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Estado de Minas

Indicador do BC mostra país na rota da recessão

Prévia do PIB recua 1,4% em maio, na maior retração mensal desde dezembro de 2008. Dado ruim derruba projeção para o ano e crescimento econômico deve ficar abaixo de 2,5%


postado em 13/07/2013 07:20

Brasília – Os indicadores conjunturais do país dão cada vez mais sinais de que a economia do Brasil caminha a passos largos para uma recessão. Ontem, foi a vez de a autoridade monetária anunciar dados que apontam o enfraquecimento da atividade econômica. Considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) mensal, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou queda de 1,4% em maio com relação a junho, a maior variação negativa desde dezembro de 2008, quando o Brasil sentiu o primeiro impacto da crise econômica provocada pela bolha imobiliária dos Estados Unidos.

Nem o mercado acreditava em um tombo tão grande do IBC-Br. A maioria dos analistas apostava em retração de, no máximo, 1,2%. Com relação a maio do ano passado, o crescimento é de 2,61% na avaliação dessazonalizada. E, na comparação em 12 meses, o IBC-Br de maio ficou em 1,89%.

A queda no IBC-Br ocorreu um mês após o BC iniciar o ciclo de alta dos juros, com o objetivo de combater o crescimento da inflação. Em abril, a autoridade monetária aumentou os juros básicos de 7,25% para 7,5% ao ano. Em maio, a taxa avançou para 8% ao ano. A última alta da Selic, esta semana, para 8,5% ao ano, já foi suficiente para o mercado financeiro revisar suas projeções do PIB anual para baixo.

Nenhum especialista ainda acredita num crescimento econômico próximo de 3% neste ano, como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, insiste em projetar. A maioria optou por rebaixar a expectativa, que agora varia entre 1,7% e 2,3%. Até para o BC, a expansão será menor, de 2,7%.

Todas essas mudanças nas previsões para o ano partem de revisões também para o segundo trimestre de 2013. Entretanto, a volatilidade dos indicadores econômicos no primeiro semestre confunde e assusta os economistas. Há quem não queira nem fazer projeções. “Nossa aposta era de 2,2% para o ano. Em princípio, esse número agora adquire um viés de baixa. Mas eu estou ressabiado de fazer uma análise para o segundo trimestre porque a confusão é tanta que está difícil entender os indicadores”, disse José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

Contas diferentes Tal dificuldade em ler os indicadores se traduz em apostas distantes dos números oficiais. O Espírito Santo Investment Bank (BES), por exemplo, projetava um IBC-Br de -0,3%. Na avaliação do economista do banco Jankiel Santos, o índice oficial apresenta forte volatilidade e descolamento do PIB. Para o primeiro trimestre, por exemplo, o IBC-Br apontou crescimento de 1,2%, quando o PIB confirmado foi a metade disso, de 0,6%.

“O IBC-Br tem sobrestimado o desempenho da produção brasileira desde o terceiro trimestre do ano passado, mas em maio foi consideravelmente pior do que nossos modelos foram sugerindo. O número foi um balde de água fria para todo mundo”, afirmou Santos, ressaltando que a previsão do banco para o semestre, agora, é 0,7%. “O resultado negativo fortalece a nossa visão de que a economia brasileira não tem a capacidade de crescer de forma sustentável”, acrescentou.

O Banco HSBC destacou que, apesar de ligeiramente abaixo do consenso, o IBC-Br ainda reflete o PIB previsto para o segundo trimestre, de 0,8%. A mesma projeção faz a Tendências Consultoria para o período. A instituição, no entanto, mantém a aposta em um PIB de 2,5% para 2013. “Porém, esse número está em revisão, com viés de baixa, sobretudo porque a atividade econômica está alternando altos e baixos”, alertou o economista da Tendências Rafael Bacciotti.

Cenário pior O Banco ABC Brasil tem estimativas mais negativas. Para a instituição, o indicador do BC é bastante fraco e reflete os dados ruins da produção industrial e do comércio. “Projetamos um PIB próximo de 0,6% no segundo trimestre, abaixo da nossa estimativa inicial de que, no período, observaríamos um crescimento de 0,8%”, explicou, em relatório.

Na avaliação do economista-chefe do INVX Global, Eduardo Velho, o resultado surpreendeu de forma negativa. “A queda de 2% da produção industrial e nas vendas do comércio indicava números negativos. A economia não está em franca desaceleração, mas apresentando uma “recuperação moderada” pela variação acumulada em 12 meses do PIB, que cresce desde o início deste ano, de 0,84% em janeiro para 0,91% em março e finalmente 1,74% até maio”, afirmou.

Economia a China desacelera

Pequim — À espera do dado oficial, que deve ser divulgado na segunda-feira, o mercado chinês estima que a economia do país asiático tenha registrado, no segundo trimestre, um crescimento de 7,5%, ante 7,7% nos três primeiros meses do ano. A projeção foi feita por 10 economistas. A desaceleração não implicará, por enquanto, mudanças na política de reformas estruturais que está em curso. Para o ministro das Finanças, Lou Jiwei, apesar da expectativa inicial de um Produto Interno Bruto (PIB) de 7,5% este ano, “se tivermos uma taxa de 7% ou 6,5% não será um problema”.

Em 2012, o país cresceu 7,8%, o pior resultado em 13 anos. A perspectiva cada vez mais concreta da piora dos números nos próximos meses fez soar alguns alarmes, apesar da aparente calma de Lou Jiwei. “Uma coisa é certa: o crescimento chinês no segundo trimestre será mais baixo que no primeiro”, que já foi “decepcionante”, comentou Yao Wei, economista da Société Générale em Hong Kong, que destaca a fragilidade da produção manufatureira.

Em junho, a atividade industrial chinesa sofreu a maior contração em nove meses, devido à lentidão da recuperação da economia dos Estados Unidos e da Europa e, também, ao fraco consumo interno, segundo um indicador do banco HSBC. Nos últimos anos, qualquer fragilidade do crescimento chinês levava as autoridades a injetar abundante liquidez para sustentar a economia, uma tendência que parece abandonada pela nova equipe governamental.

O novo ministro das Finanças prefere fortalecer o consumo interno para depender menos das exportações e dos investimentos, fatores tradicionais do crescimento do gigante asiático afetados pela crise global. Mas esse é um caminho que não “estimula a economia de imediato. As reformas propostas serão benéficas a médio e longo prazos, o que pressiona o crescimento”, afirmou Ma Xiaoping, economista do HSBC com sede em Pequim.

O principal pilar da economia chinesa continua sendo o setor industrial, que representa mais de 40% do PIB. “De forma geral, quando a atividade manufatureira cambaleia, arrasta com ela o crescimento”, disse Yao. Segundo ele, mesmo com os indicadores ruins, o governo chinês deverá prosseguir com as reformas iniciadas pelo primeiro-ministro Li Keqiang. Elas continuarão enquanto o crescimento e o emprego não caírem abaixo do limite (não informado) fixado pelo governo e a inflação não exceder o nível de tolerância, segundo declarações dele publicadas na página oficial do governo central esta semana.

Para Jian Chang, economista da Barclays, a política econômica de Li Kequiang (conhecida como “Likonomics”) se resume na “suspensão das medidas de ajuda à economia, desendividamento e reformas estruturais”, destinadas a reduzir o apoio dado às pouco produtivas empresas do Estado”.

Ajuste
A queda do setor industrial é “um ajuste doloroso, mas inevitável”, já que o excesso de capacidade industrial após as ajudas públicas massivas de 2008 e 2009 se transformaram em um grave problema diante da queda da demanda, comentou Jian Chang. Por isso, a “China necessita urgentemente encontrar novos fatores de crescimento”, alerta a analista do Barclays, que não exclui, durante esta transição, “uma aterrissagem brutal apesar de temporária, da economia”. Ao mesmo tempo, “as autoridades não flexibilizam sua política monetária e tratam inclusive de reduzir o crédito; os fatores para a recuperação (da economia) são muito limitados”, disse Yao.


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