Pioneiro na descoberta de reservas de gás natural na porção mineira da Bacia do São Francisco, o consórcio de empresas Cebasf já conclui os planos para começar a produzir o combustível, no mais tardar, em dezembro. O grupo constituído pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), Orteng Equipamentos e Sistemas, Delp Engenharia e Imetame está selecionando fornecedores de equipamentos para extrair o gás, do tipo não convencional, encontrado numa longa extensão de rochas de baixa porosidade na região de Morada Nova de Minas. A efetiva produção abre novas perspectivas de desenvolvimento econômico para áreas carentes do estado, um tradicional importador do insumo.
A oferta do combustível a partir de terras mineiras agora depende da desenvolvimento de clientes, informou o diretor comercial da Orteng. Ricardo Vinhas Corrêa da Silva. “São dois caminhos que têm de ser trilhados agora, um programa de produção e a avaliação de como podemos usar o gás”, afirma o executivo. O consórcio Cebasf, que entregou o projeto da nova etapa à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), definiu a abertura a partir de junho de mais três poços em Morada Nova de Minas, com orçamento global estimado de R$ 45 milhões.
Dentro da perspectiva de transformar o gás natural em produto gerador de riqueza para o estado, o governo de Minas está estudando com os parceiros privados uma política para atrair fornecedores de equipamentos para a etapa de produção. Como não há fabricantes no Brasil, o consórcio terá de importar as máquinas, mas a ideia é desenvolver uma indústria local, com os incentivos de que o estado dispõe, hoje, para atrair empresas, segundo a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck.
“Trabalhamos em duas frentes, a partir das empresas que estão fazendo a prospecção e identificam potenciais investidores e diretamente em busca deles. Gostaríamos de concluir alguma negociação já neste ano”, afirma Dorothea Werneck. Ao todo, são 12 empresas trabalhando em 39 blocos para pesquisa e prospecção de gás licitados pela ANP na parte mineira do Bacia do Velho Chico. Para que a produção do insumo se transforme em geração de riqueza, será necessário perfurar cerca de 200 poços por ano, conforme levantamento sobre as possibilidades que o estado tem de entrar nesse setor encomendado pelo estado à empresa de consultoria especializada e negócios Gas Energy.
Ricardo Vinhas, diretor da Orteng, observa que inicialmente o consórcio Cebasf terá de lançar mão de serviços prestados por fabricantes estrangeiros de equipamentos, tendo em vista que a exploração de gás não convencional é algo novo no Brasil. A Argentina produz o combustível, trabalhando com esse tipo de prospecção, mas a crise aberta com a expropriação de 51% do capital da Repsol na petrolífera YPF deixa dúvidas os rumos até mesmo do mercado de fornecedores. “No momento, não temos alternativa à importação, mas futuramente não haverá sentido em trazer equipamentos de fora, se podemos gerar muitos negócios aqui”, afirmou o diretor da Orteng.
O consórcio investe na pesquisa do gás no São Francisco desde 2005. Estimativas da consultoria Gas Energy indicam que o gás natural encontrado na porção mineira do São Francisco tem potencial para dar vazão, dentro de 10 anos, a 37 milhões de metros cúbicos por dia, 7 milhões acima da conta atual de importação do insumo boliviano pelo Brasil.