A confirmação da fusão entre as companhias de ensino Kroton e Estácio, comunicada na tarde de ontem em Belo Horizonte, bate o martelo na formação do maior grupo de educação do país. Os acionistas das duas empresas deram o seu aval à operação por unanimidade, em assembleias extraordinárias. A fusão foi aprovada depois de a Kroton elevar sua oferta pela Estácio incluindo o pagamento de R$ 420 milhões em distribuição de dividendos aos atuais acionistas da vice-líder do mercado. A Estácio vinha sendo disputada também pelo grupo Ser, líder do setor no Nordeste.
A operação está avaliada em R$ 5,5 bilhões e sua concretização ainda está condicionada à análise prévia e validação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Kroton vem aumentado sua participação no mercado de forma rápida e constante. Em 2013, em uma operação envolvendo ações avaliadas em cerca de R$ 5 bilhões, o grupo – que nasceu em Minas há quase 50 anos, com a rede Pitágoras –, incorporou a Anhanguera Educacional. A fusão criou um gigante da educação superior, que agora se torna um dos maiores do mundo. O grupo tem cerca de 1 milhão de alunos e a Estácio, 588 mil.
Com operações concentradas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o grupo Kroton mantém a liderança do setor. Em Minas, atua na capital e no interior. No ensino superior, são oferecidos cursos de graduação e pós-graduação nos formatos presencial e a distância. Na educação básica, a Kroton atua com a Rede Pitágoras, uma área de negócio que fornece sistemas de ensino a 245 mil alunos, de 713 escolas associadas, em todo o Brasil, compreendendo material didático, treinamento, avaliação e tecnologia educacional.
No ensino superior, são cerca de 1 milhão de alunos matriculados nas 130 unidades do grupo e mais de 726 polos de educação a distância nas instituições Anhanguera, Fama, Pitágoras, Uniasselvi, Unic, Uniderp, Unime, Unirondon e Unopar. Com a marca LFG, atua no segmento de cursos preparatórios para concursos públicos e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Os acionistas aprovaram por unanimidade a fusão nos termos do protocolo de combinação de negócios que já havia sido divulgado. A base da transação é uma permuta de ações, com a relação de troca em 1,281 ação da Kroton para cada papel da Estácio.
Em decorrência da operação, os acionistas da Kroton autorizaram o aumento do capital social no valor de R$ 5.136.669.880,52. A assembleia contou com acionistas representando mais de 69,5% do capital social votante da Kroton. Os sócios da Estácio também aprovaram por unanimidade o protocolo de combinação de ações. Foi aprovada ainda a dispensa da realização, pela Kroton, de oferta pública de ações.
CONCENTRAÇÃO
Em junho, a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) apresentou medida no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra o interesse pela fusão. A OAB argumentou que a operação traria concentração econômica ilegal, superior a 30%, quando o limite estabelecido pelo Cade é de 20%. (Com agências)