Os gestores das empresas geradoras de energia elétrica dizem ter ficado "indignados" com a solução que o governo encontrou para socorrer as distribuidoras e a avaliaram como "arbitrária". É o que informou Luiz Fernando Vianna, presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine). "A medida mexe as regras do jogo no meio do jogo", definiu.
Os geradores de energia ficaram insatisfeitos porque passarão a pagar uma parte dessa conta. "Entendemos que houve uma intervenção sem precedentes no mercado. A questão não foi submetida à consulta pública, não foi discutida com o mercado", reclamou Vianna. Segundo ele, a medida prejudica contratos que já foram firmados. "Você tem muitas decisões que você toma olhando o ano inteiro. Se você muda as regras no meio do ano, você atrapalha o ano todo", explicou.
Vianna explica que, ao contrário das distribuidoras, as geradoras não podem repassar o gasto. "Os distribuidores pagam, mas no mês do reajuste da tarifa eles têm o reembolso. Para os geradores, o que vai ser pago é perdido, não há como recuperar", disse. "Realmente não tem justificativa para o governo ter feito isso, a não ser a arbitrariedade. A conta está muito alta de um lado, aí vamos ver com quem vamos dividir. Essa não é a maneira correta de fazer as coisas", reclamou.
A Apine informou que ainda não tem o valor extra que as geradoras terão que assumir. "Os técnicos estão analisando a extensão disso, mas são valores expressivos", disse Vianna. A associação considera inclusive a possibilidade de entrar na Justiça. "Fomos pegos de surpresa. Não vamos aceitar passivamente", afirmou.