posição da Anac. Isso porque, os técnicos presentes na reunião da semana passada deram parecer positivo e, no Amazonas, estado que enfrenta problema semelhante, o prazo também teria sido prorrogado. “Além do problema para formar brigadistas, não existe caminhão de pronta entrega. É preciso fazer as adaptações necessárias. Em vez de água, eles lançam um espuma”, afirma o secretário municipal de Governo de Patos de Minas, Marcos André Alamy. Ele diz que o impedimento de voos e decolagens comerciais pode atrapalhar o desenvolvimento da cidade, impedindo que empresários da região voem para a capital. O aeroporto mais próximo do município é o de Araxá, situado a cerca de 150 quilômetros.
Espera Apesar de haver a possibilidade de adiamento do cumprimento da Resolução 115, a Trip Linhas Aéreas antecipou-se e interrompeu as vendas de passagens para voos a partir de 1º de março. A companhia tem voos comerciais para esses três municípios, mas decidiu aguardar posição da agência reguladora para voltar a comercializar passagens. “Temos interesse em continuar voando nessas três cidades, mas é preciso que isso seja feito dentro das regras da Anac”, afirma Evaristo Mascarenhas de Paula, diretor de marketing e vendas da Trip. A companhia aérea conta com um voo de 90 lugares por semana para Diamantina, outro diário com 45 lugares para Patos de Minas e outro com 90 asssentos diários para São João del-Rei. “Vamos vender passagem só até o início de março. Depois aguardaremos a decisão da Anac”, completa Evaristo de Paula.
A Anac informou que, durante procedimentos de inspeção de rotina, constatou a existência de não conformidades nos três aeródromos mineiros. Nesses casos, a agência instaura processos administrativos para apurar a situação e indicar as medidas cabíveis para adequação dos aeródromos às exigências normativas. Os administradores dos três aeroportos apresentaram à agência um plano de ações, com solicitação de prazo para cumprimento dessas exigências. Os pedidos estão em análise na Anac. (Com Geórgea Choucair)
Terminais vivem expansão
Luiz Ribeiro
Ao mesmo tempo que alguns aeroportos mineiros têm dificuldades para cumprir exigências da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), outros alçam voos e são alvo de cobiça de muitas companhias aéreas, como o é o caso dos empreendimentos em Montes Claros, Governador Valadares e Uberlândia.
Na onda das descobertas de reservas de gás natural e de minério de ferro no Noroeste e no Norte de Minas, Montes Claros (cidade polo do Norte do estado) vive rápido crescimento do número de voos. Há três anos, a cidade contava somente com dois vôos para Belo Horizonte, oferecidos pela Trip Linhas Aéreas, que tinha liberdade para praticar tarifas mais altas. Hoje, o aeroporto de Montes Claros é disputado pelas companhias aéreas e já apresenta problemas por falta de espaço. São oito vôos diários que saem para a capital, com a operação de duas empresas: a Gol e a Trip.
A partir de 15 de março a Azul Linhas Aéreas também começa a operar com voos da cidade para o aeroporto de Confins. De acordo com dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), entre 2010 e 2011, o número de passageiros que decolaram e pousaram na cidade quase dobrou, passando de 121 mil para 224 mil. Além da Azul, a Passaredo também solicitou autorização para atender Montes Claros.
O “boom” da chegada das companhias aéreas teve como primeira conseqüência enorme ganho para o bolso dos passageiros. Antes, quando era atendida somente por uma companhia, o bilhete da passagem para trecho entre Montes Claros e Belo Horizonte saía por R$ 700 dependendo do momento da compra. A Azul informou que as passagens entre a cidade do Norte de Minas e BH serão vendidas “a partir” de R$ 79,90.
O aumento do número de voos não se restringe a Montes Claros. Segunda cidade em número de habitantes no estado, Uberlândia, no Triângulo Mineiro, também convive com boom das viagens aéreas. No comparativo entre 2010 e 2011, o aeroporto teve crescimento de 18% no número de passageiros, passando de 765 mil para 907 mil. A partir de 5 de março, a Trip também iniciará seu primeiro voo direto para Confins, aumentando a oferta. (Com Pedro Rocha Franco)