Campos de Jordão, 26 - A recuperação da economia brasileira já está em curso e só não é mais rápida porque a recessão sofrida pelo País foi a mais severa de sua história, afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, neste sábado, 26, em discurso no Congresso Internacional de Mercados Financeiros e de Capitais, organizado pela B3. "Tivemos a recessão mais longa e profunda de sua história desde que o Produto Interno Bruto (PIB) começou a ser medido, maior do que a depressão de 1930 e 1931", ressaltou.
Meirelles disse que, ao contrário de outras crises, muito mais curtas, agora o Brasil precisa passar por um processo de reconstrução da economia. "Em 2009, havia 400 pedidos de recuperação judicial, hoje são quatro mil", afirmou.
No entanto, disse, vários setores industriais estão mostrando recuperação e citou, por exemplo, melhoras as áreas de informática, equipamentos e têxteis, por exemplo.
Depois de as empresas passarem por um período de muita dificuldade, as companhias passam, agora, por um processo de desalavancagem, após um pico de endividamento em 2016. Os juros bancários estão em processo de queda, destacou, assim como o spread bancário. "Temos um avanço muito sólido, gradual e importante", disse, citando que o desemprego reverteu processo de alta.
PIB
O PIB no Brasil no quarto trimestre de 2017 deverá crescer 3,2% em relação aos três meses imediatamente anteriores e subir 2,0% quando comparado com quarto trimestre de 2016, segundo estimou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
"O Brasil entrará em 2018 com ritmo de crescimento forte", afirmou. Meirelles ainda reiterou a estimativa de que o PIB deverá crescer 0,5% neste ano.
Pontos vencidos
O ministro da Fazenda disse que há cada vez menos pontos a serem vencidos na economia. "Há algum tempo, tinha algum ceticismo que iríamos aprovar, por exemplo, o teto dos gastos", comentou. Outra questão vencida, destacou, foi a aprovação da reforma trabalhista.
"Estamos caminhando, e há sinais importantes de recuperação. A trajetória é de recuperação e confiança", afirmou. Segundo ele, os eventos no mês de maio trouxeram alguma incerteza sobre a forma que eles afetariam a economia. Os juros longos, após uma piora aguda, voltaram a cair, observou. Meirelles disse ainda que trajetória semelhante pode ser observada no Ibovespa e no CDS.
Na indústria, destacou ministro, já começa a ser observada melhora setorial. "A economia brasileira está voltando ao normal", afirmou.
PPI
Segundo Meirelles, o governo está trabalhando para que o programa de financiamento de investimentos seja atrativo para os investidores e que conte, dessa forma, com o financiamento dos bancos privados. "A taxa de retorno será determinada pelo mercado, o retorno será determinado na disputa e o concessionário buscará financiamento no mercado", disse.
Meirelles citou que o PPI é um programa muito sólido, com a participação de vários ministérios. "A formatação dos projetos do PPI é a parte mais demorada, depois vai ser rápido", afirmou.
O ministro disse que as reformas microeconômicas criarão ambiente favorável aos negócios. Entre tais medidas, o ministro lembrou que o texto final da Medida Provisória que regulamentará os distratos já está na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). "A questão do distrato precisa ser resolvida para as empresas voltarem a trabalhar", afirmou.
(Fernanda Guimarães e Altamiro Silva Junior, enviados especiais)