Por outro lado, a alta demanda por destinos brasileiros tem encarecido as viagens nacionais e, quem fechou com antecedência, conseguiu preço melhor. De acordo com a Abav, hoje, apenas 30% dos pacotes estão disponíveis para comercialização. A gerente da Primus Turismo, Rosana Queiroz, afirma que os atrasados podem pagar até 50% mais caro pela viagem que deixou de programar com antecedência. Ainda segundo Rosana, dependendo do destino, o turista não acha mais pacotes disponíveis. “Se a pessoa programa antes, consegue pacotes melhores e mais baratos. No fim de ano, é natural o aumento da demanda e, por isso, tudo fica mais caro, principalmente as passagens aéreas”, completa.
A gerente de marketing Larah Santana não programou sua viagem de férias e, por conta da valorização da moeda estrangeira, trocou a viagem de Roma, na Itália, para Itacaré, na Bahia. Com 15 dias de férias, a ideia era fazer um curso de italiano no exterior, mas o preço da viagem que ficaria em torno de R$ 6 mil saltou para R$ 9 mil em menos de 15 dias. “O valor inicial era o que eu planejava gastar, mas com a alta do dólar, a viagem ficaria fora do orçamento planejado. Vou para Itacaré, gastando metade do que eu gastaria, e descansar. Se a moeda voltar a ficar mais barata, penso no curso depois”, explica.
FIM DE ANO Em outra agência, na Ytur Turismo, a diretora Regina Casale afirma que para datas como Natal e réveillon, os pacotes já estão 90% vendidos, mas ainda há opções para quem tiver disponibilidade de viajar em outra data ainda no mês de janeiro. “As pessoas estão optando por pacotes mais econômicos. Antes, viajar para o Nordeste estava no mesmo preço que viajar para a Europa. Quem procura por pacotes na última hora, se assusta ainda mais com os preços, principalmente para Natal e réveillon. Mas, se a pessoa quiser viajar depois dessas datas, ainda é possível encontrar um pacote mais em conta.”
A operadora CVC informou que dezembro, janeiro e fevereiro formam a principal temporada para o setor. Em razão da proximidade do verão e da preferência pelos destinos de sol e mar, cerca de 60% do fluxo de clientes da operadora costuma viajar dentro do Brasil, em especial para a região de praias do Nordeste. Ainda de acordo com a operadora, a oscilação da moeda americana não interfere na viagem de quem programou com antecedência, uma vez que a conversão do dólar para o real é feita no momento em que o cliente faz a compra.
Para atender a demanda, a CVC prevê a contratação de mais de 300 voos fretados para viagens dentro do país. Dessas, pelo menos a metade vai desembarcar em Porto Seguro, na Bahia, saindo de 12 cidades brasileiras, entre elas, Belo Horizonte e Uberlândia. A operadora afirma ainda que já abasteceu seu sistema de vendas com 274 mil assentos extras, em 250 rotas nacionais. Sendo que a maior parte da oferta, 60%, está direcionada para o Nordeste, com destinos como Aracaju, Fernando de Noronha, Fortaleza, Ilhéus, João Pessoa, Maceió, Natal, Recife e Salvador.
Cidades históricas no roteiro
Outro destino em alta entre os brasileiros é Minas Gerais. A expectativa, segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens de Minas Gerais (Abav-MG), é de um crescimento de 20%, fomentado pelas cidades históricas de Ouro Preto, Congonhas, Lavras Novas e Tiradentes, além de Brumadinhho. A cidade entrou para a rota do turismo nacional e internacional por abrigar o Instituto Inhotim, um dos maiores acervos de arte contemporânea do mundo. “Há muitas operadoras de fora oferecendo Minas como destino, principalmente depois da Copa do Mundo. Recebemos muitos paulistas, cariocas e brasilienses, além de estrangeiros”, afirma Antônio da Matta, presidente da Abav-MG.
As agências receptoras, hotéis e pousadas comemoram o aumento da demanda e afirmam que a maioria dos pacotes já foram vendidos. Gerente da Libertas Viagens, Fernanda Fonseca, diz que a demanda nesta temporada está 30% maior do que nos anos anteriores. “Minas tem roteiros diferenciados, com belezas naturais, artesanato e outras particularidades que os turistas estão descobrindo.”
O advogado Eduardo Lúcio de Menezes é um dos que vão aproveitar a festa da virada do ano em Tiradentes. Com reserva de 10 dias programadas em um resort na cidade histórica, ele vai gastar cerca de R$ 6,5 mil para duas pessoas, com café da manhã e a festa de réveillon com ceia e música ao vivo. Segundo ele, a ideia é descansar e fugir da grande movimentação de aeroporto e da estrada. “Acho um preço razoável por tudo que vamos ter no lugar, com bom atendimento e ótima localização. Além disso, vamos no dia 24 e voltamos dia 4, fugindo da loucura que será nos aeroportos e estradas na véspera e pós data”, afirma. Proprietários de hotéis e pousadas de Tiradentes, Ouro Preto e Lavras Novas afirmam que já estão com 90% de ocupação reservada para o réveillon.