São Paulo, 15 - O Sistema Firjan, da Federação das Indústrias do Rio, projeta elevação média de 27,3% no custo da energia elétrica paga pela indústria brasileira em 2015, na comparação com este ano. O incremento viria, principalmente, da necessidade de reajustes mais expressivos das tarifas para que as distribuidoras de energia consigam honrar os empréstimos bilionários concedidos pelo governo federal e por bancos em 2013 e 2014. Para o ano seguinte, espera-se novo aumento médio, desta vez de 7,5%.
As previsões divulgadas nesta segunda-feira, 15, indicam que a energia paga pela indústria nacional custará em média R$ 459,20 por megawatt-hora (MWh) em 2015, ante R$ 360,70/MWh deste ano. A variação de quase R$ 100/MWh viria principalmente do ajuste das tarifas aos empréstimos bancários feitos às distribuidoras (R$ 43,3/MWh) e da adoção do sistema de bandeiras tarifárias (R$ 41/MWh).
Os problemas enfrentados pelo setor elétrico neste momento têm origem na falta de chuvas, na decisão do governo federal de apostar na construção de projetos hídricos sem grandes reservatórios e intermitentes e em problemas oriundos da Medida Provisória 579, a MP da renovação das concessões.
O texto, que em um primeiro momento contribuiu para redução média de 20% na tarifa de energia, estimulou na sequência um cenário de descontratação das distribuidoras. Para honrar compromissos, as empresas precisaram comprar energia no mercado de curto prazo a custos elevados e utilizaram recursos de bancos e do Tesouro. Os repasses ao setor somaram R$ 29,5 bilhões, dos quais R$ 11,7 bilhões oriundos do Tesouro e R$ 17,8 bilhões de instituições financeiras. Esse montante será compensado no decorrer dos próximos anos, a partir de reajustes mais expressivos das tarifas das concessionárias de energia, acrescidos dos juros das operações.
Já a bandeira tarifária prevê a cobrança de uma taxa adicional nas tarifas sempre que o custo de geração de energia ficar elevado. Serão criadas três categorias (bandeiras verde, amarela e vermelha), nas quais o consumidor pagará, a partir de janeiro de 2015, R$ 3,00 para cada 100 kilowatt-hora (kWh)quando a bandeira vermelha estiver acionada e R$ 1,50 por 100/kWh no caso da bandeira amarela. A bandeira verde não prevê a cobrança de taxa extra, porém a Firjan acredita que os anos de 2015 e 2016 devem se caracterizar pela incidência da bandeira vermelha durante todo o período.
O cenário traçado pelo Sistema Firjan também considera a expectativa de que o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas vai se recuperar apenas em 2017, por isso o acionamento das térmicas deve permanecer em 2015 e 2016. Outra premissa apresentada no estudo "Quanto custará a energia elétrica para a indústria no Brasil?" é a inserção de fontes mais baratas na matriz elétrica nacional, conforme previsto no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Competitividade
Diante da crescente trajetória de custos da energia no Brasil, a Firjan propõe a isenção para a indústria da cobrança de tributos sobre o aditivo tarifário trazido pelos aportes e empréstimos. O custo médio da energia em 2015, nesse cenário, ficaria em R$ 447,60/MWh, 2,5% abaixo do número previsto inicialmente. "A situação do País no cenário internacional é preocupante. As indústrias não conseguem mais suportar aumento de preço em um de seus insumos mais importantes como está ocorrendo", destacou em nota o gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan, Cristiano Prado.
Desde janeiro de 2013, ano em que o governo federal concedeu desconto às distribuidoras, o custo da energia para a indústria aumentou quase 90%. O custo atual, de R$ 360,70/MWh, coloca o Brasil na 8ª posição do ranking formado pelos países com energia mais cara no mundo. O levantamento reúne 28 nações e é liderado por Índia, Itália e Cingapura.