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Estado de Minas PRETENSÕES DE GIGANTE DECOLAM

Aeroporto da Pampulha ganha 5 voos com destino a capitais e perde rotas regionais para Confins

Mudança impõe desafios à expansão do aeroporto e abre nova polêmica entre passageiros


postado em 10/05/2015 00:12 / atualizado em 10/05/2015 08:46

(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

A partir de amanhã, os voos regionais da Azul serão operados no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em troca, a companhia aérea transferiu para a Pampulha cinco linhas com destino a outras capitais. A alteração reconfigura o cenário da aviação desenhada para o estado nos últimos 10 anos. A mudança de rota da Azul retoma uma antiga polêmica sobre a capacidade operacional do aeroporto da Pampulha e os impactos do vaivém de aeronaves na vizinhança. O retorno dos voos abre a perspectiva de crescimento do terminal da capital mineira, mas há desafios que precisam ser superados.


Basta uma visita rápida ao aeroporto da Pampulha, batizado Carlos Drummond de Andrade, para reparar que o atual espaço disponível está longe de ser o adequado para receber milhares de usuários diariamente. O terminal de passageiros tem apenas uma lanchonete, duas esteiras de bagagem, quatro vasos sanitários no banheiro masculino e 77 cadeiras para os visitantes. No estacionamento, são 256 vagas. Em horários de pico, o saguão fica cheio com os quase 1 milhão de passageiros, por ano, que aguardam as próximas partidas e com aqueles que desembarcam.

O entra e sai das aeronaves é feito a pé. Os passageiros e tripulantes têm que caminhar do saguão para o avião, ficando suscetíveis ao vento e à chuva.

A comparação com os parâmetros do aeroporto internacional é desigual, assim como o número de passageiros – 10,9 milhões de pessoas ao ano. Confins comporta 10 vezes mais carros. O pátio de aeronaves é quatro vezes maior. O terminal de passageiros tem 11 vezes mais espaço e, mesmo saturado, atende melhor o passageiro. “A Pampulha não tem estrutura. Aqui uma hora demora a passar. Em Confins, parece que leva 10 minutos. Aqui não há o que fazer”, afirma o empresário Mário Éber, acostumado a viajar de Ipatinga para São Paulo.


O coordenador do curso de ciências aeronáuticas da Universidade Fumec, Deusdedit Carlos Reis, diz não ser contra o aumento de voos na Pampulha. “No entanto, as permissões para novos voos e para aeronaves de maior capacidade de passageiros devem ser tecnicamente muito bem avaliadas,  impedindo que situações de superlotação de passageiros no saguão do aeroporto e de aeronaves no pátio de manobras, vividas no passado, voltem a ocorrer”, afirma. Ele considera ainda “limitados os acessos” para as pessoas que têm que chegar e sair do aeroporto.


Com a readequação da malha aérea da Azul, a tendência é de aumento do fluxo de passageiros na Pampulha devido à maior demanda por voos para outras capitais. A maior proximidade do Centro faz com que os “homens de negócio” prefiram o terminal, principalmente para as viagens bate-volta – em que o passageiro embarca bem cedo e retorna na noite do mesmo dia.

Competitividade “Belo Horizonte perde competitividade com o aeroporto longe”, afirma o arquiteto Marco Aurélio Siqueira sobre a concentração de voos em Confins. A cada duas semanas ele vem à capital mineira a trabalho. Sempre desce no aeroporto internacional, sendo obrigado a percorrer os 40 quilômetros que o separam da Praça Sete. Situação bem mais cômoda ele encontra em São Paulo e Brasília, onde pode optar por Congonhas e JK.

Em defesa do fomento dos negócios, o governo estadual é defensor do maior uso da Pampulha. Ao seu lado está a Prefeitura de Belo Horizonte. Um diz que a reativação de alguns voos na Pampulha facilita o vaivém de empresários, enquanto a outra traçou um projeto que prevê investimento pesado na ampliação do aeroporto. A prefeitura negocia com a Infraero a desativação do terminal Carlos Prates, para que o local abrigue, por meio de uma parceria público-privada, empreendimentos imobiliários. O valor arrecadado com o projeto deveria ser destinado às obras no terminal da Pampulha para melhor receber passageiros.

“É algo inadiável”, afirma o secretário municipal de Desenvolvimento, Eduardo Bernis, sobre a proposta de desativação do Carlos Prates. Um dos argumentos do município é que acidentes recentes colocam em xeque a segurança da região. “Está mais do que claro que lá não há mais condição de operar”, repete. Ele defende a criação de um “aeroclube” em outra cidade da Grande BH.

Vizinhos reagem


A ampliação do Carlos Drummond de Andrade, no entanto, teria efeito significativo sobre a população dos bairros próximos do aeroporto. Com os novos voos da Azul, as associações de bairro já se manifestam contra o aumento da movimentação de aeronaves e passageiros. Dois fatores principais são alvo de críticas da comunidade: os ruídos e o efeito na mobilidade. “Falaram sobre o preço das passagens, a mudança dos horários dos voos, mas o impacto disso para os moradores foi 1% da preocupação”, reclama o diretor de Meio Ambiente da Associação dos Moradores dos Bairros São Luís e São José (Pró-civitas), Fábio Souza, sobre a discussão do tema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais na terça-feira. Acompanhado de outros representantes dos moradores, ele ameaça, inclusive, ir à Justiça para evitar transtornos.

Outro personagem da trama favorável ao aumento do número de voos na Pampulha é a Infraero, gestora do aeroporto. A medida contribuiria para a estatal encher os cofres em período de vacas magras depois das concessões de Confins, Viracopos, Brasília, Guarulhos e Galeão. O aumento do pagamento de tarifas aeroportuárias e outras receitas não operacionais podem contribuir para sustentar a empresa. A mudança dá novo rumo ao cenário da aviação planejado para o estado nos últimos 10 anos. Ao longo dos governos tucanos (Aécio Neves e Antonio Anastasia), o Aeroporto Internacional Tancredo Neves decolou de vez, tendo por atrás dele uma política de expansão do chamado Vetor Norte da Grande BH.


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