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Estado de Minas

Gargalos impedem crescimento maior do agronegócio

Impostos sobre a produção, além da falta de infraestrutura, provocam prejuízos de R$ 42,6 bilhões para o setor agrícola nacional. Deficiências impedem avanço no campo


postado em 22/06/2014 07:00 / atualizado em 22/06/2014 08:15

 Antonio Temoteo

Trator em plantãção de cana de açucar; custo do equipamento poderia ser 29,24% menor sem tributação(foto: Valdemar Oliveira/Divulgação)
Trator em plantãção de cana de açucar; custo do equipamento poderia ser 29,24% menor sem tributação (foto: Valdemar Oliveira/Divulgação)

Brasília – Os preços das commodities agrícolas em alta e os ganhos de produtividade graças a pesados investimentos em tecnologia permitiram que os agricultores brasileiros se tornassem grandes exportadores de grãos e faturassem alto nos últimos anos. Mas o único setor da economia que cresce em um cenário de quase estagnação enfrenta três obstáculos que impedem avanços ainda maiores. Estudos de analistas da área mostram que a cobrança de impostos embutidos sobre o custo produção, a falta de infraestrutura – rodovias, ferrovias, hidrovias e portos – para o escoamento da safra e o déficit de armazenagem impõem perdas anuais de R$ 42,6 bilhões ao agronegócio, corroendo a rentabilidade dos produtos e impedindo mais investimentos.


O economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, calcula que os agricultores brasileiros pagaram R$ 21,1 bilhões em impostos embutidos sobre o custo de produção do arroz, do milho, da soja e do trigo na safra 2013/2014. Segundo ele, isso ocorre porque no Brasil a legislação determina que a tributação incida sobre o processo produtivo e não sobre a renda e o lucro. “Está errado cobrar impostos de uma máquina agrícola da mesma forma que um carro. Temos os custos de produção mais caros do mundo e isso tira a competitividade do produtor brasileiro”, critica.
Luz explica que o valor é apontado em estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), encomendado pela Farsul, que demonstra quanto de imposto é embutido sobre o custo de produção de cada cultura. Na cultura do arroz, a carga tributária chega a 30,26%, na do milho 27,1%, na da soja 27,05% e na do trigo 26,21%. O levantamento do IBPT para a Farsul também concluiu que um trator de 105 cavalos, com 12 marchas, 4x4, vendido por R$ 121 mil custaria R$ 85,6 mil sem a tributação total de 29,42%. Uma plantadeira e adubadeira de 15 linhas, comercializada por R$ 70,1 mil, sem os 26,75% de impostos, teria um preço de R$ 51,3 mil.

Transportes Luz também comparou os gastos dos produtores brasileiros e norte-americanos com logística para exportar soja para a China. O estudo concluiu que cada tonelada de soja que parte de Minneapolis para Xangai custa R$ 0,07 por quilômetro. No Brasil, a tonelada do grão que sai do norte do Mato Grosso até a Ásia tem o valor de R$ 0,16 por quilômetro. E a que sai do sul de Goiás R$ 0,21. A diferença nas despesas para transportar a produção, conforme a pesquisa da Farsul, está na base dos modais usados por cada país.


Enquanto no Brasil 53% dos grãos são transportados por rodovias, 36% por ferrovias e 11% por hidrovias, nos Estados Unidos 60% chegam até os portos por hidrovias, 35% por ferrovias e apenas 5% por rodovias. O gasto com barcaças que navegam pelo rio Mississipi é 84% mais barato do que o uso de estradas para escoamento de safra. A Farsul estima que se o país tivesse a mesma infraestrutura que a dos norte-americanos, os produtores daqui econoamizariam pelo menos R$ 9 bilhões.
Luz estima que esse desperdício crescerá 6% ao ano. Em 35 anos chegará a R$ 1 trilhão o prejuízo causado pelo apagão logístico. “Temos custos de produção muito altos e ainda gastamos demais para transportar os grãos até os portos. O Brasil tem um potencial de usar 50 mil quilômetros de hidrovias para escoar a produção e isso é mais do que os 41 mil quilômetros usados pelos norte-americanos. Precisamos tirar do papel esses projetos para sustentar o crescimento do agronegócio”, comentou ele.


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