Uma liminar expedida pela Justiça Federal, em ação civil pública impetrada pela Prefeitura de Pirapora (Norte de Minas), impede temporariamente a continuidade da redução da vazão do reservatório da Usina de Três Marias. Por determinação do Operador Nacional do Sistema de Energia (ONS), em março, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) baixou a vazão do reservatório da usina de 500 mil litros por segundo para 300 mil litros por segundo. Em abril, a vazão foi reduzida para 250 mil litros por segundo, com a previsão de que neste mês seria diminuída mais ainda, para 200 mil litros por segundo.
A medida foi tomada para garantir o funcionamento da hidrelétrica, tendo em vista que o nível do reservatório ficou muito baixo (com 19% da capacidade em abril), por causa da falta de chuvas. Porém, a Prefeitura de Pirapora (53,3 mil habitantes), primeira cidade ribeirinha situada abaixo da hidrelétrica de Três Marias, alegou que o município foi muito prejudicado com a redução do volume do Rio São Francisco. A prefeitura entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal, argumentando que, se a quantidade de água liberada pela usina for reduzida para menos de 250 mil litros por segundo, o abastecimento de água da cidade será comprometido.
A ação civil pública foi protocolada pelo prefeito de Pirapora, Heliomar Valle da Silveira (PSB), e pelo procurador do município, Fidelis da Silva Filho. Eles solicitam que a vazão de Três Marias seja mantida em 250 mil litros por segundo por mais 60 dias. Dentro desse prazo será construído o novo sistema de captação de água para o abastecimento da população. A prefeitura alerta que, caso a quantidade de água liberada do reservatório da usina sofra novas reduções antes da mudança da captação, “a cidade poderá ficar sem abastecimento de água potável, com graves e irreversíveis danos econômicos e sociais”.
O prefeito chama a atenção para os riscos de problemas para a Saúde (serviços de terapia intensiva e de hemodiálise), funcionamento de escolas e até para a possibilidade “de fechamento do comércio e das indústrias”. A representação também teve parecer do procurador da República em Montes Claros, Marcelo Malheiro Cerqueira, que propôs o prazo inicial de 30 dias para a manutenção mínima da vazão de Três Marias em 250 metros cúbicos por segundo.
Ele também recomendou que, dentro desse mesmo prazo, a prefeitura comprove o início das obras do novo sistema de captação de água. A medida foi acatada pelo juiz Alexeysuus Mann Pere, da Primeira Vara da Justiça Federal de Montes Claros, que concedeu a liminar. A Cemig informou que mantém a vazão em 250 mil litros por segundo, conforme solicitação da prefeitura de Pirapora.
Furnas
Anteontem, as prefeituras de Delfinópolis, Passos e São João Batista do Glória, todas em Minas, conseguiram, na Justiça, uma liminar que proíbe Furnas Centrais Elétricas de liberar o reservatório da Usina Mascarenhas de Moraes, localizada entre Ibiraci e Delfinópolis, ambas no Sul do estado. O Operador Nacional do Sistema (ONS) determinou neste mês que a água da usina, a única no Sudeste do país com nível razoável (74,9% da capacidade), seja liberada para outras hidrelétricas, visando garantir a produção de energia, principalmente durante a Copa do Mundo.