Termômetro do grau de fervura da crise na economia real, aquela que produz, consome e paga impostos, ficando sujeita aos tombos provocados pelas canetadas dadas nos gabinetes de Brasília, a indústria de embalagens começa a ver um feixe de luz da tão esperada recuperação das fábricas. O ritmo de operação do setor acaba de marcar o zero a zero frente ao ano passado em alguns segmentos, como o de caixas de papel ondulado, ou ainda se debate no campo vermelho dos números, mas com quedas menores desde maio, como o de vidro e material plástico. Com certo alívio, os fabricantes passaram a trabalhar num cenário de reação das encomendas dos clientes neste mês e em agosto, sobretudo das indústrias de bens de consumo (de alimentos a eletroeletrônicos).
Se mais papel, papelão, material plástico e vidro forem demandados neste segundo semestre, significa que as engrenagens da indústria já podem ter passado pelo fundo do poço. Período tradicionalmente mais aquecido para a produção industrial em razão das encomendas do Natal, os próximos meses contribuem por si só para a virada de expectativas dos fabricantes de embalagens, mesclados à elevação dos níveis de confiança da indústria medidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Os dados mais recentes sobre o comportamento do setor de embalagens de janeiro a abril, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam um freio na retração do volume que saiu das fábricas (veja quadro). A produção acumulada no primeiro quadrimestre caiu 7% em média, frente a idênticos meses de 2015, ante reduções de 7,8% de janeiro a março e de 7,5% no primeiro bimestre. Os indicadores apurados pela Fiemg mostram aumento de 1,3% das horas trabalhadas de janeiro a maio, um bom sinal, apesar de o faturamento ter ficado 1,6% abaixo do verificado nos mesmos meses do ano passado, ainda assim, uma queda bem inferior aos 3,1% negativos verificados de janeiro a março último. Os dados devem ser vistos, de fato, com reservas, uma vez que a pesquisa da Fiemg inclui no resultado da produção de papel e papelão o desempenho da indústria de celulose, grande exportadora.
Realista, mas confiante num cenário de recuperação da economia mais curto do que imaginou, o industrial Antônio Eduardo Baggio, presidente do Sindicato da Indústria de Celulose, Papel e Papelão de Minas Gerais (Sinpapel), acredita que setembro já vá indicar como a indústria fechará o ano. “O caminho é de recuperação, mas retomada da economia só virá com três a quatro anos de políticas corretas”, afirma. Para quem acha que a reação é pouco, Baggio, que é dono da fabricante Imballaggio, de Lagoa Santa, na Grande Belo Horizonte, define sem rodeios a atual situação das fábricas: “Está de pé quem ficou vivo”, afirma.
O sentimento dos fabricantes de embalagens é de que “o pior já passou”. A impressão é da diretora-executiva da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), Luciana Pellegrino. As encomendas de maio e junho observadas pela Associação Brasileira de Papel Ondulado (ABPO) seguem na mesma toada. A expedição das fábricas em tonelagem ganhou mais fôlego, tendo caído 0,32% em maio frente a esse mês de 2015, ou seja, perderam por menos de 1 mil toneladas de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado em volume que deixou as linhas de produção, e o desempenho de junho, pelos dados preliminares, foi semelhante, como destaca Sérgio Luiz Ribas, diretor da ABPO.
“Assistimos a uma certa estabilidade. É sinal de que paramos de cavar buracos”, afirma. Por trás das estatísticas que as associações das empresas do setor de embalagens tentam entender está um determinado consenso sobre a mudança de cenário no qual as fábricas brasileiras estão produzindo. Para Antônio Eduardo Baggio, presidente do Sinpapel, não há dúvida de que as perspectivas são melhores do que se mostravam seis meses atrás. “Os movimentos que têm sido indicados pelo novo ministro da Fazenda (Henrique Meirelles), o presidente do Banco Central (Ilan Goldfajn) e o ministro José Serra geram avaliações muito positivas”, garante.
MAIS ÂNIMO Embora com o cuidado de não cravar a palavra recuperação para definir o momento atual, o diretor da ABPO Sérgio Ribas concorda com Baggio. “Há um pouco mais de ânimo na indústria com as mudanças no governo e medidas de política econômica que dão mais previsibilidade às empresas, mas é tudo muito incerto ainda”, observa. Segundo os últimos índices de confiança divulgados em maio pela CNI e a Fiemg, a indústria já enxerga uma luz no fim do túnel, avalia Annelise Fonseca, economista da Gerência de Estudos Econômicos da federação. Embora ainda esteja em terreno negativo, a confiança da indústria cresceu 4,4 pontos, chegando a 43,5 pontos em maio na pesquisa da CNI e subiu 5,5 pontos na da Fiemg em idêntico período, alcançando 43,1 pontos.
Para Annelise Fonseca, um indicador de que as nuvens escuras sobre a indústria estão se dissipando é o crescimento das horas trabalhadas de janeiro a maio em segmentos que são grandes contratantes de embalagens. Na indústria de alimentos, houve aumento de 2,4%; na de bebidas, de 2,9%, e nas fábricas de couro e calçados, de 4,7%. Os números merecem toda atenção, uma vez que, como lembra Antônio Eduardo Baggio, do Sinpapel, as encomendas feitas no segundo semestre representam de 55% a 65% das vendas anuais do setor de embalagens.
Se mais papel, papelão, material plástico e vidro forem demandados neste segundo semestre, significa que as engrenagens da indústria já podem ter passado pelo fundo do poço. Período tradicionalmente mais aquecido para a produção industrial em razão das encomendas do Natal, os próximos meses contribuem por si só para a virada de expectativas dos fabricantes de embalagens, mesclados à elevação dos níveis de confiança da indústria medidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Os dados mais recentes sobre o comportamento do setor de embalagens de janeiro a abril, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam um freio na retração do volume que saiu das fábricas (veja quadro). A produção acumulada no primeiro quadrimestre caiu 7% em média, frente a idênticos meses de 2015, ante reduções de 7,8% de janeiro a março e de 7,5% no primeiro bimestre. Os indicadores apurados pela Fiemg mostram aumento de 1,3% das horas trabalhadas de janeiro a maio, um bom sinal, apesar de o faturamento ter ficado 1,6% abaixo do verificado nos mesmos meses do ano passado, ainda assim, uma queda bem inferior aos 3,1% negativos verificados de janeiro a março último. Os dados devem ser vistos, de fato, com reservas, uma vez que a pesquisa da Fiemg inclui no resultado da produção de papel e papelão o desempenho da indústria de celulose, grande exportadora.
Realista, mas confiante num cenário de recuperação da economia mais curto do que imaginou, o industrial Antônio Eduardo Baggio, presidente do Sindicato da Indústria de Celulose, Papel e Papelão de Minas Gerais (Sinpapel), acredita que setembro já vá indicar como a indústria fechará o ano. “O caminho é de recuperação, mas retomada da economia só virá com três a quatro anos de políticas corretas”, afirma. Para quem acha que a reação é pouco, Baggio, que é dono da fabricante Imballaggio, de Lagoa Santa, na Grande Belo Horizonte, define sem rodeios a atual situação das fábricas: “Está de pé quem ficou vivo”, afirma.
Sensação é de melhoria
O sentimento dos fabricantes de embalagens é de que “o pior já passou”. A impressão é da diretora-executiva da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), Luciana Pellegrino. As encomendas de maio e junho observadas pela Associação Brasileira de Papel Ondulado (ABPO) seguem na mesma toada. A expedição das fábricas em tonelagem ganhou mais fôlego, tendo caído 0,32% em maio frente a esse mês de 2015, ou seja, perderam por menos de 1 mil toneladas de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado em volume que deixou as linhas de produção, e o desempenho de junho, pelos dados preliminares, foi semelhante, como destaca Sérgio Luiz Ribas, diretor da ABPO.
“Assistimos a uma certa estabilidade. É sinal de que paramos de cavar buracos”, afirma. Por trás das estatísticas que as associações das empresas do setor de embalagens tentam entender está um determinado consenso sobre a mudança de cenário no qual as fábricas brasileiras estão produzindo. Para Antônio Eduardo Baggio, presidente do Sinpapel, não há dúvida de que as perspectivas são melhores do que se mostravam seis meses atrás. “Os movimentos que têm sido indicados pelo novo ministro da Fazenda (Henrique Meirelles), o presidente do Banco Central (Ilan Goldfajn) e o ministro José Serra geram avaliações muito positivas”, garante.
MAIS ÂNIMO Embora com o cuidado de não cravar a palavra recuperação para definir o momento atual, o diretor da ABPO Sérgio Ribas concorda com Baggio. “Há um pouco mais de ânimo na indústria com as mudanças no governo e medidas de política econômica que dão mais previsibilidade às empresas, mas é tudo muito incerto ainda”, observa. Segundo os últimos índices de confiança divulgados em maio pela CNI e a Fiemg, a indústria já enxerga uma luz no fim do túnel, avalia Annelise Fonseca, economista da Gerência de Estudos Econômicos da federação. Embora ainda esteja em terreno negativo, a confiança da indústria cresceu 4,4 pontos, chegando a 43,5 pontos em maio na pesquisa da CNI e subiu 5,5 pontos na da Fiemg em idêntico período, alcançando 43,1 pontos.
Para Annelise Fonseca, um indicador de que as nuvens escuras sobre a indústria estão se dissipando é o crescimento das horas trabalhadas de janeiro a maio em segmentos que são grandes contratantes de embalagens. Na indústria de alimentos, houve aumento de 2,4%; na de bebidas, de 2,9%, e nas fábricas de couro e calçados, de 4,7%. Os números merecem toda atenção, uma vez que, como lembra Antônio Eduardo Baggio, do Sinpapel, as encomendas feitas no segundo semestre representam de 55% a 65% das vendas anuais do setor de embalagens.