A queda dos juros e o crédito ampliado que estimula o consumo também impactam na inadimplência do consumidor, que cresceu 5,09% em abril, na comparação com igual período do ano passado, segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Com o endividamento, a principal orientação é para que os consumidores se eduquem para usar as ofertas de instituições financeiras para quitar ou transferir suas dívidas por meio da portabilidade e não para contrair novos débitos. O indicado é que apenas os consumidores que não estejam com 30% de sua renda comprometida aproveitem a oportunidade dos juros baixos e a maior oferta de crédito para adquirir bens necessários.
“Hoje, o Procon é um dos maiores balcões de renegociação em Belo Horizonte. Para evitarmos a recorrência desse tipo de problema é importante que o consumidor entenda que a hora é apropriada para que ele pegue um dinheiro mais barato para sanar as dívidas mais caras, desde que as condições do segundo empréstimo sejam mais interessantes e baratas que as do primeiro”, explica o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa. “Este não é o momento para sair comprando. Primeiro é preciso liquidar as dívidas. Se o consumidor não está endividado, o ideal é que também procure por melhores condições de financiamento ou empréstimo, antes de contratá-lo”, reforça.
Barbosa alerta ainda que o consumidor que não optar por fazer pesquisas de mercado vai sofrer ao gerar novas dívidas. “O crédito fácil e a falta de educação financeira criam devedores e o ciclo continua”, garante o coordenador do Procon Assembleia. O órgão faz aproximadamente 40 atendimentos diários referentes a renegociação de dívidas. Para Barbosa, a busca por informações e o planejamento orçamentário ainda são fundamentais antes da opção pela contratação de novos empréstimos ou financiamentos. “Os atrativos são grandes. As concessionárias estão investindo pesado para atrair os clientes, que, com base na euforia e de olho na possibilidade de comprar um carro com juros baixos, esquecem detalhes importantes, como verificar as tarifas e juros cobrados”, argumenta.
Aproveitando a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros populares, que, segundo cálculo de concessionárias, diminuiu em aproximadamente 10% o preço dos automóveis, o militar Reginaldo Ataíde foi às compras. Sem dinheiro para pagar à vista, parcelou em 36 prestações de R$ 700, comprometendo 30% do orçamento mensal. “Hoje, tem que se financiar. Não dá para ficar juntando e juntando. Se precisar de dinheiro, tenho que vender o carro”, afirma, ressaltando que a aquisição do Gol se deu apenas depois de ter batido o antigo veículo.
O advogado Francisco França é exemplo a seguir seguido. Durante a carreira, ele economizou 40% do salário, aplicando os recursos na poupança e em fundos de investimento. E sempre pagou à vista todas as contas. Tamanha economia possibilitou a ele comprar um carro zero quilômetro para o filho Vítor, assim que ele completou 18 anos. “Quando não posso comprar, não compro. Sempre comprei em função da necessidade e hoje tenho um colchão para me aposentar”, diz.
Renegociação
Diante do afundamento de muitos consumidores em dívidas, o caminho, segundo Marcelo Barbosa, é o da renegociação. O ideal é que o consumidor endividado não se fragilize e procure soluções de quitação de acordo com as suas condições. “O indicado é que ele procure o seu banco, mas também leve ao gerente as condições oferecidas por outros bancos, que forem melhores. A concorrência está acirrada e não faltarão instituições que vão propor um negócio melhor”, afirma.
O coordenador do Procon Assembleia pondera ainda sobre o cuidado que o consumidor deve ter com a presença de correspondentes bancários, que o rondam com o objetivo de intermediar renegociações, mas que não disponibilizam informações necessárias sobre a existência da cobrança de juros ou impostos. “Mesmo na hora da renegociação é preciso ir com calma, conhecer o negócio e o que está sendo cobrado. O consumidor precisa ter essas informações transparentes”, diz Barbosa.
O que diz o código
Art. 39 – É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços:
5 – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
10 – elevar sem justa o preço de produtos ou serviços;
11 – aplicar índice ou fórmula de reajuste diversos do legal ou contratualmente estabelecidos.
Fonte: Código de Defesa do Consumidor
Telefones úteis para tirar dúvidas e fazer denúncias:
>> Procon Assembleia: (31) 2108-5500 >> Procon municipal de BH: 156, opção 3 >> Juizado Especial de Relações de Consumo: (31) 3250-3550 >> Movimento das Donas de casa: (31) 3274-1033 >> Delegacia de Defesa do Consumidor: (31) 3275-1887
Compras por impulso são perigosas
Diante de tantas ofertas a cautela se torna obrigatória, segundo a consultora de finanças pessoais Maria Inês dos Prazeres, do Infovida, A justificativa é simples: “O consumidor se esquece da real necessidade da compra pelo impulso. Aí está o perigo”, observa. “Ele também não entende que essa é uma política monetária para estimular a indústria, mas que quem paga por isso é o próprio consumidor, mas com juros abusivos, que no fim sempre fazem com que a dívida aumente”, pondera. Apesar de lojas e concessionárias oferecerem juros baixos ou até inexistentes, é bom lembrar que se uma única parcela deixa de ser paga há a incidência de multa e outras taxas de correção.
O ideal é que o momento, oportuno economicamente, seja também de equilíbrio. A ponderação é para que os consumidores façam um exercício constante ao adquirir novos bens, produtos ofertados por instituições financeiras, ou optem por financiamentos. “O entusiasmo dado pelo clima econômico favorável ainda é umfator negativo porque nem sempre o consumo que é bom para uma pessoa é bom para a outra. Por isso, é importante que sempre seja avaliado se o gasto é importante e se vai caber com folga no orçamento. Também é fundamental fazer a negociação antes do contrato, para depois não ter o que lamentar”, comenta Maria Inês.
A orientação da consultora de finanças pessoais é para que consumidor que optar por uma pesquisa de mercado limite o valor do empréstimo, apenas para os gastos que realmente são necessários. O cliente também deverá checar quais são os tipos de crédito que tem à sua disposição, quais e quanto são as taxas e juros cobrados por cada instituição financeira e depois somar os itens cobrados para chegar ao valor efetivo pago ao final do contrato. “Quem paga à vista paga sempre menos. Mas quem quer dividir deve verificar que quanto mais longo o período do contrato, mais juros ele vai pagar pelo empréstimo. Além disso, é necessário considerar o imposto, que costuma ser cobrado na fonte, e se o empréstimo não tem produtos conjugados, como títulos de capitalização”, considera.
Seguindo os conselhos de economistas, a professora Olmary Barcala pesquisa muito antes de fechar negócio e sempre prefere pagar à vista. No início do ano, ela comprou uma geladeira e uma TV de LCD. Em apenas um item ela obteve desconto de R$ 400. Nesse fim de semana, ela decidiu trocar a máquina de lavar roupas, aproveitando a redução do IPI para a linha branca. Com dinheiro em mãos, passou por várias lojas, fez orçamentos e barganhou, batendo martelo depois de algumas horas. “Eu sempre fui assim. Consigo descontos até acima do que os vendedores podem dar”, afirma ela. (CM e PRF)
“Hoje, o Procon é um dos maiores balcões de renegociação em Belo Horizonte. Para evitarmos a recorrência desse tipo de problema é importante que o consumidor entenda que a hora é apropriada para que ele pegue um dinheiro mais barato para sanar as dívidas mais caras, desde que as condições do segundo empréstimo sejam mais interessantes e baratas que as do primeiro”, explica o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa. “Este não é o momento para sair comprando. Primeiro é preciso liquidar as dívidas. Se o consumidor não está endividado, o ideal é que também procure por melhores condições de financiamento ou empréstimo, antes de contratá-lo”, reforça.
Barbosa alerta ainda que o consumidor que não optar por fazer pesquisas de mercado vai sofrer ao gerar novas dívidas. “O crédito fácil e a falta de educação financeira criam devedores e o ciclo continua”, garante o coordenador do Procon Assembleia. O órgão faz aproximadamente 40 atendimentos diários referentes a renegociação de dívidas. Para Barbosa, a busca por informações e o planejamento orçamentário ainda são fundamentais antes da opção pela contratação de novos empréstimos ou financiamentos. “Os atrativos são grandes. As concessionárias estão investindo pesado para atrair os clientes, que, com base na euforia e de olho na possibilidade de comprar um carro com juros baixos, esquecem detalhes importantes, como verificar as tarifas e juros cobrados”, argumenta.
Aproveitando a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros populares, que, segundo cálculo de concessionárias, diminuiu em aproximadamente 10% o preço dos automóveis, o militar Reginaldo Ataíde foi às compras. Sem dinheiro para pagar à vista, parcelou em 36 prestações de R$ 700, comprometendo 30% do orçamento mensal. “Hoje, tem que se financiar. Não dá para ficar juntando e juntando. Se precisar de dinheiro, tenho que vender o carro”, afirma, ressaltando que a aquisição do Gol se deu apenas depois de ter batido o antigo veículo.
O advogado Francisco França é exemplo a seguir seguido. Durante a carreira, ele economizou 40% do salário, aplicando os recursos na poupança e em fundos de investimento. E sempre pagou à vista todas as contas. Tamanha economia possibilitou a ele comprar um carro zero quilômetro para o filho Vítor, assim que ele completou 18 anos. “Quando não posso comprar, não compro. Sempre comprei em função da necessidade e hoje tenho um colchão para me aposentar”, diz.
Renegociação
Diante do afundamento de muitos consumidores em dívidas, o caminho, segundo Marcelo Barbosa, é o da renegociação. O ideal é que o consumidor endividado não se fragilize e procure soluções de quitação de acordo com as suas condições. “O indicado é que ele procure o seu banco, mas também leve ao gerente as condições oferecidas por outros bancos, que forem melhores. A concorrência está acirrada e não faltarão instituições que vão propor um negócio melhor”, afirma.
O coordenador do Procon Assembleia pondera ainda sobre o cuidado que o consumidor deve ter com a presença de correspondentes bancários, que o rondam com o objetivo de intermediar renegociações, mas que não disponibilizam informações necessárias sobre a existência da cobrança de juros ou impostos. “Mesmo na hora da renegociação é preciso ir com calma, conhecer o negócio e o que está sendo cobrado. O consumidor precisa ter essas informações transparentes”, diz Barbosa.
O que diz o código
Art. 39 – É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços:
5 – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
10 – elevar sem justa o preço de produtos ou serviços;
11 – aplicar índice ou fórmula de reajuste diversos do legal ou contratualmente estabelecidos.
Fonte: Código de Defesa do Consumidor
Telefones úteis para tirar dúvidas e fazer denúncias:
>> Procon Assembleia: (31) 2108-5500 >> Procon municipal de BH: 156, opção 3 >> Juizado Especial de Relações de Consumo: (31) 3250-3550 >> Movimento das Donas de casa: (31) 3274-1033 >> Delegacia de Defesa do Consumidor: (31) 3275-1887
Compras por impulso são perigosas
Diante de tantas ofertas a cautela se torna obrigatória, segundo a consultora de finanças pessoais Maria Inês dos Prazeres, do Infovida, A justificativa é simples: “O consumidor se esquece da real necessidade da compra pelo impulso. Aí está o perigo”, observa. “Ele também não entende que essa é uma política monetária para estimular a indústria, mas que quem paga por isso é o próprio consumidor, mas com juros abusivos, que no fim sempre fazem com que a dívida aumente”, pondera. Apesar de lojas e concessionárias oferecerem juros baixos ou até inexistentes, é bom lembrar que se uma única parcela deixa de ser paga há a incidência de multa e outras taxas de correção.
O ideal é que o momento, oportuno economicamente, seja também de equilíbrio. A ponderação é para que os consumidores façam um exercício constante ao adquirir novos bens, produtos ofertados por instituições financeiras, ou optem por financiamentos. “O entusiasmo dado pelo clima econômico favorável ainda é umfator negativo porque nem sempre o consumo que é bom para uma pessoa é bom para a outra. Por isso, é importante que sempre seja avaliado se o gasto é importante e se vai caber com folga no orçamento. Também é fundamental fazer a negociação antes do contrato, para depois não ter o que lamentar”, comenta Maria Inês.
A orientação da consultora de finanças pessoais é para que consumidor que optar por uma pesquisa de mercado limite o valor do empréstimo, apenas para os gastos que realmente são necessários. O cliente também deverá checar quais são os tipos de crédito que tem à sua disposição, quais e quanto são as taxas e juros cobrados por cada instituição financeira e depois somar os itens cobrados para chegar ao valor efetivo pago ao final do contrato. “Quem paga à vista paga sempre menos. Mas quem quer dividir deve verificar que quanto mais longo o período do contrato, mais juros ele vai pagar pelo empréstimo. Além disso, é necessário considerar o imposto, que costuma ser cobrado na fonte, e se o empréstimo não tem produtos conjugados, como títulos de capitalização”, considera.
Seguindo os conselhos de economistas, a professora Olmary Barcala pesquisa muito antes de fechar negócio e sempre prefere pagar à vista. No início do ano, ela comprou uma geladeira e uma TV de LCD. Em apenas um item ela obteve desconto de R$ 400. Nesse fim de semana, ela decidiu trocar a máquina de lavar roupas, aproveitando a redução do IPI para a linha branca. Com dinheiro em mãos, passou por várias lojas, fez orçamentos e barganhou, batendo martelo depois de algumas horas. “Eu sempre fui assim. Consigo descontos até acima do que os vendedores podem dar”, afirma ela. (CM e PRF)