Em mais um ato da interminável obra de ampliação e modernização do aeroporto de Confins, a expansão da pista de pousos e decolagens tem nova data para ser concluída: junho de 2016. O prazo estipulado significa atraso de 26 meses, sendo que inicialmente a obra deveria ser entregue em 14 meses. Detalhe: a Infraero excluiu partes do projeto contratado inicialmente. O restante deve ser executado pela BH-Airport. Ou seja, ao se considerar o escopo sem cortes, ao todo a obra vai demorar pelo menos três vezes mais que o tempo inicial.
Iniciada em fevereiro de 2013, o contrato previa a expansão conjunta do pátio de aeronaves e da pista de pouso. A obra deveria ser finalizada em abril de 2014, para ser usada na Copa do Mundo de futebol. Com os repetidos atrasos na execução do projeto, o prazo foi esticado para junho de 2016. A Cowan entregaria até a data todo o projeto, mas, alegando demora no repasse de verbas, a empresa chegou a ameaçar abandonar a obra. A estatal teria uma dívida de R$ 3 milhões de serviços já executados, alegava a construtora à época.
Em negociação com a Infraero, ficou acordado que a empreiteira terminaria somente a expansão da pista (o pátio já havia sido entregue) e outras obras previstas no contrato não seriam mais feitas pela empresa. A lista inclui reforma completa da atual pista de pouso e do pátio 1, construção de duas novas saídas rápidas e reforma das pistas de manobra de aviões. Com a redução do escopo, a obra deveria ser concluída em agosto do ano passado.
Mas o contingenciamento de recursos do governo federal resultou em novo atraso. Às vésperas do fim do prazo, a Infraero anunciou que a menor disponibilidade de verba faria com que o trabalho continuasse a passos lentos, com número menor de funcionários em atividade. O corte orçamentário atingiu ainda obras em aeroportos de Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Goiânia, Vitória e Macapá. “Em virtude de reajustes no orçamento do governo federal, o cronograma de conclusão dos trabalhos está sendo redefinido”, informou, em nota, a estatal na época do atraso.
Em agosto do ano passado, não foi estipulada nova data para finalizar a expansão da pista. Cinco meses depois, a estatal afirma que até junho o projeto será finalizado, ressaltando que o tamanho do contrato ficou menor. Até a medição de novembro, 62,8% da obra tinha sido executado. Pelo acordo entre Cowan e Infraero, a empreiteira vai concluir a extensão de 600 metros da pista e fazer a junção com os 3 mil metros existentes. A empresa já entregou a expansão do pátio de aeronaves, obra também prevista no contrato.
OUTROS ATRASOS O atraso na conclusão do projeto de ampliação da pista de Confins expõe a ineficiência na gestão e no planejamento de obras da estatal. A reforma era uma das etapas de melhorias no aeroporto internacional para a Copa do Mundo. Além desse contrato, outros dois foram firmados pela Infraero com promessa de conclusão anterior a junho de 2014. A lista incluía a reconfiguração do terminal de passageiros e a construção de um “puxadinho” para comportar a totalidade de viajantes confortavelmente.
A primeira obra está parada em litígio judicial. As empresas contratadas (Marquise/Normatel) questionam o valor repassado pelo governo federal. A argumentação é que o atraso no repasse de projetos de engenharia por parte da Infraero resultou em desequilíbrio financeiro. Pouco mais da metade da obra foi concluída. Neste ano, completam-se cinco anos do começo da execução do projeto.
A outra obra foi finalizada, com atraso, no ano passado. A concessionária responsável pela administração de Confins decidiu transferir os voos internacionais para o “puxadinho”. Não bastassem os atrasos da Infraero, a BH-Airport também já confirmou que não entregará no prazo a obra do novo terminal de passageiros. Ela deveria ser entregue em abril, mas a empresa projeta a conclusão para o fim do ano. Em caso de atraso nas intervenções previstas no contrato de concessão, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pode aplicar multas milionárias às empresas.