O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Secretaria de Estado de Fazenda (SEF) e a Polícia Civil deflagraram nesta terça-feira a Operação Mustang, que apura crimes de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, e recupera ativos desviados do erário público do estado. A ação já cumpriu mandados de busca e apreensão em duas residências e na sede das empresas Pohlig Heckel, em Contagem, e Movi MBC, em Belo Horizonte, que têm uma dívida de R$ 32 milhões com a Receita Estadual. De acordo com o promotor do caso, Fábio Reis de Nazaré, só nesta terça-feira, foram apreendidos mais de 70 carros clássicos, que pertencem ao colecionador, proprietário das empresas. Só de veículos apreendidos, a quantia já chega a R$ 20 milhões, segundo o promotor.
Ainda de acordo com Fábio Reis de Nazaré, entre os carros apreendidos há raridades cobiçadas por colecionadores de todo o mundo, como Rolls-Royce, que teria pertencido à Rainha da Inglaterra Elizabeth II, com valor aproximado de R$ 800 mil, além de um Chevrolet Camaro, usado nas filmagens de um dos filmes de 007, no valor de R$ 480 mil. Compõem também a frota um Jaguar e vários Ford Mustang, entre modelos clássicos e novos, o que deu origem ao nome da operação. Os veículos ainda não passaram por avaliação oficial e, segundo o promotor, há mais carros para serem apreendidos em cidades do interior, como Barbacena, na Zona da Mata. As apurações indicam que o principal sócio e gestor das empresas adquiriu os carros antigos de alto valor de mercado, além de patrocinar corridas de automóveis. Principal alvo das investigações, o grupo Pohlig Heckel (PHB) é composto por três empresas.
Segundo o promotor Fábio Reis de Nazaré, também foram apreendidas armas e munições, além de R$ 140 mil bloqueados da conta bancária de um jovem de 19 anos, filho do principal sócio e gestor das empresas. Participam da operação dois promotores de Justiça, dois delegados de Polícia Civil, 10 auditores fiscais e 13 agentes policiais. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça.
O trabalho conjunto da Polícia Civil e do MPMG, com o apoio da Receita Estadual, aponta que o empresário transferiu grande parte do patrimônio para o filho e para outros parentes. Um jovem de 19 anos, cuja renda declarada não ultrapassa R$ 3 mil ao mês, é proprietário de 77 veículos de colecionador. Ainda de acordo com as investigações, o rapaz também recebeu do pai pelo menos três imóveis de alto valor e é dono da empresa Movi - MBC Sistema de Automação, que tem 11 veículos antigos em seu nome.
O promotor informou ainda que "os próximos passos serão a abertura do processo criminal e o pedido de alienação dos veículos. Os suspeitos poderão responder por posse ilegal de arma de fogo, sonegação fiscal e lavagem dinheiro", comenta Fábio de Nazaré.