
Com o casamento marcado para novembro e com o sonho de conquistar a primeira casa própria, o funcionário público Felipe Augusto Gomes Diniz, de 28 anos, começou a olhar apartamentos para comprar em 2011. Depois de muito pesquisar, ele fechou negócio com uma construtora, comprando o imóvel ainda na planta. A maior dificuldade no início foi a burocracia do banco para assinar o contrato. Foram longos seis meses de negociação. Quando ele finalmente consegui assinar o contrato, com uma entrada de R$ 26 mil, vieram as surpresas: atraso na obra e mais taxas para serem pagas. “O apartamento, que era para ser entregue em janeiro de 2013, ainda está em construção. A previsão agora é para agosto do próximo ano”, conta.
As surpresas não pararam por aí. Mesmo com o atraso na entrega, o casamento não pôde ser adiado, uma vez que tudo já estava programado. Hoje casado, Felipe precisa desembolsar pelo aluguel R$ 600 acima da prestação que ele pagaria pelo apartamento, se ele já estivesse pronto. Além disso, a taxa de evolução de obra cobrada pela construtora, que antes era de até R$ 10, no último mês saltou para R$ 235. “Já paguei mais de R$ 1 mil de taxas na hora de fazer o financiamento e agora estão cobrando mais essa que não será abatida em meu saldo devedor. É difícil ter que pagar aluguel, mais taxa e depois mais prestação. Nossos planos tiveram que mudar e não sabemos como vai ser daqui para frente”.
A psicóloga Letícia Aburachid conta que adiou o sonho de se casar e ter a casa própria por pelo menos um ano. Depois de pesquisar alguns imóveis, ela se assustou com os valores pedidos pelo mercado e com as taxas que deveria pagar para transferência como o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que cobra taxas de até 2,5% do valor do apartamento. “Procurava um imóvel de R$ 150 mil, mas não acho. Os preços estão acima de R$ 230 mil”, lamenta. Ainda de acordo com Letícia, pelos cálculos já feitos, ela gastaria em média R$ 10 mil para pagar as taxas. Para tentar conseguir um preço mais em conta, ela pretende aplicar o dinheiro que seria dado de entrada na aquisição do imóvel por um ano.
Especialista em direito do consumidor, o advogado Cláudio Lindsay aconselha o comprador a se planejar. “É importante saber o quanto vai ser gasto com taxas e como será o financiamento. A pessoa pode negociar o custo total com o vendedor, buscando embutir as tarifas no valor do imóvel”, explica. Ele aconselha que o comprador não comprometa mais do que 30% da renda com parcelas. “Nada impede alguém de desistir do negócio no meio do processo. Mas a pessoa perde as taxas pagas”, diz. (Com Rodolfo Costa)