Enquanto o varejo convencional amargou retração no ano passado, o comércio virtual surfou no caminho contrário. E em Minas Gerais não foi diferente. O varejo eletrônico faturou R$ 44,4 bilhões no país, em 2016. O estado movimentou R$ 4,8 bilhões, o que representou 10,8% do total nacional e 19,05% do registrado pela Região Sudeste. O crescimento no Brasil, frente ao registrado em 2015, foi de 7,4%.
Os dados são do relatório Webshoppers, produzido pela Ebit, empresa referência em informações sobre o e-commerce brasileiro. E apontam para um cenário bem diferente do registrado para o varejo total, que registrou queda de 6,2% no ano passado, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Tivemos uma notícia positiva em meio a tantas ruins”, afirma o presidente-executivo do Ebit, Pedro Guasti. De acordo com ele, as expectativas para o comércio eletrônico são ainda melhores: a previsão é de crescimento da ordem de 12%.
A explicação para a ampliação das compras pela internet por mineiros e brasileiros é sustentada por pilares diferentes. O primeiro é o aumento na base de pessoas conectadas. Com mais gente acessando a internet, aumenta o acesso às lojas virtuais. Segundo o relatório, o número de e-consumidores ativos cresceu 22% na comparação com 2015, de 39,14 milhões para 47,93 milhões.
A popularização dos smartphones no Brasil é outro fenômeno que alavanca os resultados do e-commerce. “Tem mais cidades com 3G e 4G”, observa Guasti. Com isso, o volume de compras feitas por esses aparelhos passou de 12,5%, no total de 2015, para 21,5% das transações de 2016. Por fim, segundo Guasti, a “crise econômica estimula a procura por melhores preços”.
A proprietária da loja Dear B., Martha Ramos, tem comemorado os resultados das vendas pelo site, que oferece biquínis e outros acessórios de moda praia, além de vestidos de festa. Sua loja física tem sete anos e há três anos ela optou por também vender pela internet. “O número de pedidos pelo site quase dobrou nos últimos tempos”, observa, apesar de ainda registrar mais negócios feitos pessoalmente. Ela, que também tem páginas no Instagram e Facebook, que servem como “boas vitrines”, considera o fato de conquistar clientela de outros estados, como Mato Grosso e Amazonas, como grandes trunfos. “E é uma loja que trabalha sozinha enquanto estamos dormindo. Acordo e já vejo os pedidos”, conta. Martha também é uma consumidora virtual. “É fácil pesquisar os preços e oferece muita comodidade”, observa.
De acordo com a assessora econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, Juliana Serapio, a justificativa para o forte crescimento do e-commerce está na base de clientes. “O espaço que o comércio eletrônico ocupa ainda é muito pequeno na comparação com o varejo convencional”, explica. Segundo ela, apenas cerca de 5% do faturamento do varejo total é representado pelo on-line. Tal cenário também justifica o grande potencial de crescimento que ainda há no Brasil para as vendas pela internet.