As vendas de medicamentos no Brasil devem encerrar o ano com crescimento de 13%. Se confirmadas as estimativas, alcançará a marca recorde de R$ 56 bilhões, de acordo com previsões das indústrias do setor. A expansão das farmacêuticas será puxada novamente pelos genéricos, que registram expansão robusta ano a ano, acima de dois dígitos, desde seu lançamento há 13 anos.
No acumulado de janeiro a outubro, as vendas totais de remédios somam R$ 48,3 bilhões, um aumento de 17% sobre igual período do ano anterior, de acordo com dados da consultoria IMS Health obtidos com exclusividade pelo Estado. No mesmo período, as vendas só de genéricos atingiram R$ 11,396 bilhões, alta de 24%. Em 2012, as vendas de medicamentos totais foram de R$ 49,6 bilhões.
"Esse resultado mostra que o mercado de genéricos tem se consolidado no País", afirma Telma Salles, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos).
De acordo com a entidade, desde que foram criados, os genéricos geraram R$ 40,8 bilhões em economia aos consumidores. Esses medicamentos, por lei, têm de ser, no mínimo, 35% mais baratos que os de referência (com patente). Até outubro, a participação dos genéricos na venda total de medicamentos representou 24% da receita. A expectativa é que essa fatia dobre nos próximos anos.
Apesar do crescimento tímido da economia para este ano, o setor de medicamentos vai crescer o equivalente a cinco vezes o Produto Interno Bruto (PIB), afirma Nelson Mussolini, presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma).
"O atual nível de emprego contribui em muito para a indústria", diz. "Costumo dizer que um desempregado, quando tem dor de cabeça, apaga a luz do quarto e vai dormir. Agora, o momento é outro. O aumento de renda elevou o acesso da população aos medicamentos", diz Mussolini.
Para 2014, as indústrias projetam crescimento parecido com o deste ano. A expectativa de expiração de dez patentes de medicamentos no próximo ano deverá impulsionar o segmento de genéricos.
Segundo o presidente do Sindusfarma, não há previsões de grandes riscos que possam comprometer a expansão do setor no próximo ano. As indústrias deverão ter sua rentabilidade afetada, em razão do aumento dos custos de produção. "A folha de pagamentos subiu cerca de 8,5%. Sem contar o câmbio, que iniciou o ano a R$ 1,80 e deve encerrar perto de R$ 2,40. As indústrias importam cerca de 70% dos insumos para medicamentos", diz Mussolini.
Patente. Levantamento da Pró Genéricos, com base nos dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), mostra que dez produtos de referência (inovadores) terão as patentes vencidas. Esses dez produtos registraram receita nos últimos 12 meses de R$ 761,6 milhões no varejo farmacêutico brasileiro, de acordo com o IMS Health. Entre os medicamentos previstos para perder a patente estão o Cialis (para disfunção erétil) e o Cymbalta (antidepressivo e analgésico), ambos da Eli Lilly; Celebra (anti-inflamatório), da Pfizer; e o Avalox (antibiótico) da Bayer.
A expectativa é de que as indústrias produtoras de genéricos façam investimentos de US$ 1,5 bilhão na ampliação da capacidade produtiva, desenvolvimento de novos genéricos, de acordo com a entidade.
No País, há 102 laboratórios fabricantes de genéricos. No ranking das dez maiores empresas farmacêuticas, oito produzem ou têm linha de medicamentos genéricos.
Desde 2009, o setor tem sido alvo de um forte movimento de consolidação, com o interesse de multinacionais em comprar o controle ou participação em indústrias nacionais com o foco em genéricos, com objetivo de diversificar o seu portfólio. Essa tendência ganhou força depois com a redução de medicamentos "blockbusters" (campeões de venda).