Prestes a completar 59 anos de participação acionária na Usiminas, o conglomerado siderúrgico Nippon Steel não cogita deixar a companhia ou fatiá-la como solução para encerrar a briga judicial com seu principal sócio, o ítalo-argentino Ternium/Techint.
O foco de ação definido pela Nippon, segundo Hironobu Nose, é encontrar o entendimento. “Não temos a intenção de conversar sobre separação e não estamos conversando sobre cisão da Usiminas”, repetiu várias vezes durante a entrevista.
O impasse que se arrasta não só compromete a gestão da companhia, como também requer acordo para que não haja impacto futuro no programa de reestruturação financeira da siderúrgica, admitiu o presidente da Nippon.
A Usiminas renegociou dívidas com bancos no ano passado e foi capitalizada em R$ 1 bilhão. A proposta na qual o grupo japonês insiste é de alternância de poder com sua sócia e foi recusada pela Ternium.
A Nippon se propôs a abrir mão da presidência executiva da siderúrgica, hoje nas mãos de Rômel Erwin de Souza, seu indicado, em favor do vice-presidente Comercial, Sérgio Leite, indicado da Ternium. Ao mesmo tempo, pela proposta, Rômel seria conduzido à presidência do Conselho de Administração.
As duas principais vagas seriam, então, ocupadas pela regra de alternância. Cada acionista indicaria um dos executivos por mandato estabelecido. A solução, já recusada pela Ternium, segundo a Nippon, seria a solução para a divergência básica entre os acionistas, na visão de Nose.
Cláusula do acordo de acionistas firmado pelas duas empresas prevê consenso na escolha dos presidentes executivo e do Conselho de Administração. “Não seria o caso de tirar a cláusula do acordo. Uma vez solucionando a indicação dos executivos, acreditamos que esta é a principal desavença”, afirmou o presidente do grupo japonês no Brasil.
A Nippon, por sua vez, rejeita firmemente a proposta feita pela Ternium no fim do ano passado de inserir no acordo de acionistas a chamada cláusula de saída. O mecanismo prevê, em caso de não haver consenso, que a empresa disposta a pagar mais pelas ações do outro acionista faça a aquisição.
Para a Nippon, de acordo com Nose, a fórmula prejudicaria a companhia, tendo em vista que além de levar à venda das ações a preços acima do valor de mercado da siderúrgica mineira, exigiria medidas imediatas da empresa para recuperar o capital nela investido, as quais poderiam levar a uma drástica redução de custos, envolvendo desemprego e grande sacrifício num Brasil em crise.