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Estado de Minas

Crise força queda de preços em depósitos de materiais de construção de BH

Aperto financeiro adia reforma da casa, provocando redução de até 36% nas tabelas praticadas pelo comércio. Indústria amargou tombo de 5,9% da receita em agosto


postado em 27/09/2016 06:00 / atualizado em 27/09/2016 07:43


A soma da paralisia do mercado da construção e do orçamento cada vez mais apertado das famílias resultou em queda dos preços dos principais materiais de construção e reforma na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Levantamento feito pelo site especializado em pesquisas Mercado Mineiro, entre os dias 19 e 23, e divulgada ontem, mostra redução nos valores de diversos itens do ramo em comparação com janeiro último. A telha de amianto que custava R$ 22,88 pode ser encontrada a R$ 14,61, ou seja, está 36,15% mais barata. O preço médio do saco de 50 quilos de cimento Holcim passou de R$ 22,90 para R$ 16,90, recuo de 26,20% (veja arte). Para comerciantes ouvidos pelo Estado de Minas, a diminuição dos preços é reflexo da pouca demanda pelos produtos e de um mercado ainda estagnado.

Realizada em 27 estabelecimentos da capital e região metropolitana, a pesquisa cotou os preços de 65 produtos e comparou os valores praticados neste mês àqueles encontrados em janeiro. “A construção civil viveu um momento espetacular nos anos de 2011, 2012 e 2013 e, com a crise na economia brasileira, enfrenta agora um cenário de retração”, comenta o diretor-executivo do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. Ele destaca que, com as grandes obras paralisadas e a população economizando o que pode, houve uma queda nos preços de itens fundamentais da construção civil por causa da baixa demanda.

“Observamos que os produtos que mais sofreram redução foram aqueles que são essenciais, como o cimento. E isso é um sinal de que há mais oferta do que demanda”, afirma. A Associação Brasileira da Indústria dos Materiais de Construção apurou que o faturamento deflacionado das indústrias de materiais de construção teve queda de 5,9% em agosto, ante o mesmo período de 2015. No acumulado de janeiro a agosto deste ano, em relação a idênticos meses do ano passado, a variação também foi de queda de 12,5%. Já no resultado acumulado dos últimos 12 meses, houve um tombo de 14,5%. “Com a crise econômica, tivemos uma redução de 30% nas vendas. Além disso, o mercado está estagnado”, comenta o vendedor da Master Materiais, Miro Andrade.

Atualmente, na loja Master, o custo do cimento Cauê para o consumidor baixou de R$ 23 para R$ 20 o saco de 50 quilos. A despeito do desconto oferecido ao consumidor, o comércio do produto não é o mesmo de antigamente. “Antes, comprávamos 160 sacos de 50kg cada por mês, hoje, são 80”, diz, comentando que as pessoas estão deixando de fazer reformas e optando pela manutenção da casa. “Argamassa, por exemplo, pedíamos com 15 dias de antecedência. Hoje, as distribuidoras entregam no mesmo dia do pedido”, comenta.

OPORTUNIDADE
Na Obradec Materiais, o saco de 50kg de cimento Cauê está custando R$ 17,50. “São preços que foram cobrados de clientes que pagaram por obras feitas há cinco anos. Ou seja, voltamos aos valores de venda”, comenta o diretor da empresa, Rui Fidelis Júnior. Segundo ele, o tubo de PVC foi outro item que ficou mais barato em 10%. “O mercado está começando a melhorar. Estava em queda e, há 90 dias, estabilizou”, afirma Júnior, acrescentando que, com a crise econômica, o negócio sofreu retração de até 40%. “Com o cenário político mais definido, acreditamos em melhora. Por isso, com os preços mais baixos, é uma boa hora para o consumidor comprar, aproveitar a oportunidade e construir”, afirma.

Feliciano Abreu, do site Mercado Mineiro, também defende que o momento é de oportunidade para o consumidor que pretende construir ou reformar sua casa. “Com a proximidade do fim de ano, há o 13º salário e as pessoas querem arrumar onde moram, porém, só faça isso se tiver a quantia prevista. Não vale a pena fazer empréstimos”, aconselha. Outra dica de Abreu para o consumidor é pesquisar. De acordo com o levantamento de preços, é possível encontrar variação de preços de até 233,33% para o mesmo material de construção em diferentes estabelecimentos.

A pesquisa aponta que os preços do pacote de um 1kg de cimento branco vão de R$ 1,50 a R$ 5, campeões da disparidade na Grande BH. A segunda maior variação encontrada foi de 220,54% no valor da tinta Latex de 18 litros, sendo o menor preço encontrado de R$ 49,90 e o maior, R$ 159,95. “O consumidor não pode comprar no primeiro local, tem que pesquisar”.

MÃO DE OBRA
De acordo com Índice Nacional da Construção Civil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o custo nacional da construção por metro quadrado fechou em R$ 1.009,76 em julho e, em agosto, passou para R$ 1.012,16. Desse custo, R$ 527 se referem aos materiais e R$ 484,33 aos gastos com mão de obra. Segundo o instituto, a parcela dos materiais apresentou, em agosto, queda de 0,03% pelo segundo mês consecutivo, depois de ter caído 0,11% em julho. Já a mão de obra apresentou variação positiva de 0, 53% e ficou próxima ao percentual registrado no mês anterior (0.54%).

 


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