São Paulo, 31 - O setor de shopping centers deve ter alta de 5,0% no faturamento em 2017, o que representa um possível crescimento real positivo, isto é, acima da inflação prevista para o ano, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). No ano passado, o crescimento foi de 4,3%, uma queda real, já que a inflação medida pelo IPCA foi de 6,3%
"O resultado de 2016 está longe de ser maravilhoso, mas foi sólido, com crescimento de vendas, número de lojas e empregos", avaliou o presidente da Abrasce, Glauco Humai.
Ele comentou que o impeachment da presidente Dilma Rousseff contribuiu para um "maior conforto do mercado", proporcionando maior previsibilidade sobre os rumos políticos e econômicos do País, o que favoreceu a realização de investimentos. "O setor de shoppings queria que o imbróglio político que estrangulava o País terminasse", observou
Humai avaliou que o pior momento da economia já ficou para trás, embora algumas variáveis ainda possam gerar novas turbulências, como os desdobramentos da operação Lava Jato, as medidas de ajuste fiscal que aguardam aprovação no Congresso, e decisões tomadas pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos.
Ainda assim, a expectativa é que haja crescimento no nível de confiança de empresários e consumidores neste ano. "Não estamos otimistas para 2017, mas sim realistas, considerando uma evolução do cenário desde 2016 para cá. O ano de 2017 deve ser mais tranquilo."
Investimentos
A indústria de shopping centers deve movimentar R$ 16 bilhões em investimentos neste ano, direcionados para novos empreendimentos, ampliação de unidades já em operação, além de reformas e manutenção das unidades, de acordo com estimativa da Abrasce.
Caso se confirme, o investimento em 2017 será o dobro de 2016, quando os aportes das empresas foram de R$ 8,0 bilhões. Em 2015, foram R$ 6,8 bilhões. No ano passado, a associação esperava que os investimentos totalizassem R$ 15 bilhões, mas o patamar não foi alcançado devido à postergação na abertura de novos shoppings. A associação previa a inauguração de 30 unidades, mas apenas 20 foram abertas.
O presidente da Abrasce afirmou que muitos projetos foram adiados, principalmente, devido à crise. "Com a recessão da economia e as incertezas sobre os rumos do País, quem pôde adiou a inauguração", ressaltou o executivo, em conversa com o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Outro fator para as postergações foram as dificuldades burocráticas associadas à liberação de licenças para obras e operação, um fator de atrasos considerado recorrente no setor.
Humai disse também que outro gargalo da indústria de shopping centers é o varejo. "Há muitas poucas marcas e lojas no País", disse, referindo-se à dificuldade de encontrar lojistas para ocupar os empreendimentos. "A maioria dos grupos é pequeno e não consegue investir."
Para este ano, a Abrasce espera a abertura de 30 shoppings. Segundo a superintendente da Abrasce, Adriana Colloca, há grande confiança de que o número previsto se concretize. "Dos 30 shoppings previstos, todos já têm obras em andamento e 20 têm data já marcada para a abertura", observou.
Renegociações
O presidente da Abrasce disse esperar que as renegociações de contratos e valores de locação entre os donos de shoppings e os lojistas inadimplentes se arrastem ao longo do primeiro semestre. A perspectiva é de que só haja redução nesse movimento a partir do terceiro trimestre. "Isso depende de uma melhora do quadro nacional. Se as medidas de ajuste fiscal atrasarem ou a Lava Jato implicar em consequências mais sérias para o quadro político, a melhora da economia e do varejo vai demorar ainda mais."