A Vale confirmou nesta segunda-feira ter cortado, neste mês, 25 milhões de toneladas de minério de ferro de sua produção. Em tempos de recordes de baixa no preço do insumo, a estratégia da mineradora é reduzir a compra de terceiros e trocar minério de baixa qualidade e com custo de produção mais alto por um de maior teor de ferro, o que garantiria margens melhores para o produto.
De acordo o diretor executivo de Ferrosos da empresa, Peter Poppinga, a redução foi feita nas reservas de Minas Gerais, nos sistemas Sul e Sudeste da mineradora. Na semana passada a empresa pôs 170 funcionários em férias coletivas por um mês nas minas de Feijão e Jangada (MG). Mesmo com o ajuste, a meta de produção de minério de ferro de 340 milhões de toneladas neste ano está mantida.
A reação do mercado foi imediata. A ação ordinária da mineradora, com direito a voto, subiu 8,12% ontem, a R$ 18,50, enquanto a PNA teve ganho de 6,59% (R$ 15,36) na Bolsa. No ano os papéis acumulam queda de 12,76% e 17,84%. Poppinga lembrou que a estimativa para as compras de minério de terceiros no ano, em torno de 14 milhões de toneladas, deverá cair para menos da metade. O executivo destacou que a Vale realizou recentemente um pequeno ajuste em seu quadro de funcionários e que já está de volta a uma "fase de normalidade"
"Tivemos a feliz coincidência de minas expandindo e os funcionários foram oferecidos a pegar essas outras vagas, transferindo outros de unidades e tentamos minimizar todas as consequências", disse. Segundo o Sindicato Metabase Itabira, a Vale já demitiu 300 pessoas em 2015 na cidade, contra uma média histórica anual de 120. Uma outra declaração de Poppinga que animou o mercado foi a análise de que os preços do minério parecem ter chegado ao piso e, assim, deverão se recuperar no médio prazo. A Vale estima que aproximadamente 50 milhões de toneladas de minério de ferro sejam retiradas de mercado na China neste ano. "Com o preço de US$ 60 a tonelada do minério de ferro, metade da produção chinesa estaria fora (se considerar a rentabilidade). Imagina agora com o preço em US$ 50 a tonelada. Fundamentalmente os preços têm de ser mais altos, mas há outros fatores financeiros e de mercado e o preço terá uma volatilidade grande para frente", disse o diretor.
O preço do minério de ferro passa por um ciclo de baixa desde o ano passado, com os preços caindo para os patamares mais baixos em uma década. Na semana passada, por exemplo, a cotação chegou a US$ 44 a tonelada e ontem fechou em US$ 49,9 a tonelada. Apesar disso, as grandes mineradoras continuam expandindo suas capacidades. "Não estamos olhando os nossos competidores, cada um tem a sua estratégia", destacou Poppinga ontem em conversa com jornalistas, após participar do 26º Congresso Brasileiro do Aço. "A Vale sairá mais forte desse momento de transição", disse, citando que a redução de custos da companhia já chegou a 50% neste ano.