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Estado de Minas

Medidas incipientes não resolvem problemas e os custos dos acidentes


postado em 22/06/2014 07:00 / atualizado em 22/06/2014 08:09

Para os especialistas, apenas leis mais duras contra os motoristas, como a Lei Seca, apesar de positiva para contribuir com a redução de acidentes, não resolverão os problemas no trânsito, muito menos diminuirão a mortalidade pela metade como é esperado para que o país atinja níveis mais aceitáveis mundialmente. Para Julio Waiselfisz, da Flacso, apesar da inflexão no crescimento da violência até 2007, houve uma retomada da antiga fúria nos últimos anos, especialmente por conta do aumento do uso da motocicleta, a opção de mobilidade para o trabalhador de baixa renda que não consegue comprar um automóvel ou mesmo não quer ficar parado no trânsito.


Pelas contas do especialista, além dos custos das mortes nas rodovias do país (R$ 34 bilhões) e os custos dos acidentes nos aglomerados urbanos (R$ 10,6 bilhões), foram gastos R$ 44,6 bilhões com os acidentes de trânsito, e o veículo com maior índice de acidentes é a motocicleta. “A moto se transformou no transporte do pobre. Acreditava-se que ela solucionava o problema da mobilidade urbana das classes menos favorecidas, abrindo uma fonte de trabalho, mas o que aumentou nesses últimos anos foi a morte dos ciclistas. Em 2001, foram registradas 1.400 vítimas fatais, e esse número aumentou 10 vezes em 2011,  14 mil”, alerta.


Para ele, os problemas de mobilidade urbana demandam tempo para mudança e, para começar a melhoria, é preciso que os governos assumam definitivamente seu papel. “A lei de trânsito é bem clara. É dever dos órgãos competentes adotar medidas para assegurar o direito do cidadão o exercício do trânsito seguro. A responsabilidade das mortes no trânsito é do governo, mas ele se omite. Ele procura fazer o mais fácil, que é criar normas e regras e multar as pessoas em vez de executar um plano bem elaborado para resolver os gargalos da mobilidade urbana", destaca o especialista, que reclama da falta de transparência dos dados dos órgãos responsáveis para fazer o levantamento das mortes. Pelas contas do especialista, até 2020, deverão morrer 196,2 mil motociclistas.


Procurados, o Palácio do Planalto e o Tesouro Nacional não retornaram até o fechamento desta edição. O Ministério da Previdência informou que não tinha porta-voz disponível para comentar o assunto, mas avisou que vem tomando medidas para dividir o ônus das indenizações com aqueles que provocam um acidente fatal ou lesões permanentes.


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