O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco revisou nesta sexta-feira, 13, a projeção para o cenário macroeconômico brasileiro para dados relacionados a 2015 e a 2016. Conforme relatório encaminhado ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do País no ano atual passou de uma queda de 0,5% para um declínio ainda maior, de 1,5%. Em relação ao PIB de 2016, a expansão anteriormente prevista de 2,0% passou para 1,5%.
Na avaliação do diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, a confiança das empresas e famílias ainda em queda, as incertezas relacionadas ao ambiente político e certa paralisação da atividade em cadeias importantes da economia foram os motivos que levaram a instituição à revisão do cenário de 2015. "Estamos ajustando para baixo as perspectivas para o PIB, ao mesmo tempo em que o realinhamento de preços administrados e a rápida depreciação da moeda brasileira pressionam a inflação, para altas superiores às esperadas meses atrás", destacou.
O diretor do Bradesco salientou que, a despeito dos desafios políticos "nada desprezíveis" e do "necessário ajuste fiscal", acredita que a resposta da política monetária deverá considerar a atividade econômica bastante deprimida, levando a taxa básica de juros ao nível de 13,50% ao ano, o que implicaria mais uma elevação de 0,50 ponto porcentual e outra de 0,25 ponto nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). O banco esperava anteriormente Selic de 13,00% no fim de 2015. Para 2016, a expectativa do Bradesco passou de 11,5% para 12,0% para os juros.
Especificamente para a inflação, o Bradesco elevou as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tanto de 2015 como de 2016. Para o ano atual, a previsão passou de 7,5% para 8,0%. Para o ano que vem, passou de 5,2% para 5,7%.
Segundo Octavio de Barros, o IPCA de 2015 terá um resultado bem mais elevado que o IPCA de 6,41% de 2014 em função da influência do realinhamento de tarifas administradas e da recomposição de impostos e contribuições, principalmente sobre preços de energia elétrica, que devem, de acordo com o economista, subir mais de 50% neste ano. "Em relação aos preços livres, mantemos nossa expectativa de algum arrefecimento nos preços de serviços, em reposta à piora esperada do mercado de trabalho e seus reflexos sobre o rendimento", avaliou. "No entanto, os primeiros dados deste ano sugerem que essa descompressão deverá ser lenta ao longo do ano, com sinais mais claros de convergência apenas no segundo semestre", complementou.
Quanto à revisão na expectativa do IPCA de 2016, o Bradesco salientou que os motivos são a inércia inflacionária maior que será herdada de 2015 e a depreciação cambial, "que reduziu muito a possibilidade de um reajuste negativo nos preços de combustíveis". "Alguns vetores observados em 2015, como o realinhamento dos preços administrados e a forte depreciação cambial, não deverão mais exercer pressão tão altista à frente, abrindo espaço para que o enfraquecimento da atividade cumpra seu papel de desinflar os preços ao consumidor", escreveu Octavio de Barros. "De fato, esperamos que os preços livres registrem a maior desaceleração interanual desde a crise de 2008, com descompressão generalizada, mas ainda em patamar elevado por questões inerciais", acrescentou.