O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na capital mineira registrou em 2012 alta de 5,75%, superando o centro da meta determinada pelo governo federal (4,5%), mas voltando a fechar dentro da margem tolerada pelo Planalto (6,5%) depois de subir 7,22% em 2011. As despesas pessoais foram a grande vilã da inflação em Belo Horizonte no ano passado, com avanço de 7,33% e contribuição de 2,19 pontos percentuais (p.p.) na composição do índice geral. Incluído neste grupo, o custo com empregado doméstico foi o que mais pesou no bolso do consumidor, com crescimento de 14,13% no período (veja quadro). “A expansão foi impulsionada pela alta do salário mínimo no início do último ano”, lembra Wanderley Ramalho, coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead-UFMG, cujos dados foram divulgados ontem.
Com variação de 11,05% em 12 meses, o grupo alimentação contribuiu com 1,79 p.p. na composição do índice geral. Os 3,96 p.p. restantes ficaram por conta do grupo não alimentares, que avançou 4,84% no período. Para Ramalho, a combinação de inflação alta e Produto Interno Bruto (PIB) baixo é ruim. “O país não cresceu como se esperava e vai ficar com um pibinho de cerca de 1%. Ainda que a atividade econômica esteja desacelerada, a inflação ficou acima do centro da meta”, observa.
No grupo dos itens alimentares, comer em casa foi o que mais pesou no resultado. Durante o ano, a variação foi de 11,64%, alta que foi responsável por 1,06 p.p. percentual entre os 5,75% registrados. A alimentação fora do lar por sua vez subiu 10,73% e respondeu por 0,73 p.p.
A inflação de dezembro fechou com avanço de 0,50%, abaixo do 0,59% registrado no mesmo mês do ano passado. A alimentação neste caso foi a principal responsável pelo resultado com avanço de 1,76% e participação de 0,27 p.p. no resultado. Itens como refeição (1,86%), lanche (3,47%) e passagem aérea (6,57%) contribuíram para o resultado, enquanto artigos de papelaria (-13,78) e material de pintura (-5,31%) pesaram em sentido contrário.
Alho pesa
Ainda que tenha um peso baixo sobre a composição da inflação na capital, o alho não deu trégua aos consumidores este ano e variou 112,87% segundo dados da Fundação Ipead. Com o resultado, contribuiu com 0,03 p.p na formação do IPCA, o mesmo que itens essenciais para a cesta como leite pasteurizado, café moído e ovo. O quilo do tempero indispensável para a culinária mineira chegou a ultrapassar a barreira dos R$ 20 por conta da quebra de safra ocorrida nos três principais produtores mundiais: Brasil, China e Argentina.
O presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), Rafael Corsino, explica que a produção chinesa – país responsável por suprir praticamente metade do consumo nacional – foi reduzida em cerca de 35% em 2012. “Ao mesmo tempo, a Argentina também enfrentou problemas com forte redução da área plantada e responde por cerca de 20% do mercado brasileiro. Junta-se a isso, a redução da colheita nacional já que, em 2011, o mercado foi muito ruim e desanimou muitos produtores”, diz.
R$ 22”, calcula Percy, que possui nada menos que 58 anos de experiência neste comércio. O cenário realmente não deve mudar tão cedo e será preciso esperar até maio – quando ocorre a colheita chinesa – para que os preços voltem a casa de um dígito, segundo expectativas do mercado.
Alimentação pressiona IPC
Dos sete grupos que compõem o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), O grande destaque foi Alimentação, que avançou 10,29% no ano passado, o dobro da alta apurada em 2011 (5,02%), sob o impacto do choque de oferta de commodities. Depois de Alimentação, o maior aumento entre os grupos em 2012 foi visto em Despesas Pessoais (9,89%), que sofreu ao longo do ano com impactos das altas de preços de passagens aéreas e cigarros. No geral, o IPC apresentou alta de 5,10% em 2012. Em dezembro, o avanço foi de 0,78%.