O investimento bilionário que o governo promete fazer com o pacote de concessões rodoviárias e ferroviárias faz empresas do setor acenderem a luz verde para investimentos. Em Minas, duas companhias em especial se mostram de prontidão para abocanhar uma fatia da cifra que o pacotão deve movimentar nos próximos anos. As concorrentes na fabricação de locomotivas Caterpillar Inc. e GE Transportation, com sedes em Sete Lagoas e Contagem, respectivamente, já prevêem a necessidade de se aumentar a produção em até 50%.
Ao todo, o governo federal afirma que deve investir R$ 133 bilhões no plano de logística, sendo que R$ 91 bilhões serão destinados para a construção de mais de 10 mil quilômetros de ferrovias em todo o país nos próximo 25 anos. Nos próximos cinco anos, serão R$ 56 bilhões investimentos em ferrovias. Mas, no caso das fabricantes de locomotivas, as encomendas só entrarão nos trilhos depois que a malha for finalmente construída. A expectativa do governo é que até 2018 os ramais tenham sido entregues, com isso a estimativa é de que as encomendas sejam feitas a partir de 2015.
Recém-inaugurada, a planta da Progress Rail Services, subsidiária da Caterpillar Inc., deve entregar as 12 primeiras locomotivas em outubro. Outras 22 já foram encomendadas. E com os investimentos do Plano Nacional de Logística a expectativa é que possa ocorrer aumento de demanda de 50%. Mas os efeitos para o setor só devem ser sentidos depois que a via permanente estiver concluída. “O plano é fundamental para o setor, porém nossa empresa no Brasil, que fabrica o material rodante, levará alguns anos para sentir o benefício”, afirma o diretor-geral da Progress Rail Services, Carlos Roso. Ele afirma que a capacidade instalada da planta é de oito locomotivas por mês, “porém assim que as concessões avançarem podemos aumentá-la rapidamente”.
Quatro décadas depois de instalada na Grande BH, a GE Transportation entregou mais de 1,3 mil locomotivas. Em 2010, a companhia iniciou investimento de US$ 35 milhões para ampliação da capacidade de produção de 60 para 120 locomotivas por ano. No ano passado, a empresa entregou 110 unidades. E, caso necessário, tem condições de até produzir 240 por ano com algumas modificações na infraestrutura atual. “É um modal que não teve a atenção necessária nos últimos anos. Mas é o melhor modal a ser operado e o desenvolvimento do país passa pelo transporte ferroviário”, afirma o presidente e CEO da GE Transportation, Guilherme Mello, ressaltando que o investimento não pode atrasar para que a logística deixe de ser um gargalo para o crescimento da economia.
Demanda
Mello avalia, no entanto, que é preciso, primeiro, saber que o tipo de carga será transportada e qual será o formato do traçado para saber, por fim qual será a demanda por locomotivas. Além disso, os estudos que a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) deve elaborar vão apresentar um panorama da demanda no país. Em Minas, o segmento que passará por Corinto, interligando Uruaçu (GO) a Campos (RJ), por exemplo, deve facilitar o escoamento de quartzo.
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