Intervenções do governo brasileiro no mercado de câmbio, incluindo pelo uso de derivativos, podem ser apropriadas se o objetivo for conter excesso de volatilidade na moeda brasileira, afirmam os economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) em um relatório divulgado nesta terça-feira. Além de avaliar o desempenho do real, o documento recomenda que o Brasil prossiga com o esforço de consolidação fiscal.
"A intervenção no mercado de câmbio, incluindo pelo uso de derivativos, pode ser apropriada para resolver bolsões de excesso de volatilidade no mercado", afirma o relatório do FMI no tópico relacionado ao Brasil. Fora desse objetivo, a avaliação dos economistas da instituição é que o melhor é deixar o real flutuar. Por isso, o relatório destaca que foi positivo o fim do programa de swap do Banco Central em março.
O programa de intervenção do BC, afirma o documento, foi positivo para ajudar a conter o excesso de flutuações na moeda e estabilizou os fluxos de capital em meio à turbulência causada pelo sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), em meados de 2013, de que iria começar a mudar a política monetária do país. "Mas a sua extensão continuada pode ter retardado a convergência para uma taxa de câmbio mais competitiva e incentivado a tomada de risco pelo setor privado", ressalta a análise do FMI.
O real foi a moeda brasileira que mais se desvalorizou ante o dólar desde meados do ano passado, de acordo com um dos gráficos apresentados no estudo dos técnicos do FMI. A avaliação da instituição é que essa desvalorização era necessária, pois o real havia subido muito no pós-crise financeira mundial. A estimativa do estudo é que a divisa do Brasil estava entre 15% a 25% acima do nível consistente com os fundamentos da economia brasileira. Por isso, a desvalorização foi bem-vinda e o câmbio flutuante tem sido um importante absorvedor de choques, ressalta o relatório.
A avaliação dos técnicos do FMI é que o nível de reservas internacionais do Brasil, de US$ 370 bilhões, que vem se mantendo praticamente estável desde 2011, está "acima de níveis adequados" considerando vários critérios, incluindo métricas desenvolvidas pela Fundo, ressalta o estudo.
Fiscal
"A presente consolidação das constas fiscais deve continuar", completa o documento no tópico destinado ao Brasil no relatório sobre contas externas. Esforços adicionais para aumentar a poupança nacional são necessários, ressalta o documento.
O relatório destaca ainda que a relação entre as contas externas e o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve melhorar "moderadamente" em 2015. Por isso, a projeção é de que a posição externa do Brasil se fortaleça de alguma forma este ano.