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Estado de Minas

Banco Central deve anunciar hoje manutenção dos juros em 11%

Mercado aposta em manutenção da taxa, embora especialistas acreditem que só uma alta consistente possa frear a inflação


postado em 16/07/2014 06:00 / atualizado em 16/07/2014 07:08

Brasília – O Banco Central deve anunciar hoje a manutenção dos juros básicos da economia em 11% ao ano, patamar que, mesmo não sendo alterado, ainda dá ao Brasil o posto de campeão mundial de juros reais. Com a decisão, o BC sinaliza estar mais preocupado em não jogar o país numa recessão do que, efetivamente, em trazer a inflação para baixo. Até junho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o parâmetro para o custo de vida nacional, cravou alta de 6,52%, superando, assim, o teto da meta de inflação, de 6,5% ao ano.

O que dificulta a retomada da alta de juros, dizem os analistas, é o baixo crescimento econômico. No primeiro trimestre, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi de apenas 0,2%, um dos menores crescimentos no mundo. Mesmo países avançados, que têm sofrido mais com a crise, registraram taxas mais elevadas que a brasileira no período. É o caso de Japão e Coreia do Sul, que avançaram 1,5% e 0,9%, respectivamente, e de Alemanha e Reino Unido, com alta de 0,8% cada um. O problema é que, se já não estava bom, o crescimento econômico tende a desabar nos próximos meses.

Bancos e corretoras revisaram recentemente as apostas de alta do PIB. “Se, até recentemente, um crescimento de apenas 1% era tido como extremamente pessimista, agora, o 1% passou a ser o teto das previsões do mercado”, emendou a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

O Itaú Unibanco, a maior instituição financeira do país, cortou a projeção de alta do PIB de 1% para apenas 0,7% em 2014. O economista-chefe da instituição, Ilan Goldfajn, justificou a revisão “em face da evidência de uma atividade econômica corrente mais fraca e de deterioração da confiança de consumidores e empresários”, conforme escreveu em relatório a clientes. “Esperamos crescimento negativo do PIB no segundo trimestre, seguido de uma recuperação, durante o segundo semestre, mais lenta do que nossa projeção anterior”, assinalou o economista, que atuou como diretor de Política Econômica do BC no início do governo Lula, em 2003.

O consenso no mercado financeiro – e também no governo – é que a alta de juros, embora necessária para interromper a escalada da inflação, aprofundou o quadro de deterioração do crescimento econômico. Nos últimos três anos, a média de crescimento do PIB foi de apenas 2%, bem menos que a metade da média alcançada durante o segundo mandato de Lula, de 4,6%.

Ao mesmo tempo, a inflação, que deveria ter caído após a elevação dos juros básicos, continua em alta. A expansão de 6,52% do IPCA até junho, no acumulado em 12 meses, apenas sinaliza, na visão do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, que dias piores virão. Nas contas dele, o custo de vida seguirá acima do teto da meta por mais cinco meses, alcançando seu ápice em setembro, ao bater em 6,82%.

Não por outro motivo, Perfeito defendia a continuidade da alta de juros, e não uma pausa prolongada no processo, como o BC poderá indicar ao fim da reunião de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom). “A única forma de a inflação cair hoje seria com juros muito mais altos do que 11% ao ano, mas esse é um esforço que nenhum governo toparia justamente em um ano de eleições”, disse o economista.


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