
A despeito das diferentes metodologias de pesquisa e do tamanho da coleta de preços, fatores que ajudam a explicar as variações, a inflação voltou a ser motivo de preocupação no interior. Em Lavras, o IPC medido pela universidade federal do município, a Ufla, alcançou 11,82% em 2012, influenciado pelo encarecimento da comida dentro e fora de casa, dos itens de higiene pessoal e limpeza doméstica e dos gastos com vestuário. Viçosa ficou na vice-liderança, graças à inflação de 10,17% retratada pela UFV, seguida de perto pela variação de 8,52% apurada pela Unimontes em Montes Claros (veja o quadro).

O IPC de Montes Claros retrata os gastos das famílias com renda entre um e seis salários mínimos, a partir da coleta de preços de 5 mil itens, entre produtos e serviços. A inflação histórica justifica o desabafo da professora Maria do Carmo Lopes, de 48 anos, num supermercado da cidade. “Na velocidade com que os preços estão subindo, não teremos mais condições de comprar nem o arroz e o feijão, alimentos básicos. O salário não acompanha os aumentos”, protesta.

NOVO APERTO A evolução dos preços dos serviços públicos, a exemplo de combustíveis e energia, aqueles chamados preços administrados pelo governo, também faz diferença nos IPCs, seja das regiões metropolitanas, seja do interior. Em Uberlândia, a população que sofreu as consequências da farta inflação de 2012, puxada pelas despesas com empregado doméstico, os serviços de entretenimento e os alimentos, enfrenta nova alta em janeiro, de 1,68%, puxada pelo transporte público mais caro, conforme apontou o IPC medido pelo Centro de Pesquisas Econômico-Sociais do Instituto de Economia da UFU. “A demanda aquecida de consumo favorece a manutenção dos preços. Tudo indica que não haverá queda dos preços dos alimentos nos próximos meses”, afirma o economista Carlos Diniz, responsável pelo indicador, que retrata as despesas das famílias com renda até oito salários mínimos e coleta de 30 mil preços.
A percepção não poderia ser diferente entre os moradores da cidade, que é polo do setor de prestação de serviços no estado. Como consumidora e comerciante do mercado de pneus, Marley Esteves da Silva, de 47, vive nas duas pontas as pressões dos preços. “A cidade tem boas redes supermercadistas, mas não há justificativa para a falta de concorrência. Os preços são muito parecidos e a reclamação é generalizada. Como comerciante, não tenho condição de deixar de repassar o aumento de preços (entre 7% e 8%) aos clientes, a maioria frotistas”, afirma. O publicitário Flávio Gomes Freitas, que também vive em Uberlândia, observou o esvaziamento dos shopping centers e viu retração na demanda de serviços no ramo em que atua. “A inflação preocupa, é claro. Começamos 2013 com uma ligeira elevação nos preços de material escolar, gasolina e cesta básica”, afirma. (Colaborou Simone Lima)
Mau começo
O que parecia mau agouro se confirmou no mês passado. A inflação prosseguiu em alta, liderada pelos alimentos e bebidas , despesas pessoais, saúde e cuidados pessoais. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu em sete das 11 regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, alcançou 0,86% em janeiro, ante 0,79% em dezembro. Foi a maior taxa mensal desde abril de 2005. Na Grande BH, o IPCA variou 0,73%, depois da elevação de 0,52% em dezembro. Movimento idêntico seguiu o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) referente às famílias com renda de um a cinco mínimos. Em janeiro, atingiu 0,79% na região metropolitana da capital mineira, frente 0,50% em dezembro. (MV)