Sete Lagoas – A fábrica inaugurada ontem pela Iveco para a produção de veículos de defesa deve começar a produzir em três anos blindados com tração 8 por 8, segundo o engenheiro eletrônico italiano Paolo del Noce, diretor-geral da divisão de veículos de defesa da empresa na América Latina. Por enquanto, apenas o tanque batizado de Guarani (tração 6 por 6) será feito na nova planta, construída ao custo de R$ 55 milhões e que funciona no mesmo terreno da montadora em Sete Lagoas, na Região Central, a 70 quilômetros de Belo Horizonte, onde já são produzidos ônibus e caminhões.
“Com simples adaptações, a fábrica tem condições de produzir outros veículos de defesa”, disse o executivo. A nova planta tem capacidade para fabricar 10 versões de veículos de defesa. A lista inclui, além do Guarani, modelos cujas funções são voltadas para o socorro, o reconhecimento, as comunicações, entre outras. A concessionária, controlada pelo Grupo Fiat, mantém conversas com o Exército brasileiro sobre esses modelos e o de tração 8 por 8.
A ampliação da linha de produção poderá aumentar o percentual nacionalização do Guarani, atualmente em 60%. Algumas peças, como uma caixa de câmbio, só são produzidas na Alemanha. O veículo, com capacidade para 11 pessoas e peso de 18 toneladas, começou a ser fabricado para atender o Exército brasileiro. Doze unidades já foram entregues para testes. A partir do terceiro trimestre, outras 86 serão encaminhadas pela montadora.
A nova fábrica tem capacidade para produzir 200 unidades por ano, mas, em princípio, apenas a metade será feita. Se trabalhar com sua rendimento máximo, a planta deverá responder por cerca de 15% do faturamento anual da montadora na América Latina. Forças Armadas de outras nações, como Argentina e Angola, também manifestaram interesse em comprar o Guarani. Qualquer negociação nesse sentido, porém, precisará do aval do governo brasileiro.
A planta inaugurada ontem ainda terá uma pista, que deve ser inaugurada até o fim deste ano, para testes dos blindados. Se tudo der certo, a pista também poderá ser usada por um modelo que a empresa estuda produzir no Brasil. Trata-se do jipe LMV, que vendeu cerca de 4 mil unidades nos últimos anos, é usado em campanhas e missões de paz por 10 países.
Caminhões
A Iveco começa a trazer ao Brasil até o fim do ano os 80 caminhões anti-incêndios, fabricados na Alemanha e negociados ao custo de R$ 141 milhões com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Os veículos serão usados nos aeroportos do país – essa foi umas das medidas exigidas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para que o Brasil fosse sede da Copa do Mundo em 2014.
A intenção da empresa é nacionalizar também essa produção, revelou ontem o presidente da Fiat Industrial na América Latina, Marco Mazzu, durante a inauguração da fábrica em Sete Lagoas. O evento contou com a participação do governador Antonio Anastasia e do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, além de outras autoridades.