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Estado de Minas

Rendimento da poupança fica maior com alta de juros

Com provável continuação do aumento dos juros pelo BC, a aplicação retoma rendimento de 0,5% ao mês esta semana


postado em 27/08/2013 06:00 / atualizado em 27/08/2013 07:42

Quinze meses depois de ter alterado a forma de remunueração da caderneta de poupança, o governo voltará a mexer na rentabilidade da aplicação financeira mais popular do país. Caso o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decida dar continuidade ao processo de elevação dos juros básicos da economia, que atualmente estão em 8,5% ao ano – o que o mercado vê como certo –, os depósitos feitos na caderneta deverão render pelo menos 0,5% ao mês. Hoje, a correção é definida por uma fórmula que contempla o pagamento de 70% da taxa básica de juros (Selic) mais a Taxa Referencial (TR). Como essa taxa quase sempre fica zerada, a rentabilidade paga é de, em média, 0,48% ao mês.

Parece pouco, mas, para especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, a diferença de 0,2 ponto percentual ao mês na correção da poupança servirá para tornar ainda mais atraente as aplicações na caderneta. “Hoje, sem dúvida, a melhor opção de investimento para o pequeno investidor é a poupança, porque, além de ser isenta de Imposto de Renda (IR), ela é fácil de entender e absolutamente segura na hora de receber”, disse o diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello.

Mesmo antes de o governo mudar a forma de cálculo da caderneta, em maio de 2012, os depósitos na poupança já vinham superado os saques mês a mês. Em julho, a chamada captação líquida chegou a R$ 9,331 bilhões, o maior resultado já registrado para meses de julho e o segundo melhor desempenho da história, ficando atrás somente do de junho deste ano, quando os depósitos superaram os saques em R$ 9,451 bilhões. Em agosto, até o dia 20, o saldo está positivo em R$ 1,914 bilhão, segundo dados do BC.

Fundos Tamanho apetite pela caderneta reflete o baixo interesse do brasileiro por modalidades de investimento menos conservadoras, como fundos de renda fixa. Normalmente, essas aplicações costumam pagar prêmios superiores aos da caderneta. Essa lógica se inverteu, no entanto, a partir do momento em que os juros básicos caíram ao menor patamar histórico, 7,25% ao ano. Como são tributados pelo IR e também cobram taxa de administração dos cotistas, os fundos acabam sendo menos vantajosos que a poupança na maior parte dos casos.

Um levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac) mostrou que, independentemente do prazo de resgate da aplicação, apenas os fundos com taxa de administração inferior a 0,5% ao mês conseguem bater a caderneta (veja quadro ao lado). Porém, conforme esclareceu a entidade, essa taxa normalmente só é oferecida para aplicações de valores superiores a R$ 50 mil.

Para o especialista em finanças pessoais Silvio Paixão, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), apenas se os juros básicos subirem acima de 10% ao ano os fundos voltariam a se tornar mais vantajosos que a poupança. “Qualquer patamar abaixo disso, eu recomendo a caderneta, não só pela remuneração, mas porque é uma aplicação que não exige muito conhecimento nem esforço de compreensão”, disse.

Fábricas sustentam PIB

Apesar das divergências em relação à expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano, para a maioria dos especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, a indústria será o principal impulsionador do crescimento no período. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o PIB de abril a maio na próxima sexta-feira e as previsões variam de 0,47% a 1,1% da alta em relação aos primeiros três meses do ano. Na avaliação dos especialistas, a recuperação da produção industrial em abril e junho, apesar da queda em maio, é o que vai contribuir para que o PIB do segundo trimestre não seja tão decepcionante quanto o do primeiro trimestre.

Selic deve chegar a 10%

Brasília – O cenário econômico brasileiro insiste em não melhorar. Os cinco analistas de mercado que mais acertam as projeções não veem outra saída: os juros voltarão para à casa dos dois dígitos até janeiro, pressionados pela alta do dólar e pela constante ameaça de inflação acima do teto da meta. Para o grupo apelidado de Top 5, a taxa Selic chegará ao início de 2014 em 10% e, na melhor das hipóteses, permanecerá se manterá nesse percentual ao longo de todo o ano de eleição.

A onda de desconfiança com o avanço da atividade brasileira segue generalizada. A moeda norte-americana começou em alta uma semana repleta de importantes divulgações macroecômicas. Mesmo com uma megaoperação do Banco Central em curso para conter o avanço do dólar, a partir de intervenções diárias, a divisa subiu 1,29% ontem, fechando a R$ 2,384, depois de, durante a sessão, ter rompido mais uma vez os R$ 2,40. No ano, a alta acumulada da moeda é de 16,58%.

O novo patamar de câmbio — e a nula garantia da eficácia do plano em vigor — dificulta ainda mais a missão do BC em controlar a escalada dos preços. Diante dessa situação desconcertante, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne hoje e amanhã. A aposta quase unânime é que os dirigentes da autoridade monetária decidam por uma alta de 0,50 ponto percentual nos juros, elevando a Selic de 8,5% para 9% ao ano. Ainda restarão dois encontros até dezembro.

Por mais que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenha dito ontem que o governo não permitirá “contágio do câmbio na inflação”, a desvalorização do real ante a moeda norte-americana já provocou reajustes de até 12% nas tabelas de setores como o de informática e o de alimentos e bebidas. “Há uma alta probabilidade de subida mais rápida da taxa de juros”, comentou o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn.

Inflação Não à toa o mercado financeiro, de acordo com o Boletim Focus, elevou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2013, algo que não ocorria há sete semanas. A estimativa do indicador oficial que mede a inflação saiu de 5,74% para 5,80%. "O governo deixou de lado o crescimento para segurar a inflação, mas acabou ficando sem nada", avaliou a professora de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Virene Macedo.

Com discurso semelhante ao adotado pela maior parte dos empresários, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), Fabio Arruda Mortara, criticou duramente o governo. O provável aumento dos juros é considerado por ele “remédio amargo para segurar a inflação”. “O governo ficou refém da Selic em decorrência de erros da política econômica”, atacou ele.


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