Os primeiros indicadores em 2015 não trouxeram boas notícias para a economia brasileira. Estudos que tratam da inflação, dos juros e do consumo mostram que o pífio desempenho dos principais setores em 2014 ainda causará reflexos neste ano. Tanto que a primeira edição do boletim Focus, divulgado toda segunda-feira pelo Banco Central com base na opinião de 100 instituições financeiras, reviu para baixo o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) neste exercício, de 0,55% para 0,50%. Apesar disso, empresários do comércio, dos serviços, da indústria e do campo desejam que os trabalhos da nova equipe econômica do Palácio do Planalto, agora sob o comando de Joaquim Levy, sinalizem a recuperação do volume de produção, do crédito e das vendas.
Na prática, os empresários aguardam pelos índices da esperança. Trata-se de indicadores que os orientam em medidas de curto e médio prazo, como investimento em mão de obra, estoques e linhas de crédito. Em Belo Horizonte, onde mais de 70% do PIB é formado pela dupla comércio e serviços, um indicador da esperança é o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pela Fundação Ipead/UFMG. Ele oscila de zero a 100, sendo 50 a fronteira entre a situação de pessimismo (zero a 50) e a de otimismo (50 a 100). Nos últimos 24 meses, todos os resultados foram abaixo da metade. O último, divulgado na terça-feira e referente a dezembro, ficou em 44,37.
O ICC orienta os empresários para os três meses seguintes. O indicador é composto por seis subíndices, cujas notas também oscilam de zero a 100. O primeiro é a inflação (nota 24,7 em dezembro): o avanço dos preços na capital mineira foi de 6,91% no acumulado de 2014 e tende a permanecer em expansão neste início de ano. “Essa tendência deve continuar. Para janeiro, espero uma inflação alta, pois há IPTU, reajuste da tarifa de ônibus (no fim de dezembro) e da energia elétrica (que deve ocorrer este mês)”, disse Eduardo Antunes, economista da Fundação Ipead, que ainda destacou outro indicador que ficou abaixo da linha da fronteira: o emprego (43,69).
A diferença entre o total de contratação e demissão na cidade ficou negativa em 2,6 mil postos em novembro no último balanço disponível pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em Minas Gerais, o saldo ficou negativo em 5.560 vagas. A abertura de vagas está condicionada a novos investimentos, como ressalta a economista Ana Paula Bastos, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). “Este ano será de arrumar a casa”, diz a especialista, ao se referir ao novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Outro subíndice do ICC é a situação econômica do país (nota 31,07).
PIB A nota baixa ajuda a entender a primeira edição do boletim Focus, que rebaixou a previsão de alta do PIB no país, de 0,55% para 0,50%. O baixo crescimento da economia previsto para 2015 foi sentida pelo subíndice do ICC chamado de pretensão de compra (46,07). Péssima notícia para o comércio, cuja alta nas vendas, em 2014, deve ficar em torno de 2%, uma das menores dos últimos anos – a CDL-BH vai divulgar o balanço nos próximos dias. A pequena empresária Gerci dos Santos, fabricante de roupões e toalhas, sente no bolso a redução nas vendas. Ela é dona de uma barraca na feira da Avenida Afonso Pena há 25 anos: “Antes, eu vendia quase 30 peças por domingo. Atualmente, vendo 14 ou 15”.
Sua amiga Emy Martins Silva, que fabrica roupas de bebê, também deseja o retorno de bons resultados com os “índices da esperança”. “Sou feirante há 27 anos e hoje (domingo passado) minhas vendas foram em torno de 30% menores do que eu costumava negociar. Para vir até aqui, gasto R$ 50 de táxi e R$ 35 do aluguel da barraca. Ao longo do ano, pago R$ 700 de uma taxa para expor a mercadoria na feira. Tomara que as vendas melhorem, porque estão fracas”, disse.
Apenas dois subíndices do ICC ficaram acima de 50 pontos, mas com notas não tão longe da fronteira: situação financeira da família em relação ao passado (54,52) e situação financeira da família (62,38). Pelo andar da carruagem, os lojistas acreditam que a recuperação do ICC não será tão fácil. Para piorar, o juro deve subir, o que inibe a compra de bens duráveis.
A taxa Selic, hoje em 11,75%, pode ultrapassar 12,5% em 2015, como acreditam especialistas. “As previsões do mercado em dezembro de 2014 apontam que a meta da taxa Selic em 2015 pode fechar em 12,5% ao ano. Concordamos com ela, sendo que pressões inflacionárias, principalmente relacionadas aos reajustes dos preços administrados e oscilações do câmbio, podem fazer a taxa alcançar o nível de 12,75% no fim de 2015”, conclui Caio Gonçalves, economista da Fecomércio-MG.
Na prática, os empresários aguardam pelos índices da esperança. Trata-se de indicadores que os orientam em medidas de curto e médio prazo, como investimento em mão de obra, estoques e linhas de crédito. Em Belo Horizonte, onde mais de 70% do PIB é formado pela dupla comércio e serviços, um indicador da esperança é o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pela Fundação Ipead/UFMG. Ele oscila de zero a 100, sendo 50 a fronteira entre a situação de pessimismo (zero a 50) e a de otimismo (50 a 100). Nos últimos 24 meses, todos os resultados foram abaixo da metade. O último, divulgado na terça-feira e referente a dezembro, ficou em 44,37.
O ICC orienta os empresários para os três meses seguintes. O indicador é composto por seis subíndices, cujas notas também oscilam de zero a 100. O primeiro é a inflação (nota 24,7 em dezembro): o avanço dos preços na capital mineira foi de 6,91% no acumulado de 2014 e tende a permanecer em expansão neste início de ano. “Essa tendência deve continuar. Para janeiro, espero uma inflação alta, pois há IPTU, reajuste da tarifa de ônibus (no fim de dezembro) e da energia elétrica (que deve ocorrer este mês)”, disse Eduardo Antunes, economista da Fundação Ipead, que ainda destacou outro indicador que ficou abaixo da linha da fronteira: o emprego (43,69).
A diferença entre o total de contratação e demissão na cidade ficou negativa em 2,6 mil postos em novembro no último balanço disponível pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em Minas Gerais, o saldo ficou negativo em 5.560 vagas. A abertura de vagas está condicionada a novos investimentos, como ressalta a economista Ana Paula Bastos, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). “Este ano será de arrumar a casa”, diz a especialista, ao se referir ao novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Outro subíndice do ICC é a situação econômica do país (nota 31,07).
PIB A nota baixa ajuda a entender a primeira edição do boletim Focus, que rebaixou a previsão de alta do PIB no país, de 0,55% para 0,50%. O baixo crescimento da economia previsto para 2015 foi sentida pelo subíndice do ICC chamado de pretensão de compra (46,07). Péssima notícia para o comércio, cuja alta nas vendas, em 2014, deve ficar em torno de 2%, uma das menores dos últimos anos – a CDL-BH vai divulgar o balanço nos próximos dias. A pequena empresária Gerci dos Santos, fabricante de roupões e toalhas, sente no bolso a redução nas vendas. Ela é dona de uma barraca na feira da Avenida Afonso Pena há 25 anos: “Antes, eu vendia quase 30 peças por domingo. Atualmente, vendo 14 ou 15”.
Sua amiga Emy Martins Silva, que fabrica roupas de bebê, também deseja o retorno de bons resultados com os “índices da esperança”. “Sou feirante há 27 anos e hoje (domingo passado) minhas vendas foram em torno de 30% menores do que eu costumava negociar. Para vir até aqui, gasto R$ 50 de táxi e R$ 35 do aluguel da barraca. Ao longo do ano, pago R$ 700 de uma taxa para expor a mercadoria na feira. Tomara que as vendas melhorem, porque estão fracas”, disse.
Apenas dois subíndices do ICC ficaram acima de 50 pontos, mas com notas não tão longe da fronteira: situação financeira da família em relação ao passado (54,52) e situação financeira da família (62,38). Pelo andar da carruagem, os lojistas acreditam que a recuperação do ICC não será tão fácil. Para piorar, o juro deve subir, o que inibe a compra de bens duráveis.
A taxa Selic, hoje em 11,75%, pode ultrapassar 12,5% em 2015, como acreditam especialistas. “As previsões do mercado em dezembro de 2014 apontam que a meta da taxa Selic em 2015 pode fechar em 12,5% ao ano. Concordamos com ela, sendo que pressões inflacionárias, principalmente relacionadas aos reajustes dos preços administrados e oscilações do câmbio, podem fazer a taxa alcançar o nível de 12,75% no fim de 2015”, conclui Caio Gonçalves, economista da Fecomércio-MG.