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Estado de Minas

Shell acirra disputa por gás na bacia do São Francisco

Empresa antecipa trabalhos na região, em projeto que tem 40% de participação da mineradora Vale, inicia pesquisas em seis municípios e pode fazer a primeira perfuração ainda em 2012


postado em 30/03/2012 06:00 / atualizado em 30/03/2012 07:15

Recomeçou a corrida por reservas de gás na porção mineira da Bacia do São Francisco, que poderão significar a redenção econômica para municípios pobres das regiões Norte, Noroeste e Alto Paranaíba. A Shell do Brasil informou ontem que decidiu antecipar em dois anos o cronograma de pesquisas em Minas e deu início, no mês passado, aos trabalhos de levantamento sísmico em seis cidades: Arinos, Buritis, Unaí, Urucuia, Pintópolis e São Francisco. A primeira perfuração de poço visando a identificar a ocorrência de gás em escala comercial poderá ser feita ainda neste ano, segundo a companhia, que se associou à mineradora Vale na operação de cinco blocos na bacia licitados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O consórcio Cebasf, formado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas (Codemig) e as empresas Delp Engenharia, Orteng Equipamentos e Imetame, concluiu em fevereiro o plano de detalhamento e avaliação das reservas descobertas no ano passado, a partir de um poço perfurado em Morada Nova de Minas, distante 280 quilômetros de Belo Horizonte, para colocá-lo efetivamente em produção. O grupo aguarda para até o fim de abril a aprovação da nova campanha, de acordo com Humberto Zica, diretor do consórcio e um dos coordenadores do trabalho na Bacia do Velho Chico. Os acionistas já definiram para o segundo trimestre o começo da exploração em outros dois blocos, o 120, que se concentra em Buritizeiro e João Pinheiro, e o 127, que engloba os municípios de Três Marias e São Gonçalo do Abaeté.

A Petra Energia obteve, em 14 de fevereiro, a licença do Conselho de Política Ambiental do estado (Copam) para realizar as pesquisas em Japonvar, no Norte do estado, e formalizou em janeiro e fevereiro os pedidos para trabalhar em Claro dos Poções e Montes Claros, respectivamente, também no Norte mineiro. A empresa já havia entrado com o processo de licenciamento para perfurar poços exploratórios em Varjão de Minas e Lagamar, no Noroeste. A Petrobras, por sua vez, mantém a sua única concessão ativa em Minas no município de Brasilândia de Minas.

A exploração da Shell em Minas, que conta com a participação acionária de 40% da mineradora Vale, representa o primeiro projeto onshore (em terra) da empresa petrolífera, que prevê a aquisição de 1,1 mil quilômetros de dados sísmicos em 2D, alcançando 12 municípios. A companhia pretende concluir essa etapa inicial do processo exploratório no primeiro semestre de 2013. Em nota encaminhada ao Estado de Minas, a Shell informou estar dando prioridade ao recrutamento de mão de obra local para os trabalhos. Em Minas e no Maranhão, a empresa mantém 150 brasileiros trabalhando na pesquisa de gás.

Produtividade

Segundo Humberto Zica, diretor do consórcio Cebasf, o plano entregue à ANP para a próxima fase dos trabalhos na Bacia do São Francisco envolve a apuração de dados sobre a produtividade do poço e do reservatório de gás e testes complementares, que são essenciais para a produção futura, com outras perfurações na região. A descoberta em Morada Nova de Minas, a primeira depois das licitações da ANP, foi anunciada em junho do ano passado. O poço indicou potencial de produção para 25 anos de um volume estimado entre 176,5 bilhões a 194,6 bilhões de metros cúbicos, considerando 2013 como data de início das operações.

O consórcio só vai dar detalhes sobre a nova fase depois da avaliação da agência reguladora. “A expectativa é crescente e faz parte das etapas de desenvolvimento dos blocos. Passamos pelo período exploratório e agora vamos executar os planos de avaliação até que virão os testes de longa duração talvez neste ano, para que em seguida as operações sejam iniciadas”, afirmou Zica. É provável que os sócios do consórcio Cebasf se associem a outras empresas nas próximas etapas. A Codemig detém 49% de participação no grupo; a Orteng, 30%; Delp, 11% e Imetame, 10%.

Expectativa  grande nos municípios

No rastro da promessa de crescimento econômico que o gás representa para Morada Nova de Minas, a cidade de Arinos, no Noroeste, distante 650km de Belo Horizonte, também alimenta grande expectativa de diversificar uma economia dependente das verbas federais, especialmente o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). As principais atividades na cidade de 18,8 mil habitantes são a pecuária de leite e corte e as lavouras de grãos. Com os trabalhos iniciados pela Shell, o mercado de aluguéis se movimentou e os restaurantes aumentaram o faturamento quando passaram a atender cerca de uma centena de trabalhadores, conta o prefeito Carlos Alberto Recch Filho.

“A nossa expectativa é muito grande com as possibilidades que o gás pode trazer, de esimular outras atividades como a indústria”, afirma Alberto Recch. Influenciada pelas verbas do FPM, a receita total de Arinos não passa de R$ 1 milhão por mês. Além da agropecuária, contribuem para a geração de empregos pequenas indústrias de cerâmica. Efeitos positivos sobre as empresas de prestação de serviços de alimentação e hotelaria já foram sentidos em Morada Nova de Minas até o ano passado, quando foi concluída a campanha exploratória do consórcio Cebasf.

O prefeito do município de 10 mil habitantes, Alexsander da Silva Rocha, observa que, se a descoberta do gás ainda levará mais tempo para gerar benefícios duradouros para a cidade, ela já ganhou em visibilidade com as notícias sobre as fases iniciais da procura. “Estamos muito otimistas, porém cientes de que se trata de um projeto com resultados no médio prazo e nos preparamos para isso”, diz. A economia local se estrutura no plantio de feijão, milho e soja, na criação de gado de leite e corte, em psicultura e turismo. A receita total soma R$ 25 milhões por ano.

Uma das principais preocupações em Morada Nova de Minas é com a oferta de mão de obra nas etapas futuras da exploração de gás e para empresas de outros segmentos que forem atraídas por uma futura produção do insumo na região. A prefeitura abriu este mês o Centro Integrado de Desenvolvimento Social e Trabalho e já ofereceu alguns cursos de qualificação profissional em parceria com o Sebrae Minas. Alex Rocha, como o prefeito é conhecido, tem procurado empresas para apresentar um plano de desenvolvimento econômico concluído em agosto de 2011, que dá ênfase às perspectivas de crescimento do turismo e do agronegócio.


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